quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

MARAHÃO, NOSSA TERRA, NOSSA GENTE

ABERTURA: BUMBA MEU BOI

Mayana Rodigues, Maria de Fátima Rodrigues, Letícia Torres, Isa Amorim, Hellem Morais, Juliana Ribeiro, Jefferson Lima

Elegias de maio

(Bernardo de Almeida)

II

Mônica Cunha

E é maio quando a tua indiferença,

num canto fácil, lento, vem do fundo

das sombras do silêncio do teu mundo

de uma piedade e uma amargura imensa.

Mylena Gomes

E inquieta as tuas mãos, move os teus passos,

a gestos e a caminhos imprecisos,

os lábios esboçando estranhos risos,

corpo a reclamar ocultos braços.

Mônica Cunha

E longo, lento, o canto transfigura

a tua imagem triste em escultura

talhada em pedra, ausência, sombra, sono.

Mylena Gomes

E maio é quando um instante nos esqueces,

para reflorescê-lo em tuas preces

— rosa de primavera não, de outono.

CRUEL

(Vespasiano Ramos)

Jéssica Sousa

Ah, se as dores que eu sinto ela sentisse,

se as lágrimas que eu choro ela chorasse;

talvez nunca um momento me negasse

tudo que eu desejasse e lhe pedisse!

Jéssica Santos

Talvez a todo instante consentisse

minha boca beijar a sua face,

se o caminho que eu tomo ela tomasse,

se o calvário que eu subo ela subisse!

Jéssica Sousa

Se o desejo que eu tenho ela tivesse,

se os meus sonhos de amor ela sonhasse,

aos meus rogos talvez não se opusesse!

Jéssica Santos

Talvez nunca negasse o que eu pedisse,

se as lágrimas que eu choro ela chorasse

e se as dores que eu sinto ela sentisse! . . .

O Amor que Merece

Zeca Baleiro

Rayane Lobo

O meu amor me diverte quando chama
Diz que me ama

Raylane Oliveira
Depois não dá a mínima e desaparece

O meu amor me entristece

Rayane Lobo
Cria expectativa
Mas não liga

Raylane Oliveira
Me convida em seguida me esquece

Mas como ele mesmo diz

Rayane Lobo e Raylane Oliveira
Cada um tem o amor que merece
Não reclama
Cada um só tem o amor que merece

DEUS É BRASILEIRO

ABERTURA: FAZ UM MILAGRE EM MIM

Quézia Coelho, Aryanne Façanha, Bonne Lima e Rackel Arrais

Senhor, eu não sou digno

(Vinícius de Moraes)

Quézia Coelho

Para que cantarei nas montanhas sem eco
As minhas louvações?
A tristeza de não poder atingir o infinito
Embargará de lágrimas a minha voz.
Para que entoarei o salmo harmonioso
Se tenho na alma um de-profundis?

Aryane Façanha
Minha voz jamais será clara como a voz das crianças
Minha voz tem as inflexões dos brados de martírio
Minha voz enrouqueceu no desespero...
Para que cantarei
Se em vez de belos cânticos serenos
A solidão escutará gemidos?

Quézia Coelho
Antes ir. Ir pelas montanhas sem eco
Pelas montanhas sem caminho

Aryanne Façanha
Onde a voz fraca não irá.
Antes ir – e abafar as louvações no peito
Ir vazio de cantos pela vida


Quézia Coelho e Aryanne Façanha

Ir pelas montanhas sem eco e sem caminho, pelo silêncio
Como o silêncio que caminha...

Senhor meu Deus

Ed Wilson

Bonne Lima

Senhor meu Deus
Tenho lutado muito pra sobreviver
Pois nesta vida tem barreiras pra valer
Estou aqui
Escalando a montanha do viver
E angustiado eu terei que vencer

Rackel Arrais

E angustiado
O meu coração se encontra na pior
Pai me socorre, pois eu vivo aqui tão só
Preciso muito de tua paz aqui em mim

Bonne Lima
Agora eu sei
Que meus amigos não me podem ajudar
Pois nessa vida meu tormento é singular
Só tu Jesus podes minha vida transformar

Rackel Arrais

Quero sentir
O teu amor sublime no meu coração
E tua paz perfeita vinda de tuas mãos

Bonne Lima

E que eu possa
Sentir a tua mão na minha mão
E que eu possa descrever o amor de então
Como num lindo rio onde tudo é paz
Tudo é paz

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011


PARTE 4

BAHIA DE TODOS OS SANTOS

Cor: Vermelha

Abertura: Deusa dos Orixás

(Lutilla Holanda, Victor Bezerra e Jeffeson Lima)

ERICKSON CARVALHO e SUELLEN FERREIRA

PRIMEIRO AMOR ORIXÁ

(Wellington Ferreira Machado)

Erickson
Fruto da aliança
No nascer da esperança
Inocência, leveza no sorriso da criança
Hino da graça e da confiança
Prazer do viver
Fantasia, motivo, razão e mais querer

Suellen
Mais emoção, opinião
Dualidade reluzente do amor ao nascer
Numa só pátria ao se crescer
Firmar da ilha, sagrada família na casa união
Esse cenário de conquistas
O ser artista, alegre semente

Erickson
Adolescente,
Primeiro amor
Em muitos sonhos a conquistar
As aventuras do querer, poder e estar
Em artes, o prazer, belo sentimento a se ficar
No alcançar da liberdade

Suellen
Serena vaidade,
O ser mais feliz
No entardecer da imaturidade
Namoro amizade,
Universo, aprendiz
A trabalhar, fartura levar, lutar por vencer
O desenvolver da sabedoria

Erickson e Suelen
Encanto, magia, a cultivar e a se inspirar

Erickson
No dom da vida
Em mais história, pra mais lição
Príncipe encantado é mais amado é mais paixão
O cheiro e verdade, felicidade e proteção
Sensualidade na expressão
O filho se transforma em pai

Suellen
Simplicidade, é mais irmão
Variação de sentimentos
Numa passagem, consagração
Para o ser mãe, não tem defeitos
Sua benção o seu perdão

Erickson
Jóia, vive-se contente
Adolescente,

Suellen e Erickson
Primeiro amor
A se amar Logun ô Akofá

Antônio Rubens, Rayson Guedes, Matheus Roxo, Wallisson Rocha, Daniel Coêlho, Deyavilas Dias (EAVA Fênix), Maryanna Nunes, Jéssica Rodrigues, Augusto Lacerda (CAMISA DO PROJETO e CALÇA BRANCA DE CAPOEIRA.

QUANDO EU VENHO DE LUANDA

(Tony Vargas)

TODOS

Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só (2x)

ANTÔNIO RUBENS
Trago o meu corpo cansado
Coração amargurado
Saudade de fazer dó

TODOS
Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só (2x)

Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só (2x)

RAYSON GUEDES
Eu fui preso à traição
Trazido na covardia
Que se fosse luta honesta, ô iaiá
De lá ninguém me trazia

TODOS
Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só (2x)

Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só (2x)

MATHEUS ROXO
Trago doendo nas costas
Todo o peso da maldade
Trago ecoando no peito
Um grito de liberdade
Liberdade eu quero agora
Se eu quero não vai tardar
Liberdade é esperança
Na força dos orixás

TODOS
Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só (2x)

Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só (2x)

WALLISSN ROCHA
Trago no meu peito a noite
Na mata brilha o luar
Na minha alma eu pressinto
Energia de Oxalá
Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só (2x)

DANIEL COELHO
Trago as marcas das carícias
E corpo de açoite
Na boca brilhando a lua
Na pele brilhando a noite

TODOS
Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só (2x)

Quando eu venho de Luanda, eu
Não venho só (2x)

AUGUSTO LACEDA
Trago as penas da saudade
Da terra que lá deixei
Se a tristeza vem marcada
Da mulher que lá larguei
Trago as penas da saudade
De tudo que deixei por lá

TODOS
E pulsando forte nas veias
O sangue dos orixás

EDUARDO ANDRADE e ANDREZZA DAMASCENO

ADORMECIDA

(Castro Alves)

Eduardo Andrade

Uma noite, eu me lembro... Ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.

Andrezza Damasceno
'Stava aberta a janela. Um cheiro agreste
Exalavam as silvas da campina...
E ao longe, num pedaço do horizonte,
Via-se a noite plácida e divina.

Eduardo Andrade
De um jasmineiro os galhos encurvados,
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras,
Iam na face trêmulos — beijá-la.

Eduardo Andrade
Era um quadro celeste!... A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...

Andrezza Damasceno
Dir-se-ia que naquele doce instante
Brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes,
Fazia-lhe ondear as negras tranças!

Andrezza Damaceno
E o ramo ora chegava ora afastava-se...
Mas quando a via despeitada a meio,

Eduardo Andrade
P'ra não zangá-la... sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio...
Andrezza Damasceno
Eu, fitando esta cena, repetia
Naquela noite lânguida e sentida:

Eduado Andrade
"Ó flor! — tu és a virgem das campinas!
"Virgem! — tu és a flor da minha vida!..."

PARTE 5

SÃO PAULO, COMOÇÃO DE MINHA VIDA

Abertura: Máscara Negra

Ricardo Castro (Arlequim), Lorena Bastos (Colombina) e Amauri Santos (Pierrot), Ivan Duarte (Pantaleão), Igor Lobão (Pierrot Negro),

RICARDO CASTRO, IGOR LOBÃO e IVAN DUARTE

Inspiração

(Mário de Andrade)

IGOR LOBÃO

São Paulo! Comoção de minha vida...

Os meus amores são flores feitas de original...

Igor e Ivan

Arlequinal!... Traje de losangos... Cinza e ouro...

Ivan Duarte

Luz e bruma... Forno e inverno morno...

Elegâncias sutis sem escândalos, sem ciúmes...

Igor Lobão

Perfumes de Paris... Arys!

Bofetadas líricas no Trianon... Algodoal!...

Igor e Ivan

São Paulo! Comoção de minha vida...

Galicismo a berrar nos desertos da América!

AMAURI LIMA, LORENA BORGES e RICARDO CASTRO

As Máscaras

(Menotti del Picchia)

ARLEQUIM

(Para Colombina)

O ardor do meu desejo,
a glória de arrancar dos seus lábios um beijo,

a volúpia infernal dos seus olhos
devassos, o prazer de a estreitar , nervoso, nos meus braços,

PIERROT

(Para Colombina e em seguida para Arlequim)

É tão doce sonhar!...

A vida , nesta terra, vale apenas, talvez, pelo sonho que encerra.

Ver vaga e espiritual, das cismas nos refolhos,

toda uma vida arder na tristeza de uns olhos;

não tocar a que se ama e deixar intangida

aquela que resume a nossa própria vida, eis o amor, Arlequim.

ARLEQUIM,

No meu lábio, no ardor desse beijo, que é todo um romance de amor!
No temor de pedi-lo e na glória de tê-lo...
No gozo de prová-lo e na dor de perdê-lo...
No contato desfeito e no rumor já mudo...
No prazer que passou...Nesse nada que é tudo:
O passado!... a lembrança... a saudade... o desejo...

PIERROT

Não! A todos os que amam!
Aos que têm esse dom de encontrar

a delícia na intenção da carícia e nunca na carícia...

Aos que sabem, como eu, ver que no céu reflete

a curva do crescente, um vulto de Pierrette...


COLOMBINA

(Para Alrlequim e Pierrot)

O teu beijo é tão doce, Arlequim...
O teu sonho é tão manso, Pierrô...

Pudesse eu repartir-me
encontrar minha calma
dando a Arlequim meu corpo...
e a Pierrô, minha alma!

Quando tenho Arlequim,
quero Pierrô tristonho,
pois um dá-me prazer,
o outro dá-me o sonho!

Nessa duplicidade o amor todo se encerra:
Um me fala do céu...outro fala da terra!

Eu amo, porque amar é variar
e , em verdade, toda razão do amor
está na variedade...

Penso que morreria o desejo da gente
se Arlequim e Pierrô fossem um ser somente.

Porque a história do amor
só pode se escrever assim:
Um sonho de Pierrô
E um beijo de Arlequim!


Parte 6

SERTÃO NORDESTINO, Ó XENTE!

Cor: Amarela

Abertura: Cordel Adolescente, Ó xente!

(Jéssica, Gabriela, Maryanna, Lígia, Larissa Azevedo, Larissa Nascimento, Lucas Marinho, Paulo, Eduardo, Francisco Torres)

EMÍLIA ANDRADE, PÂMELA MEDEIROS, MÔNICA CUNHA, SARA PEREIRA, MARY LIMA, BIATRIZ PROBO, JULYANA RIBEIRO, ANDRESSA TINÔCO, CAROLINE GONÇALVES, NAJRA OLIVEIRA, MYLENA GOMES

ESSE AMOR SERTANEJO

de Bernardino Matos
Fortaleza, 23/07/09


Emília Andrade

O amor do sertanejo,
nada tem de especial,
quanto ao foco universal,
nasce do mesmo desejo,
busca o mesmo bafejo,
procura a felicidade,
tem a mesma intensidade,
o mesmo calor humano,
aquele ar soberano,
de viver o mesmo ensejo.

Pâmela Medeiros
O que muda nesse amor,
é a rudez da vivência,
é a marca da carência,
é esse cerco da dor,
esse amargo corredor,
que tem ar de cemitério,
nesse clima deletério,
de fome e melancolia,
mas palco da ousadia,
que exige destemor.

Mônica Cunha
Esse amor é uma goteira,
por onde o carinho pinga,
e tal qual uma restinga,
serve de ponte ou esteira,
é uma planta rasteira,
que o orvalho emoldura,
enobrece a criatura,
que a caatinga embeleza,
e nela o matuto reza,
a prece mais verdadeira.

Sara Pereira
O camponês simplifica,
seu modo de declarar,
usa a força do olhar,
seu sorriso tudo explica,
seu respeito dignifica,
esse sentimento nobre,
seu vocabulário pobre,
vai direto ao assunto,
quem ama quer ficar junto,
quem ama jamais complica.

Mary Lima
O agora é o que importa,
basta um pequeno recanto,
para abrigar esse encanto,
um roçado, uma horta,
o plantio é a porta,
para um presente feliz,
com um suave matiz,
sem ter tanta sutileza,
o amor é a riqueza,
que só carinho comporta.

Biatriz Probo
O namoro é vivido,
no sol que queima a moleira,
no calor de uma roceira,
na tristeza do gemido,
do gado magro e sofrido,
que percorre a terra ardente,
à procura de uma vertente,
para a sede saciar,
um campo para pastar,
nas subidas sem esteira.

Mylena Gomes
Cada beijo carinhoso,
no rosto da sertaneja,
apesar da aspereza,
vem de um coração sedoso,
de alguém que sequioso,
expressa num cheiro ardente,
o amor que a alma sente,
e aquelas mãos calosas,
rudes e sequiosas,
falam de um ser generoso.

Julyana Ribeiro
Cada cova que a enxada,
abre de forma cadente,
pra receber a semente,
confiante na invernada,
e ao fim de cada jornada,
renasce a esperança,
revigora a confiança,
de um futuro buliçoso,
de um viver caloroso,
que aqueça a morada.

Pâmela Medeiros
No gingado do forró,
que num suave trejeito,
no coração abre um eito,
e o canto da curió,
vem desatar cada nó,
que comprime a garganta,

Emília Andrade
e a poeira que levanta,
emoldura esse cenário,
adocica esse calvário,
ele e ela são um só.

Andressa Tinôco
E assim cada manhã,
que clareia a caatinga,
que faz um gole de pinga,
ou o canto da acauã,
dizer que não será vã,
a busca de um futuro,
de um conviver mais seguro,
que nosso sertão rasteje,
que essa brisa bafeje,
essa caminhada sã.

Caroline Gonçalves
É esse amor forjado,
na força dessa labuta,
no calos dessa disputa,
é esse amor calejado,
de carinho esbanjado,
que devolve a dignidade,
a essa humanidade,
de tanta paz sequiosa,
que no brotar de uma rosa,
toda maldade refuta.

Najra Oliveira
Aqui não tem chá das quantas,
nem noivado preparado,
cada dia adiado,
cheio de promessas tantas,
de almoços e de jantas,
é a solidariedade,
a força da lealdade,
de um amor sem trambiques,
de carinhosos repiques,
de caminhadas tão santas.

Emília Andrade: Quisera que nosso amor,
Pâmela Medeiros:
tivesse essa pureza,
Mônica e Mylena:
que florisse na rudeza,
Sara Pereira:
de um camponês sofredor,
Mary Lima:
forte e batalhador,
Biatriz Probo:
sem promessas e floreios,
Juliana Ribeiro:
sem ciscados e rodeios,
Andressa Tinôco:
no sofrimento nascido,
Caroline Gonçalves
: na dignidade crescido,
TODAS:
de um eterno sonhador.