EMERGÊNCIAS TRAUMÁTICA
- Lesões traumáticas podem ser causadas por diversos fatores, incluindo acidentes de trânsito, quedas, agressões, lesões esportivas e ferimentos por arma de fogo.
- As lesões podem variar desde pequenas contusões até lesões graves como fraturas, traumatismos cranianos e sangramentos.
- O atendimento em emergências traumáticas requer uma avaliação rápida e completa do paciente, incluindo exame primário e secundário.
- O APH, ou primeiros socorros, é essencial para estabilizar o paciente antes de ser transferido para um centro médico.
- O atendimento imediato e qualificado pode ser crucial para salvar vidas e reduzir complicações, especialmente nos primeiros minutos após o trauma (a "hora de ouro").
- Em alguns casos, as emergências traumáticas podem causar trauma psicológico nas vítimas.
- Trauma: Um evento que causa danos físicos e/ou psicológicos.
- Emergência: Situação que exige atendimento imediato.
- Lesões Traumáticas: Danos físicos causados por trauma.
- Faculdade ITH: Oferece cursos sobre emergências traumáticas.
- Even3: Oferece materiais sobre avaliação e manejo de emergências traumáticas.
- Portal Saude Direta: Fornece informações sobre primeiros socorros em emergências traumáticas.
AULA 1
HEMORRAGIAS
Nesta aula, convidamos você a aprender sobre os procedimentos de primeiros socorros que devem ser realizados diante de emergências traumáticas envolvendo hemorragias, amputações traumáticas e traumas com objeto encravado.
Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que um funcionário de uma empresa sofreu um corte profundo no braço enquanto manuseava uma máquina. O corte causou uma hemorragia intensa e o funcionário está perdendo sangue rapidamente. Não há nenhum kit de primeiros socorros no local e nenhum dos colegas de trabalho sabe como estancar a hemorragia. A ambulância foi chamada, mas pode levar alguns minutos para chegar. O que fazer para evitar que o funcionário perca ainda mais sangue? Como agir até a chegada da ajuda médica?
Para entender como realizar esse atendimento inicial, não deixe de ler o conteúdo que preparamos para esta aula, além de acessar os materiais complementares para aprimorar seus conhecimentos!
O sistema circulatório é complexo, formado por três componentes principais: vasos sanguíneos, coração e sangue. É responsável por transportar nutrientes, oxigênio, dióxido de carbono e outros produtos metabólicos pelo corpo. Dentre os três componentes, o sangue representa cerca de 7 a 8% do peso corporal em adultos e contribui para a homeostasia, ao transportar oxigênio, dióxido de carbono, nutrientes e hormônios para dentro e para fora das células do corpo. Também é responsável por regular o pH, a temperatura corporal e o conteúdo de água das células, além de proteger contra perda sanguínea por meio da coagulação e contra doenças por meio de células de defesa.
Já o coração atua como uma bomba muscular que impulsiona o sangue rico em oxigênio para os tecidos e órgãos, e depois recebe o sangue pobre em oxigênio de volta para ser oxigenado novamente nos pulmões. Essa ação de bombeamento contínuo é essencial para garantir que todos os tecidos e órgãos recebam o suprimento adequado de oxigênio e nutrientes, e para remover os resíduos metabólicos do corpo.
Os vasos sanguíneos, por sua vez, formam um sistema fechado de tubos que possibilita homeostasia pelo fluxo sanguíneo através do coração, transportando o sangue pelo corpo para a troca de nutrientes e restos metabólicos nos tecidos, e retornando ao coração. Também participa do ajuste da velocidade e do volume de fluxo sanguíneo. Os tipos principais de vasos sanguíneos são as artérias, as arteríolas, os capilares, as vênulas e as veias.
As artérias são vasos sanguíneos que transportam grandes volumes de sangue oxigenado, com aspecto vermelho brilhante, do coração para outros órgãos. Possuem paredes musculares espessas e elásticas que ajudam a impulsionar o sangue sob pressão. As artérias se ramificam e se dividem em pequenas artérias, chamadas arteríolas, que, por sua vez, se ramificam em diversos vasos minúsculos chamados capilares.
Os vasos sanguíneos capilares são os menores e mais numerosos do corpo humano. São responsáveis por permitir a troca de nutrientes, oxigênio, dióxido de carbono e resíduos entre o sangue e os tecidos, pois suas paredes finas facilitam a difusão de substâncias entre o sangue e as células. Os capilares também conectam as artérias às veias e formam uma rede extensa que percorre todo o corpo. Assim, grupos de vasos capilares se unem para formar as vênulas, as quais se fundem para formar vasos sanguíneos progressivamente maiores: as veias.
Por fim, as veias são vasos sanguíneos que transportam sangue de volta dos tecidos do corpo para o coração. Elas têm paredes mais finas e menos elásticas do que as artérias, e seu transporte de sangue é geralmente em menor pressão. Contêm válvulas que ajudam a evitar que o sangue flua para trás, garantindo que ele continue em direção ao coração. Todas essas características dos vasos sanguíneos podem ser observadas na figura apresentada a seguir:
Figura 1 | Tipos de vasos sanguíneos. Fonte: Freepik.Hemorragia
Hemorragia é a perda de sangue de forma contínua e abundante, devido à ruptura de um vaso sanguíneo. Pode ser classificada como hemorragia interna ou externa, e ambas as situações requerem atenção imediata devido ao seu risco potencial.
A hemorragia interna é a perda de sangue que ocorre dentro do corpo, em órgãos, tecidos ou cavidades, e que não é visível externamente. Pode ser causada por lesões internas, ruptura de vasos sanguíneos ou condições médicas, e pode ser potencialmente perigosa devido à dificuldade de identificação e controle. Já a hemorragia externa consiste na perda de sangue que ocorre fora do corpo, geralmente visível devido a lesões, cortes ou ferimentos na pele. Além disso, as hemorragias podem envolver o rompimento de artérias, veias ou capilares. Para isso, o socorrista deve estar atento às seguintes características:
- Hemorragia arterial: sangramento vermelho vivo, em jatos, e se exterioriza em pulsos, a cada batimento cardíaco. A perda de sangue é rápida e abundante.
- Hemorragia venosa: sangramento uniforme e de cor escura; ocorre de forma linear.
- Hemorragia capilar: cor é vermelha, porém, menos viva que o sangue arterial, e o fluxo é lento.
Lembre-se de que o funcionamento adequado do organismo depende do suprimento adequado e ininterrupto de sangue. Nesse sentido, as hemorragias constituem risco à vida da vítima, especialmente quando a perda sanguínea é superior a 1 litro de sangue em adultos. Quando extensa, a hemorragia se manifesta através de sintomas de choque, como: pulso rápido e fraco; pele fria, palidez intensa; suor abundante; sede; náuseas e vômitos; sensação de frio e presença de tremores; respiração curta, rápida e irregular; tontura ou inconsciência; e mucosas descoradas.
Ainda, para analisar a severidade do sangramento, alguns fatores devem ser observados, como: a rapidez com que o sangue flui do vaso; o tamanho/calibre do vaso acometido; se o vaso é uma veia ou uma artéria; se a hemorragia é interna ou externa; de onde o sangramento se originou; a idade e o peso da vítima; suas condições gerais; e se o sangramento está apresentando uma ameaça às vias aéreas e à respiração.
Controle de hemorragias
A contenção de hemorragias é importante para evitar a perda excessiva de sangue, pois, caso contrário, pode apresentar consequências mais graves e até mesmo fatais. No entanto, antes mesmo de iniciar os primeiros socorros, o socorrista deve garantir a sua própria segurança ao utilizar de equipamentos de segurança, como luvas, por exemplo. Lembre-se de que o contato com o sangue pode expor o socorrista a riscos de infecção por doenças transmitidas pelo sangue, como HIV, hepatite B e C.
Em casos suspeitos de hemorragia interna, o socorrista deve acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), além de oferecer os seguintes cuidados: afrouxar as roupas da vítima; retirar prótese dentária, ou qualquer alimento ou objeto da boca dela; mantê-la aquecida; elevar os membros; monitorar o pulso e a respiração, não fornecer líquidos; permanecer com ela até a chegada do socorro especializado.
Em hemorragias fechadas, localizadas em extremidades ou couro cabeludo, e com presença de hematomas ou edemas, é possível a aplicação de compressas frias com gelo. No entanto, é importante lembrarmos que o gelo não deve ser colocado diretamente na pele da vítima, devido ao risco de lesões e queimaduras.
Já nas hemorragias externas, todos os cuidados são realizados com o objetivo de alcançar a homeostasia. Para isso, são realizadas algumas manobras para estancar o processo hemorrágico, como: pressão direta, curativo compressivo e torniquete.
A pressão direta consiste na compressão da área afetada com uma gaze, compressa ou pano limpo por um período médio de 10 minutos, que é um tempo estimado para que ocorra o processo de coagulação. Essa técnica também pode ser realizada utilizando uma gaze com solução hemostática para agilizar o processo de coagulação. Nesse caso, a compressão deve ser realizada conforme o tempo de ação do agente hemostático, em média de 3 a 5 minutos.
Em ambos os casos, o curativo deve ser mantido até que ocorra a coagulação, pois a interrupção precoce dessa manobra pode remover o coágulo recém-formado, reiniciando o sangramento. Além disso, a primeira camada de gaze ou pano limpo não deve ser retirada, mesmo diante de sujidade de sangue, para que o processo de coagulação não seja comprometido; dessa forma, é recomendado trocar apenas as demais camadas. Ainda, diante de uma hemorragia por rompimento de uma artéria, além da pressão direta, o socorrista também pode realizar a compressão sobre a artéria que irriga o membro afetado.
O curativo compressivo, por sua vez, deve ser realizado após a interrupção do sangramento por pressão direta. O socorrista pode realizar um curativo compressivo para manter a contenção do sangramento ao diminuir o fluxo sanguíneo. Esse curativo pode ser realizado com gaze e ataduras ou esparadrapos, mas não deve ser muito apertado a ponto de impedir totalmente o fluxo sanguíneo.
Outra forma de contenção de hemorragias é o uso do torniquete. É uma técnica utilizada quando a pressão direta não é suficiente para interromper o sangramento, sendo muito indicada em situações de amputações traumáticas e esmagamentos. Essas situações geralmente resultam em hemorragias exsanguinantes; nesses casos, o torniquete deve ser considerado como primeira opção.
Para a aplicação do torniquete, o socorrista deve orientar a vítima sobre a dor intensa que esse procedimento pode provocar. A seguir, deve escolher um local próximo à lesão que originou a hemorragia e aplicar um equipamento comercial ou improvisado, realizando compressão até a interrupção do sangramento. Em seguida, o horário em que foi aplicado deve ser registrado, pois esse procedimento pode ser realizado por um período máximo de até 120 a 150 minutos. Além disso, local deve ser mantido descoberto para que o socorrista consiga realizar observação direta, identificando possível recidiva da hemorragia. O torniquete não deve ser colocado em cima de articulações, pois não é efetivo.
Ao se deparar com uma vítima que apresenta sangramento, o socorrista deve observar as seguintes etapas:
- Determinar a origem do sangramento e sua causa, além de observar o estado geral da vítima.
- Colocar a vítima em uma posição menos afetada pela hemorragia.
- Estancar o sangramento.
- Manter as vias aéreas desobstruídas.
Amputação traumática
A amputação traumática é a perda de um membro ou parte dele devido a um acidente ou lesão súbita e violenta. As principais causas incluem os acidentes de trânsito e de trabalho. Essa perda pode ser parcial ou total e pode afetar qualquer parte do corpo, como braços, pernas, dedos, mãos ou pés. A amputação traumática é uma condição grave, e os primeiros socorros visam a contenção do sangramento (conforme apresentamos anteriormente), o acionamento do serviço de urgência, além dos cuidados para viabilizar o reimplante do membro amputado.
Para conservar a parte amputada, que pode ser utilizada na cirurgia de reimplantação, o socorrista deve colocar o membro amputado dentro de um saco plástico, o qual deve ser colocado dentro de outro saco plástico contendo gelo, para que não ocorra o contato direto entre eles. Além disso, o socorrista não deve oferecer líquidos e alimentos à vítima, pois ela possivelmente precisará de uma intervenção cirúrgica.
Objeto encravado
Uma emergência traumática com objeto encravado ocorre quando um objeto estranho penetra na pele e tecidos moles de uma pessoa. Essa lesão pode ocorrer em acidentes, como quedas de altura ou colisões, e pode causar danos graves aos órgãos internos, vasos sanguíneos e tecidos moles. A presença de um objeto encravado pode causar dor intensa, sangramento e risco de infecção.
Nas situações em que a vítima foi acometida por um objeto encravado, por exemplo, uma faca, ressalta-se que o objeto não deve ser retirado. O objetivo dos primeiros socorros é estabilizar o objeto para que não haja movimentação e ocasione piora da condição da vítima:
- Solicitar ajuda (SAMU) e estabilização: o socorrista deve realizar manualmente a estabilização do objeto encravado. Outro socorrista deve utilizar uma bandagem triangular para formar um círculo, ou grande volume de gaze ou pano limpo, que deve ser posicionada ao redor do objeto para estabilizá-lo.
Chegamos ao final desta aula! No decorrer do material, descrevemos as emergências traumáticas envolvendo hemorragias, amputações traumáticas e traumas com objeto encravado. Agora convidamos você a acompanhar a próxima aula para entender como realizar os procedimentos de primeiros socorros nas emergências com queimadura e choque elétrico. Nos vemos lá!
Vamos Exercitar?
Agora que você aprendeu sobre como realizar os primeiros socorros diante de hemorragias, amputações traumáticas e traumas com objeto encravado, vamos solucionar a situação-problema referente ao funcionário de uma empresa que sofreu um corte profundo no braço enquanto manuseava uma máquina. O corte causou uma hemorragia intensa e o funcionário está perdendo sangue rapidamente. Não há nenhum kit de primeiros socorros no local e nenhum dos colegas de trabalho sabe como estancar a hemorragia. A ambulância foi chamada, mas pode levar alguns minutos para chegar. O que fazer para evitar que o funcionário perca ainda mais sangue? Como agir até a chegada da ajuda médica?
Para a resolução da situação-problema, primeiramente é importante se lembrar de usar luvas. Nesse caso, deve-se pedir a ajuda de um colega para que busque esse equipamento de proteção. Enquanto isso, você pode orientar a própria vítima a realizar a pressão direta, enquanto você avalia o tipo do sangramento:
- Hemorragia arterial: sangramento vermelho vivo, em jatos, e se exterioriza em pulsos, a cada sístole. Por isso, a perda de sangue é rápida e abundante.
- Hemorragia venosa: sangramento uniforme e de cor escura; ocorre de forma linear.
- Hemorragia capilar: cor é vermelha, porém, menos viva que o sangue arterial, e o fluxo é lento.
Além disso, ao se deparar com uma vítima que apresenta sangramento, o socorrista deve observar as seguintes etapas: determinar a origem do sangramento e sua causa, além de observar o estado geral da vítima; colocar a vítima em uma posição menos afetada pela hemorragia; estancar o sangramento; manter as vias aéreas desobstruídas.
O controle da hemorragia pode ser feito através da pressão direta, do curativo compressivo e do uso do torniquete. A pressão direta consiste na compressão da área afetada com uma gaze, compressa ou pano limpo por cerca de 10 minutos, podendo ser realizada com solução hemostática para agilizar o processo de coagulação. O curativo compressivo é feito após a interrupção do sangramento por pressão direta, utilizando gaze e ataduras ou esparadrapos. Já o torniquete é indicado em situações de amputações traumáticas e esmagamentos, sendo aplicado próximo à lesão para interromper o sangramento. É importante registrar o horário de aplicação do torniquete e mantê-lo descoberto para observação direta. O torniquete não deve ser colocado em cima de articulações, pois não é efetivo.
AULA 2
Queimadura E Choque Elétrico
Nesta aula, convidamos você a conhecer o atendimento inicial diante de queimaduras e choque elétrico. Durante o desenvolvimento do conteúdo do material, apresentaremos a definição, as características e os cuidados indicados nos primeiros socorros dessas intercorrências.
Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que você trabalha no setor administrativo de uma grande empresa que produz e vende peças para carros. Como você é um dos poucos funcionários que possuem treinamento em primeiros socorros, quando qualquer intercorrência ocorre, você é acionado para prestar o atendimento. Certo dia, você foi chamado para atender um funcionário que sofreu queimadura por choque elétrico após tocar no componente de uma máquina que estava energizada devido a um problema de isolamento. Ele sofreu queimaduras em várias partes do corpo devido à descarga elétrica. Sua missão é prestar o atendimento inicial para minimizar os danos e garantir a sobrevivência da vítima.
Para entender como realizar esse atendimento inicial, não deixe de ler o conteúdo que preparamos para esta aula, além de acessar os materiais complementares para aprimorar seus conhecimentos!
Queimaduras
As queimaduras são lesões na pele causadas por calor, produtos químicos, eletricidade ou radiação. Todas essas situações são capazes de danificar os tecidos corporais e desencadear morte celular. As queimaduras podem acarretar repercussões de ordem física, psicológica e social ao longo da vida. Elas podem variar em gravidade, desde queimaduras leves que afetam apenas a camada superficial da pele, até queimaduras graves que podem danificar os tecidos mais profundos.
Para compreendermos melhor as queimaduras, é importante conhecer algumas noções sobre o sistema tegumentar. A pele, ou tegumento, é o maior órgão do corpo humano, e tem a função de revestimento, além da regulação de fluidos e de temperatura corporal. Sua estrutura é composta pelas camadas da epiderme, derme e hipoderme, incluindo as estruturas anexas como unhas, pelos e glândulas, conforme apresentado na figura a seguir.
A epiderme é a camada mais superficial e considerada a barreira do corpo. É formada por tecido epitelial e não apresenta vascularização. A derme é a camada abaixo da epiderme, responsável pela elasticidade e rigidez da pele; é formada por tecido conjuntivo e apresenta vascularização, terminações nervosas, glândulas sudoríparas, sebáceas e folículos pilosos. Já a hipoderme é a camada abaixo da derme, composta por tecido adiposo, e responsável por manter a temperatura corporal, além de acumular energia.
Dessa forma, quanto mais camadas da pele a queimadura atingir, mais grave é a condição da vítima. As lesões por queimaduras podem ser classificadas em 1º, 2º e 3º grau:
- 1º grau: lesão mais superficial e que acomete apenas a epiderme. Nesse tipo de queimadura, a vítima pode apresentar eritema (vermelhidão), dor, calor, edema local, sem a presença de vesículas ou bolhas (Figura 2A).
- 2º grau: lesão que se estende até a derme. Caracterizada por eritema, edema, calor, dor acentuada, bolhas com base rósea (Figura 2B). Quando profundas, também podem comprometer as terminações nervosas e folículos pilosos, assim, apresentam bolhas de base branca e aspecto seco, sendo menos dolorosas.
- 3º grau: destruição de todas as camadas, incluindo o subcutâneo. Quando graves, também podem atingir músculos e ossos. Apresentam-se acinzentadas, esbranquiçadas ou carbonizada, e a vítima não refere dor (Figura 2C). Nesse tipo de queimadura é indicado a realização de enxerto; a cicatrização espontânea não ocorre.
A queimadura de 4º grau é uma nova classificação a ser considerada, caracterizada pelo dano na espessura total, com destruição tecidual profunda, incluindo tecido adiposo, músculos, ossos e/ou os órgãos internos.
Além da profundidade, também é possível avaliar a extensão da queimadura através da escala da Regra dos Nove. Essa é uma ferramenta importante para indicar o risco de mortalidade e gravidade na fase aguda, considerando que crianças com comprometimento de 10% da extensão do corpo com queimaduras, e adultos acima de 15%, são considerados graves. Apesar de não ser obrigatório ao socorrista aplicar essa escala, as informações obtidas a partir dela são importantes para entender e avaliar a gravidade das queimaduras.
A escala da Regra dos Nove atribui um percentual múltiplo de nove a cada parte do corpo: cabeça e pescoço (9%), membros superiores (9%), região anterior do tronco (18%), região posterior do tronco (18%), extremidades inferiores (18%) e períneo (1%). Caso a queimadura tenha atingido apenas a região posterior ou anterior do membro, é atribuído metade do percentual. No final, a soma resulta na extensão corporal da queimadura.
Manejo das queimaduras
O atendimento inicial às vítimas de queimaduras visa minimizar a dor, prevenir infecções e promover a cicatrização. Os cuidados iniciais adequados são cruciais para o sucesso do tratamento e podem ajudar a minimizar as cicatrizes e o dano permanente à pele. Dessa forma, os primeiros socorros diante de queimaduras incluem:
- Colocar a área queimada sob água corrente para resfriar e lavar o local de forma abundante, por aproximadamente 10 minutos.
- Aplicar compressas molhadas, frias (não congeladas) no local afetado caso não seja possível levar a vítima até a torneira ou mangueira.
- Manter a lesão livre, sem coberturas, a fim de evitar aderências.
- Nunca romper as bolhas, pois elas protegem a lesão contra infecções.
- Não aplicar borra de café, pasta de dente, óleo de cozinha ou pomadas, pois podem comprometer ainda mais o local acometido pela queimadura.
Se a vítima estiver com o corpo em chamas, o socorrista deve pedir para a pessoa se deitar no chão e rolar com o objetivo de apagar as chamas; em seguida, deve resfriar a queimadura e acionar o SAMU. Nos casos de queimaduras extensas e graves, causadas por incêndios ou eletricidade, deve-se acionar o SAMU pelo número 192. Em casos de queimaduras em região de face ou pescoço, grandes extensões, comprometimento de vias aéreas indicado por sinais como rouquidão e tosse, acometimento de genitália, deve-se acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) ou mesmo direcionar a vítima para o atendimento hospitalar.
Choque elétrico
Atualmente, a energia elétrica faz parte do dia a dia das pessoas e é fundamental para as atividades cotidianas. Entretanto, acidentes podem acontecer quando a pessoa tem contato desprotegido com a eletricidade; eles podem acarretar queimaduras, paradas respiratórias, fibrilação ventricular e até a morte.
O mecanismo envolvido no processo de o choque elétrico provocar lesões não está bem estabelecido, entretanto, há um consenso de que há uma conversão de energia elétrica em térmica, quando a corrente elétrica passa pelo corpo, cursando com contrações musculares intensas. O choque elétrico percorre o organismo na tentativa de encontrar o menor caminho até o solo. Alguns fatores contribuem para a gravidade da lesão, tais como: a intensidade e o tipo de corrente elétrica, o tempo de exposição, a resistência do organismo à superfície de contato e a extensão percorrida.
Ao se deparar com uma vítima de choque elétrico, a conduta inicial do socorrista é certificar-se da sua segurança e demais pessoas presentes, observando o local, a presença de fios, superfícies molhadas e eletrificadas; em seguida, deve acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), os bombeiros e a companhia elétrica, esta última para realizar o desligamento do fornecimento de energia elétrica, e então, o socorrista poderá prestar o atendimento de forma segura.
O manejo consiste em: considerando que há segurança, o socorrista deve tentar desconectar a fonte elétrica; manter vias aéreas desobstruídas; se o evento for seguido de queda, não tentar movimentar a vítima; não oferecer alimentos e bebidas; permitir que ela se posicione de forma confortável; conversar com a vítima, tentando acalmá-la.
As vítimas de choque elétrico demandam atenção por parte do socorrista, pois podem sofrer queimaduras e parada cardiorrespiratória (PCR). Portanto, no atendimento à vítima, deve-se colocar em prática o conhecimento de primeiros socorros no manejo para queimadura e o suporte básico de vida, respectivamente. Após a corrente elétrica percorrer a vítima, pode-se observar duas lesões visíveis, que são queimaduras, indicando o ponto de entrada e saída da corrente elétrica, entretanto, as lesões internas podem estar presentes mesmo que não sejam visíveis; dessa forma, é fundamental que sejam avaliadas pelo serviço médico adequadamente.
Quando o corpo da vítima é percorrido pela corrente elétrica, há uma diferença de potencial, provocando contrações musculares intensas, resultando, portanto, no choque elétrico. Os casos em que a corrente elétrica entra por uma extremidade e sai por outra, atravessando o tórax, podem cursar com maior probabilidade de comprometer a respiração e os batimentos cardíacos.
Chegamos ao final de mais uma aula! No decorrer do material, descrevemos as emergências traumáticas envolvendo queimaduras e choque elétrico, sua definição, características, e os cuidados indicados no atendimento inicial. Agora convidamos você a acompanhar a próxima aula para compreender como realizar os procedimentos de primeiros socorros nas emergências com lesões musculoesqueléticas. Nos vemos lá!
Vamos Exercitar?
Agora que você aprendeu a realizar os primeiros socorros diante de queimaduras e choque elétrico, vamos solucionar a situação-problema referente ao funcionário de uma empresa que sofreu uma queimadura por choque elétrico após tocar no componente de uma máquina que estava energizada devido a um problema de isolamento. Ele sofreu queimaduras em várias partes do corpo devido à descarga elétrica. Sua missão é prestar o atendimento inicial para minimizar os danos e garantir a sobrevivência da vítima.
Ao se deparar com uma vítima de choque elétrico, a conduta inicial do socorrista é certificar-se da sua segurança e demais pessoas presentes, observando o local, a presença de fios, superfícies molhadas e eletrificadas; em seguida, deve acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), os bombeiros e a companhia elétrica, esta última para realizar o desligamento do fornecimento de energia elétrica, e então, o socorrista poderá prestar o atendimento de forma segura.
Alguns fatores contribuem para a gravidade da lesão, tais como: a intensidade e o tipo de corrente elétrica, o tempo de exposição à corrente, a resistência do organismo à superfície de contato e a extensão percorrida pela corrente elétrica. O manejo consiste em: considerando que há segurança, o socorrista deve tentar desconectar a fonte elétrica; manter vias aéreas desobstruídas; se o evento for seguido de queda, não tentar movimentar a vítima; não oferecer alimentos e bebidas; permitir que ela se posicione de forma confortável; conversar com a vítima, tentando acalmá-la.
Quanto aos cuidados com a queimadura, é importante colocar a área queimada sob água corrente para resfriar e lavar o local de forma abundante, por aproximadamente 10 minutos; aplicar compressas molhadas e frias (não congeladas) no local afetado caso não seja possível levar a vítima até a torneira ou mangueira; manter a lesão livre, sem coberturas, a fim de evitar aderências; não aplicar nenhum tipo de produto sobre a lesão.
Enquanto presta os cuidados, o socorrista pode avaliar a lesão quanto a profundidade e extensão. A queimadura pode ser classificada em primeiro, segundo e terceiro graus conforme a profundidade, e a extensão pode ser avaliada através da escala da Regra dos Nove, na qual cada parte do corpo da vítima recebe um valor percentual múltiplo de nove.
Por fim, as vítimas de choque elétrico demandam atenção por parte do socorrista, pois podem sofrer queimaduras e parada cardiorrespiratória (PCR). Portanto, no atendimento à vítima, deve-se colocar em prática o conhecimento de primeiros socorros no manejo para queimadura e o suporte básico de vida, respectivamente. Após a corrente elétrica percorrer a vítima, pode-se observar duas lesões visíveis, que são queimaduras, indicando o ponto de entrada e saída da corrente elétrica; entretanto, as lesões internas podem estar presentes mesmo que não sejam visíveis; dessa forma, é fundamental que sejam avaliadas pelo serviço médico adequadamente.
Referências AULA 3
Lesões Musculoesqueléticas
- LME abrangem qualquer dano ou perturbação ao sistema musculoesquelético.
- Podem afetar músculos, ossos, articulações, tendões, ligamentos, nervos, discos vertebrais, cartilagens e vasos sanguíneos.
- São frequentemente causadas por fatores físicos, biomecânicos, organizacionais, psicossociais e individuais.
- Em algumas situações, a dor musculoesquelética pode ser causada por problemas em outros sistemas do corpo, como problemas de pulmão, baço, vesícula biliar, rins, etc.
- Lesões Musculares: Estiramentos, distensões e rupturas musculares.
- Lesões de Articulação: Entorses (lesões de ligamentos) e luxações (deslocamento de articulações).
- Fraturas: Quebras de ossos.
- Contusões: Lesões em tecidos moles.
- Lesões de Tendão: Tendinite, tenossinovite, etc.
- Lesões de Ligamento: Entorses.
- Dor.
- Inchaço.
- Sensibilidade.
- Perda de força.
- Restrição do movimento.
- Hematomas.
- Rigidez.
- Atividade física: exercícios, desporto.
- Trabalho: movimentos repetitivos, postura inadequada.
- Trauma: acidentes, quedas.
- Garantir um ambiente de trabalho saudável.
- Adequar o posto de trabalho às características do trabalhador.
- Utilizar equipamento e mobiliário ergonómicos.
- Evitar movimentos repetitivos e de longa duração.
- Promover pausas para descanso.
- As LME podem ter um impacto significativo na qualidade de vida, limitando a capacidade de realizar atividades diárias.
- É importante buscar ajuda médica para diagnosticar e tratar as LME corretamente.
Nesta aula, convidamos você a conhecer o atendimento inicial diante de lesões musculoesqueléticas, como distensões musculares, entorses, luxações e fraturas ósseas. Também apresentaremos as formas de imobilização de membros superiores e inferiores.
Para contextualizar sua aprendizagem, imagine uma situação em que um aluno de uma escola está participando da aula de educação física, jogando futebol. Durante a atividade esportiva, ele sofre uma queda e fratura o osso do braço. A situação é urgente e requer atendimento imediato para garantir a segurança e o conforto do aluno. Você faz parte da equipe de professores da escola e precisa agir rapidamente. Você deve avaliar a situação, prestar assistência ao aluno e acionar os serviços de emergência, se necessário. Como fazer isso?
Para entender como realizar esse atendimento inicial, não deixe de ler o conteúdo que preparamos para essa aula, além de acessar os materiais complementares para aprimorar seus conhecimentos!
Lesões musculoesqueléticas
O sistema musculoesquelético é o conjunto de estruturas do corpo humano que inclui os ossos, articulações, músculos, ligamentos, tendões e outros tecidos conectivos. Esse sistema desempenha um papel fundamental na sustentação do corpo, na proteção de órgãos vitais, na locomoção e na realização de movimentos.
Os ossos fornecem a estrutura de suporte para o corpo e protegem os órgãos internos, enquanto as articulações permitem a movimentação e a flexibilidade. Os músculos, por sua vez, são responsáveis pela produção de movimento, pela manutenção da postura e pela estabilização das articulações. Os ligamentos conectam os ossos entre si, proporcionando estabilidade, enquanto os tendões conectam os músculos aos ossos, permitindo a transmissão da força gerada pelos músculos.
Nesse contexto, as lesões musculoesqueléticas são danos ou lesões que afetam as estruturas que compõem esse sistema. Elas podem ser causadas por vários fatores, incluindo traumatismo, esforço excessivo, movimentos repetitivos, má postura, envelhecimento, doenças ou condições médicas. Alguns exemplos comuns de lesões musculoesqueléticas incluem distensões musculares, entorses, luxações e fraturas ósseas. A seguir, abordaremos cada uma delas.
A distensão de um músculo ou de um tendão pode ser causada por uso, alongamento ou estresse excessivo. Os sinais e sintomas variam desde dor, edema, espasmo muscular, ausência da capacidade de sustentar o peso muscular, equimoses e até mesmo perda funcional do membro afetado. De acordo com os sintomas apresentados, as distensões podem ser classificadas em:
- Primeiro grau: estiramento leve do músculo ou do tendão.
- Segundo grau: ruptura parcial do músculo ou do tendão.
- Terceiro grau: alongamento significativo do músculo ou do tendão, com ruptura e laceração do tecido envolvido.
A entorse ocorre quando há lesão nos ligamentos e tendões que envolvem as articulações. É causada por movimentos de torção ou hiperextensão forçada de uma articulação. Neste tipo de traumatismo, os ligamentos são distendidos além de sua amplitude normal, acabando por rompê-los. As formas graves produzem perda da estabilidade da articulação, às vezes acompanhada por luxação. Os sintomas apresentados são: dor intensa na região da articulação atingida; edema; dificuldade de movimentação, que poderá ser maior ou menor, conforme a contração muscular ao redor da lesão; perda parcial da função; ou ainda, movimento articular anormal. As entorses são classificadas em:
- Primeiro grau: estiramento das fibras ligamentares com lesões mínimas.
- Segundo grau: ruptura parcial do ligamento.
- Terceiro grau: o ligamento é completamente lacerado ou rompido, podendo causar avulsão óssea.
A luxação é uma lesão na qual a extremidade de um dos ossos de uma articulação é deslocada de seu lugar. O dano aos tecidos moles pode ser muito grave, afetando vasos sanguíneos, nervos e cápsula articular. Esse agravo provoca dor intensa, limita o movimento da articulação afetada e provoca deformidade grosseira no local da lesão. Os casos de luxação ocorrem geralmente devido a traumatismos, por golpes indiretos ou movimentos articulares violentos. As articulações mais atingidas são o ombro, cotovelo, articulação dos dedos e mandíbula. A redução da luxação deverá ser realizada somente em ambiente hospitalar devido ao risco de lesões em vasos sanguíneos, nervos e outras estruturas.
Por fim, as fraturas consistem na perda da continuidade óssea. Ocorrem quando o osso é acometido por um estresse maior que sua capacidade de resistência. São provocadas por golpes diretos, forças de esmagamento, movimentos de torção repentinos e contrações musculares extremas. Além dos ossos, tanto as estruturas adjacentes como os órgãos próximos à fratura também podem sofrer algum tipo de lesão. Portanto, é comum encontrarmos edema das partes moles, hemorragias, luxações, rompimento de tendões ou secção de nervos.
A fratura pode ser classificada em fechada (Figura 1A, B, D e E), quando não há ruptura da pele, ou exposta (Figura 1C), quando há ruptura da pele. Também pode ser classificada em completa (Figura 1A, B e C), incompleta (Figura 1D) ou cominutiva – com vários fragmentos ósseos (Figura 1E).
De forma geral, as vítimas de lesões musculoesqueléticas cursam com sintomas como: dor, alterações de sensibilidade, perda de força e motricidade, edema, deformidades, rubor ou equimose, calor local, levando até mesmo à perda funcional do membro afetado. A maioria dessas lesões não apresentam muita gravidade, contudo, são muito dolorosas e demandam treinamento adequado para a realização do atendimento inicial em primeiros socorros, pois manobras realizadas de forma incorreta promovem uma piora da condição da vítima, podendo provocar laceração de partes moles e até mesmo perfurações da pele.
Geralmente, a imobilização do membro na posição mais cômoda à vítima será suficiente para aliviar a dor e estabelecer condições favoráveis à cura da lesão. Além disso, é importante retirar adornos, calçados e afrouxar roupas que possam comprimir o local afetado com a presença do inchaço. Outro cuidado que pode ser realizado é a aplicação de compressas de gelo para alívio da dor e do edema, lembrando de nunca colocar o gelo em contato direto com a pele devido ao risco de lesão.
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Imobilizações
A imobilização pode ser realizada com talas, tipoias e faixas. Na ausência destas, qualquer outro material rígido poderá ser utilizado, como pedaços de madeira ou mesmo papelão dobrado. Além disso, a tala improvisada deverá ser amarrada com auxílio de faixas, tecidos, bandagens, ou outros, desde que não permitam que o membro se movimente em qualquer direção. As orientações gerais para o manejo das lesões musculoesquelético incluem:
- Preferencialmente realizar os procedimentos com dois socorristas.
- Evitar movimentos bruscos no membro afetado, não tentar alinhá-lo.
- Utilizar talas para imobilização do tamanho adequado.
- Ultrapassar com a tala uma articulação acima e abaixo do local lesionado.
- Passar a atadura pelo membro com a tala do distal para o proximal e prender com esparadrapo.
- Não apertar a imobilização de forma excessiva para que a circulação do membro não seja prejudicada.
- Nas fraturas expostas, o socorrista deve atentar-se prioritariamente à contenção do sangramento e, em seguida, à imobilização do membro.
- Fazer uso de compressa com gelo por cerca de 15 minutos para reduzir a dor, o edema e a hemorragia.
O socorrista deve sempre manter as extremidades do membro imobilizado, geralmente os dedos, sem nenhuma faixa. Esse cuidado é importante para que o socorrista consiga avaliar a circulação sanguínea do membro afetado até a chegada do serviço especializado. São sinais de má circulação: palidez, dor, formigamento e dificuldade, ou até mesmo impossibilidade, de movimentação dos dedos. Geralmente a dificuldade de circulação ocorre devido à imobilização muito apertada, assim, o socorrista deve rever o procedimento e afrouxar as ataduras.
Imobilização de braço
Para essa técnica, um dos socorristas deve realizar a estabilização manual do membro lesionado, imobilizando uma articulação acima e uma abaixo do local afetado, conforme o princípio universal das imobilizações. O segundo socorrista deve realizar imobilização, com tala de tamanho adequado e deixar os dedos da vítima visíveis para checar a circulação nas extremidades. Em seguida, realizar os seguintes cuidados:
- Colocar um coxim que envolva a mão da vítima para favorecer a posição anatômica e consequentemente, deixá-la mais confortável.
- Posicionar as talas realizar a fixação com atadura de crepe, enfaixando do distal para o proximal, e cuidando para que não fiquem muito apertadas.
- Fechar com esparadrapo ou fita crepe.
- Checar a circulação dos dedos da vítima que devem estar expostos.
Imobilização de braço com tipoia
A tipoia contribui para manter o braço apoiado confortavelmente, sendo utilizada a bandagem triangular para esse fim. Ela é assim chamada devido à sua forma em triângulo, sendo confeccionada com um tecido macio e resistente, geralmente de algodão. Seu formato triangular permite que ela seja adaptada e amarrada de diversas maneiras, de acordo com a necessidade do curativo. A seguir, apresentaremos o procedimento para imobilização do braço:
- Uma das extremidades da base triangular da bandagem é passada por baixo do braço da vítima e para o ombro oposto.
- Deve-se passar a extremidade mais inferior da bandagem por cima do braço da vítima e dar um nó com as duas pontas, envolvendo o pescoço da vítima.
- A extremidade restante pode ser enrolada e colocada dentro da imobilização.
- Sempre manter os dedos expostos para permitir a observação da circulação.
Imobilização de perna
A imobilização dos membros inferiores é semelhante à dos superiores. Enquanto um socorrista realiza o manejo conforme o princípio universal da imobilização, não tentando alinhar o membro afetado, o outro, com a tala do tamanho adequado, deve passar a atadura do distal para o proximal. Manter as extremidades expostos para verificar a perfusão sanguínea.
Chegamos ao final de mais uma aula! No decorrer deste material, descrevemos as emergências traumáticas envolvendo as lesões musculoesqueléticas, como distensões musculares, entorses, luxações e fraturas ósseas. Além disso, também apresentamos as formas de imobilização de membros superiores e inferiores. Agora, convidamos você a acompanhar a próxima aula para compreender como realizar os procedimentos de primeiros socorros nos traumatismos. Nos vemos lá!
Vamos Exercitar?
Agora que você aprendeu sobre como realizar os primeiros socorros diante de lesões musculoesqueléticas e como realizar as imobilizações, vamos solucionar a situação-problema referente a um aluno que sofreu uma fratura no braço. O aluno está participando de uma aula de educação física, jogando futebol. Durante a atividade esportiva, ele sofre uma queda e fratura o osso do braço. Você faz parte da equipe de professores da escola e precisa agir rapidamente. Você deve avaliar a situação, prestar assistência ao aluno e acionar os serviços de emergência, se necessário. Como fazer isso?
Para a resolução da situação-problema, é importante manter o aluno calmo e confortável enquanto aguarda a chegada da equipe médica. A maioria dessas lesões não apresentam muita gravidade, contudo, são muito dolorosas e demandam treinamento adequado para a realização do atendimento inicial em primeiros socorros, pois manobras realizadas de forma incorreta favorecem uma piora da condição da vítima, podendo provocar laceração de partes moles e até mesmo perfurações da pele. Geralmente, a imobilização do membro na posição mais cômoda à vítima será suficiente para aliviar a dor e estabelecer condições favoráveis à cura da lesão.
- Preferencialmente realizar os procedimentos com dois socorristas.
- Evitar movimentos bruscos no membro afetado, não tentar alinhá-lo.
- Utilizar talas do tamanho adequado para imobilização.
- Ultrapassar com a tala uma articulação acima e abaixo do local lesionado.
- Passar a atadura pelo membro com a tala do distal para o proximal e prender com esparadrapo.
- Não apertar a imobilização de forma excessiva para que a circulação do membro não seja prejudicada.
- Nas fraturas expostas, o socorrista deve atentar-se prioritariamente à contenção do sangramento e, em seguida, à imobilização do membro.
- Fazer uso de compressa com gelo por cerca de 15 minutos para reduzir a dor, o edema e a hemorragia.
Referências AULA 4
- TRAUMAS
O sistema nervoso é um complexo sistema de comunicação no corpo humano que controla e coordena todas as funções do organismo. Ele é composto pelo cérebro, medula espinhal, nervos e órgãos sensoriais, e é responsável por receber estímulos do ambiente, processá-los e enviar respostas para todo o corpo. O sistema nervoso é dividido em central (que inclui o encéfalo e a medula espinhal, estruturas consideradas delicadas e vitais, e que são protegidas pelos ossos do crânio e coluna vertebral, respectivamente) e em periférico (que consiste nos nervos que se ramificam a partir do sistema nervoso central).
Figura 1 | Sistema nervoso central e periférico. Fonte: Shutterstock. Traumatismo craniano
O trauma cranioencefálico (TCE) é uma lesão que ocorre no cérebro ou no crânio como resultado de um impacto, golpe ou acidente. Pode ser causado por inúmeras situações, incluindo acidentes de trânsito, quedas, agressões ou lesões esportivas. Dependendo da gravidade, um TCE pode variar de leve a grave, podendo provocar fraturas no crânio, comprometimento das funções das meninges, do encéfalo e até mesmo dos vasos sanguíneos. Essas alterações resultam em alterações cerebrais cognitivas ou funcionais, momentâneas ou permanentes.
Diante de um TCE, alguns sinais de alerta devem ser considerados pelo socorrista, tais como: lesão relatada ou presenciada, lesão em região de face (por exemplo hematoma, sangramentos), confusão ou inconsciência. Quando existe um trauma craniano, considera-se o prognóstico da lesão sofrida. Os traumatismos penetrantes são considerados com pior prognóstico, podendo levar à morte. Nesse sentido, pedestres e ciclistas sofrem piores lesões do que vítimas de acidentes automobilísticos, e a ejeção do veículo está associada a maior risco de lesão intracraniana.
Na abordagem dos primeiros socorros, em vítimas com TCE ou suspeita dele, o socorrista deve acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), mesmo que a vítima não tenha perdido a consciência, pois esse sintoma não está diretamente relacionado com a gravidade do TCE. Problemas sérios podem não ser óbvios por horas após a lesão inicial, por isso, toda vítima de trauma deve ser investigada quanto à presença e gravidade do TCE por profissionais especializados, em ambiente hospitalar. Até a chegada do serviço especializado, o socorrista deve:
- Controlar as vias aéreas e a respiração.
- Atentar-se ao pescoço, orientando a vítima para não movimentar a cabeça devido a possibilidade de lesões cervicais.
- Realizar a restrição manual dos movimentos da vítima, conforme apresentaremos neste material.
Traumatismo Raquimedular
O traumatismo raquimedular (TRM) se refere a uma lesão da coluna vertebral com repercussões transitórias ou irreversíveis de acordo com os tecidos afetados, ósseo ou medular. Geralmente, quando há lesão medular, a mecânica do trauma envolve grande energia, como acidentes automobilísticos, quedas e atropelamentos. O TRM é uma lesão em nível de medula espinhal muito grave que pode culminar em danos neurológicos, sensitivos e motores. A paraplegia (lesão em que a vítima não move nem sente os membros inferiores e tronco) e tetraplegia (acomete tronco, membros inferiores e superiores) são os exemplos de lesões limitantes mais conhecidas diante dos casos de TRM.
Diante de vítimas com TRM ou suspeita dele, é extremamente importante se lembrar de não movimentar a vítima desnecessariamente. Os movimentos podem agravar a lesão na coluna vertebral e causar danos adicionais à medula espinhal. Quando ocorre um trauma raquimedular, a coluna vertebral pode estar instável e qualquer movimento inadequado pode causar danos irreversíveis, resultando em paralisia ou outras complicações graves com danos permanentes.
Portanto, é crucial realizar a restrição de movimentos e acionar imediatamente o serviço especializado, para que os profissionais habilitados possam realizar a imobilização correta e o transporte seguro da vítima. Movimentar uma pessoa com suspeita de trauma raquimedular sem treinamento adequado pode agravar a lesão e causar. Quando necessário lateralizar a vítima, em casos de vômitos, por exemplo, o socorrista deve sempre utilizar a técnica de movimentação em bloco, conforme descreveremos mais adiante.
Deve-se suspeitar de trauma raquimedular em qualquer pessoa que tenha sofrido um impacto forte na região da cabeça, pescoço ou dorso, especialmente se houver sintomas como dor na coluna vertebral, perda de sensibilidade ou movimento em qualquer parte do corpo, ou problemas respiratórios. Além disso, os principais sinais e sintomas apresentados pela vítima de trauma raquimedular são: dor na região lesionada, alteração da sensibilidade, deformidade da região, formigamento, fraqueza, dificuldade de mover os membros, cefaleia, vertigem, tontura, náusea, vômito, nível de consciência alterado, perda do controle da bexiga e do intestino e ereção involuntária e prolongada (priapismo) nos homens. Dessa forma, diante de uma vítima que sofreu um TRM, ou com suspeita dele, o socorrista deve:
- Acionar o SAMU.
- Controlar as vias aéreas e a respiração.
- Pedir para a vítima não se movimentar, caso esteja consciente.
- Realizar a restrição manual dos movimentos da vítima.
Restrição dos movimentos da coluna vertebral
A restrição dos movimentos da coluna vertebral se refere às ações que são realizadas para minimizar os movimentos da coluna vertebral. A conduta em primeiros socorros consiste em:
- Manter a vítima sobre o solo, deitada em posição dorsal.
- Realizar alinhamento da cabeça na posição neutra.
- Se posicionar atrás da cabeça da vítima, com os joelhos e cotovelos apoiados para melhor estabilidade.
- Colocar as mãos espalmadas nas laterais da cabeça da vítima até a chegada de apoio.
Figura 2 | Restrição manual dos movimentos da cabeça. Fonte: Shutterstock. Destaca-se que é fundamental não movimentar a vítima de forma desnecessária, mas mantê-la sobre o solo e realizar a estabilização manual. E quanto ao colar cervical? A aplicação dele deve ser realizada somente por profissionais treinados, capazes de avaliar e distinguir a necessidade da colocação desse dispositivo. Caso seja colocado de forma inadequada, o colar pode trazer danos à vítima; portanto, não é indicada a colocação em nível de primeiros socorros por leigos.
Movimentação em bloco
A técnica de movimentação em bloco é uma técnica usada para mover uma vítima de lesão na coluna vertebral de forma segura, lembrando que não devemos movimentar uma vítima de trauma de forma desnecessária, a menos que seja preciso proteger a vida dela. Dessa forma, para realizar a movimentação em bloco corretamente, é necessário contar com pelo menos 3 ou 2 socorristas treinados:
- O socorrista 1 deve se posicionar atrás da cabeça da vítima, com os joelhos e cotovelos apoiados para melhor estabilidade e realizar o alinhamento e estabilização manual da cabeça.
- Mantendo a estabilização manual da cabeça, os socorristas 2 e 3 se posicionam à altura do tórax e à altura dos joelhos da vítima, respectivamente.
- Os braços da vítima devem ser posicionados junto ao corpo e as pernas, colocadas em posição anatômica.
- O socorrista 2 posiciona uma das mãos na altura do ombro contralateral, e a outra, na quadril, também no lado contralateral.
- O socorrista 3 posiciona uma das mãos também no quadril, no lado contralateral (cruzando com os braços do socorrista 2), e a outra, próximo ao joelho contralateral.
- O socorrista 1 confirma o posicionamento dos demais e efetua a contagem para início do rolamento da vítima em bloco à 90º.
- Para retornar a vítima à posição dorsal, os socorristas se mantêm no mesmo posicionamento, e o socorrista 1 faz novamente a contagem para deitar a vítima no solo.
Figura 3 | Movimentação em bloco. Fonte: Neto e Dias (2023, p. 61). A Figura 3 demonstra a técnica de rolamento em bloco. Em primeiros socorros, esse procedimento seria realizado no solo, e não uma cama ou maca, mas o princípio é o mesmo. É importante ressaltar que a movimentação em bloco deve ser realizada apenas por pessoal treinado em primeiros socorros e, se possível, sob a supervisão de profissionais de saúde. Movimentar uma vítima de lesão na coluna vertebral de forma inadequada pode agravar a lesão e causar danos permanentes.
Chegamos ao final da última aula da unidade! No decorrer deste material, descrevemos as emergências envolvendo os traumatismos craniano e raquimedular. Também abordamos as técnicas de restrição de movimentos da coluna e de rolamento em bloco.
Vamos Exercitar?
Agora que você aprendeu a realizar os primeiros socorros diante de traumatismos craniano e raquimedular, vamos solucionar a situação-problema referente a um pedestre que sofreu um atropelamento e que relata dormência e perda de sensibilidade nas pernas, bem como dificuldade para movê-las. Ele também menciona sentir uma dor aguda na região do pescoço. Logo, você suspeita de um possível trauma raquimedular devido à natureza do acidente e aos sintomas relatados pela vítima. Nesse cenário, é crucial que os primeiros socorros sejam prestados imediatamente para garantir a segurança da vítima e minimizar o risco de complicações. Sua missão é ajudar a vítima seguindo os protocolos de primeiros socorros para trauma raquimedular.
Os passos a serem tomados incluem a imobilização cuidadosa da vítima para evitar movimentos que possam agravar a lesão. Isso pode ser feito mantendo a cabeça e o pescoço da vítima alinhados, sem manipulação desnecessária, até a chegada dos serviços de emergência. A restrição dos movimentos da coluna vertebral se refere às ações que são realizadas para minimizar os movimentos da coluna vertebral. A conduta em primeiros socorros consiste em:
- Manter a vítima sobre o solo, deitada em posição dorsal.
- Realizar alinhamento da cabeça na posição neutra.
- Se posicionar atrás da cabeça da vítima, com os joelhos e cotovelos apoiados para melhor estabilidade.
- Colocar as mãos espalmadas nas laterais da cabeça da vítima até a chegada de apoio.
Além disso, é importante acalmar a vítima, prestando apoio emocional e garantindo que ela se sinta segura enquanto aguarda a chegada da equipe médica. A comunicação clara com os serviços de emergência é crucial para informar sobre a suspeita de trauma raquimedular e garantir que a equipe médica esteja preparada para prestar o atendimento adequado.
Para desenvolver a competência desta Unidade, que é conhecer os primeiros socorros no atendimento às emergências traumáticas, avaliando a situação da vítima e realizando conduta de acordo com os conhecimentos práticos e teóricos do socorrista, você deverá conhecer os conceitos fundamentais deste tipo de atendimento. Dentre as principais situações de emergências traumáticas, podemos destacar: hemorragias; amputação traumática; objetos encravados; queimaduras; choque elétrico; lesões musculoesqueléticas; traumatismos craniano e raquimedular.
A hemorragia é a perda de sangue contínua e abundante devido à ruptura de um vaso sanguíneo, podendo ser interna ou externa. Ambas as situações requerem atenção imediata devido ao risco potencial. A hemorragia interna ocorre dentro do corpo e não é visível externamente, podendo ser causada por lesões internas, ruptura de vasos sanguíneos ou condições médicas. Já a hemorragia externa é visível e ocorre fora do corpo, geralmente devido a lesões na pele. É importante observar as características do sangramento, como cor, fluxo e origem, além de sintomas de choque em casos de perda sanguínea significativa. A severidade do sangramento também deve ser avaliada com base em vários fatores, incluindo a rapidez do fluxo sanguíneo, o tamanho do vaso afetado, a idade e peso da vítima, entre outros.
A contenção de hemorragias é de extrema importância para evitar a perda excessiva de sangue, que pode acarretar consequências graves e até mesmo fatais. Antes de realizar os primeiros socorros, o socorrista deve garantir sua própria segurança utilizando equipamentos de proteção, como luvas, devido ao risco de exposição a doenças transmitidas pelo sangue, como HIV, hepatite B e C. Em casos de suspeita de hemorragia interna, é fundamental acionar o SAMU e oferecer cuidados, como afrouxar as roupas da vítima, mantê-la aquecida, elevar os membros e monitorar o pulso e a respiração.
Em hemorragias fechadas, é possível aplicar compressas frias com gelo, porém sem contato direto com a pele da vítima. Já nas hemorragias externas, são realizadas manobras para estancar o sangramento, como pressão direta, curativo compressivo e torniquete. É essencial manter o curativo até a coagulação, pois a interrupção precoce pode reiniciar o sangramento. O torniquete é indicado em situações de amputações traumáticas e deve ser aplicado por um período máximo de 120 a 150 minutos. Ao deparar-se com uma vítima de sangramento, o socorrista deve determinar a origem e causa do sangramento, estancá-lo, manter as vias aéreas desobstruídas e posicionar a vítima de forma a minimizar o impacto da hemorragia.
A amputação traumática, por sua vez, é a perda de um membro devido a um acidente repentino e violento, como acidentes de trânsito e de trabalho. Essa perda pode ser parcial ou total e afetar qualquer parte do corpo. Os primeiros socorros incluem a contenção do sangramento, acionamento do serviço de urgência e cuidados para viabilizar o reimplante do membro amputado. Para conservar a parte amputada para reimplantação, o socorrista deve colocá-la em um saco plástico, dentro de outro com gelo, e não oferecer líquidos ou alimentos à vítima.
Já as emergências traumáticas com objetos encravados são aquelas em que a lesão ocorre quando um objeto estranho penetra na pele e tecidos moles, causando danos graves aos órgãos internos, vasos sanguíneos e tecidos moles. A presença do objeto pode causar dor intensa, sangramento e risco de infecção. Além disso, ressalta-se a importância de não remover o objeto e estabilizá-lo para evitar piora da condição da vítima. São indicadas medidas como solicitar ajuda do SAMU, estabilizar manualmente o objeto encravado e fixar um curativo utilizando bandagem triangular e atadura.
Em relação às queimaduras, podemos defini-las como lesões na pele causadas por calor, produtos químicos, eletricidade ou radiação. Todas essas situações podem danificar os tecidos corporais e desencadear morte celular, acarretando repercussões físicas, psicológicas e sociais ao longo da vida. As queimaduras podem variar em gravidade, desde leves (que afetam apenas a camada superficial da pele) até queimaduras graves (que podem danificar os tecidos mais profundos). Além disso, é importante compreender o sistema tegumentar, que é o maior órgão do corpo humano, composto pelas camadas da epiderme, derme e hipoderme, incluindo estruturas anexas como unhas, pelos e glândulas. As queimaduras podem ser classificadas em 1º, 2º, 3º e 4º grau, dependendo da profundidade e extensão da lesão na pele.
Além da profundidade, também é possível avaliar a extensão da queimadura através da escala da Regra dos Nove. Trata-se de uma escala utilizada para avaliar a extensão das queimaduras e indicar o risco de mortalidade e gravidade na fase aguda. A escala atribui um percentual múltiplo de nove a cada parte do corpo, e a soma resulta na extensão corporal da queimadura. Crianças com comprometimento de 10% do corpo e adultos acima de 15% são considerados graves. Apesar de não ser obrigatória, essa ferramenta fornece informações importantes para entender e avaliar a gravidade das queimaduras.
O atendimento inicial às queimaduras tem como objetivo aliviar a dor, prevenir infecções e promover a cicatrização. É crucial realizar os cuidados iniciais de forma adequada, pois isso pode ajudar a minimizar as cicatrizes e o dano permanente à pele. Além disso, é importante resfriar a área queimada com água corrente, aplicar compressas frias e manter a lesão livre de coberturas. Em casos de queimaduras graves, é necessário acionar o SAMU pelo número 192.
Quanto às lesões por choque elétrico, a gravidade da lesão depende de vários fatores, como a intensidade e o tipo de corrente elétrica, o tempo de exposição, a resistência do corpo e a extensão percorrida pela corrente. Em caso de um acidente elétrico, é importante que o socorrista verifique a segurança do local e das pessoas presentes antes de acionar o SAMU, os bombeiros e a companhia elétrica para desligar a energia. O manejo da vítima deve ser feito com cuidado, incluindo a desconexão da fonte elétrica, a manutenção das vias aéreas desobstruídas, a não movimentação da vítima após uma queda, e a não oferta de alimentos ou bebidas.
As vítimas de choque elétrico exigem atenção especial, pois podem sofrer queimaduras e parada cardiorrespiratória. É fundamental que o socorrista tenha conhecimento em primeiros socorros e suporte básico de vida para o manejo adequado da vítima. Lesões internas podem estar presentes mesmo que não sejam visíveis, portanto, a avaliação médica é essencial. Em casos em que a corrente elétrica atravessa o tórax, há maior probabilidade de comprometimento da respiração e dos batimentos cardíacos.
Outro tipo de emergência traumática engloba as lesões musculoesqueléticas, definidas como danos que afetam as estruturas do sistema musculoesquelético, podendo ser causadas por vários fatores, como traumatismos, esforço excessivo, movimentos repetitivos, má postura, envelhecimento, doenças ou condições médicas. Exemplos comuns incluem distensões musculares, entorses, luxações e fraturas ósseas. As distensões podem ser classificadas em primeiro, segundo e terceiro grau, dependendo do grau de estiramento ou ruptura do músculo ou tendão. Já as entorses ocorrem quando há lesão nos ligamentos e tendões que envolvem as articulações, podendo ser classificadas em primeiro, segundo e terceiro grau. A luxação é uma lesão na qual a extremidade de um dos ossos de uma articulação é deslocada de seu lugar, e as fraturas consistem na perda da continuidade óssea, podendo ser fechadas, expostas, completas, incompletas ou cominutivas.
De forma geral, as vítimas de lesões musculoesqueléticas cursam com sintomas como: dor, alterações de sensibilidade, perda de força e motricidade, edema, deformidades, rubor ou equimose, calor local e possíveis complicações que podem levar à perda funcional do membro afetado. Embora a maioria dessas lesões não sejam graves, é crucial que o atendimento inicial em primeiros socorros seja realizado de forma adequada, a fim de evitar complicações adicionais. A imobilização do membro afetado é fundamental para aliviar a dor e promover a cura da lesão, podendo ser realizada com talas, tipoias, faixas ou qualquer material rígido disponível. Além disso, é importante seguir algumas orientações gerais, como evitar movimentos bruscos, utilizar talas do tamanho adequado e fazer uso de compressas com gelo para reduzir a dor e o edema.
Já em relação aos traumatismos, o trauma cranioencefálico (TCE) é uma lesão que afeta o cérebro ou o crânio devido a um impacto, golpe ou acidente. Pode ser causado por diversos fatores, como acidentes de trânsito, quedas, agressões ou lesões esportivas. A gravidade do TCE pode variar de leve a grave, podendo resultar em fraturas no crânio, comprometimento das funções cerebrais e até mesmo lesões nos vasos sanguíneos. Essas alterações podem causar danos cognitivos ou funcionais temporários ou permanentes. Alguns sinais de alerta para um TCE incluem lesões na face, confusão e inconsciência. Em casos de suspeita de TCE, é importante acionar o SAMU, mesmo que a vítima não tenha perdido a consciência, pois problemas graves podem não ser imediatamente evidentes. Até a chegada do serviço especializado, é crucial controlar as vias aéreas e a respiração da vítima, evitar movimentar a cabeça devido ao risco de lesões cervicais e restringir manualmente os movimentos da vítima.
Por fim, o traumatismo raquimedular (TRM) é uma lesão na coluna vertebral que pode resultar em danos transitórios ou permanentes, dependendo dos tecidos afetados. Geralmente ocorre em casos de acidentes automobilísticos, quedas e atropelamentos, envolvendo grande energia. Essa lesão pode causar danos neurológicos, sensitivos e motores, levando à paraplegia ou tetraplegia. É crucial não movimentar a vítima desnecessariamente, pois isso pode agravar a lesão e causar danos adicionais à medula espinhal. A imobilização correta e o transporte seguro da vítima por profissionais habilitados são fundamentais.
Suspeita-se de TRM em casos de impacto forte na região da cabeça, pescoço ou dorso, especialmente se houver sintomas como dor na coluna vertebral, perda de sensibilidade ou movimento em qualquer parte do corpo, ou problemas respiratórios. Os principais sinais e sintomas incluem dor na região lesionada, alteração da sensibilidade, deformidade, formigamento, fraqueza, dificuldade de mover os membros, cefaleia, vertigem, tontura, náusea, vômito, perda do controle da bexiga e do intestino, e ereção involuntária e prolongada nos homens. Em caso de suspeita de TRM, é importante acionar o SAMU, controlar as vias aéreas e a respiração, pedir para a vítima não se movimentar, caso esteja consciente, e realizar a restrição manual dos movimentos da vítima.
Referências
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INSTITUTO BRASILEIRO DE ENSINO PROFISSIONALIZANTE – INBRAEP. Ferimentos com objetos encravados. 2021. Disponível em: https://inbraep.com.br/publicacoes/ferimentos-com-objeto-encravado/. Acesso em: 30 nov. 2023.
KARREN, K. J. Primeiros socorros para estudantes. 10a ed. Barueri: Editora Manole, 2013. ISBN: 9788520462430.
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