Plano de negócios
A gestão eficiente de empreendimentos comerciais e industriais é um desafio que requer a alocação estratégica de diversos recursos, como capital humano, financeiro, tecnológico e estrutural. Esses recursos desempenham um papel crucial na construção e operação de uma empresa, com o objetivo de atender às demandas de um mercado específico. O plano de negócio é uma ferramenta que possibilita ao empreendedor a análise da viabilidade do negócio. Dornelas (2023, p. 6), conceitua o plano de negócio como sendo:
O plano de negócios é um documento utilizado para planejar um empreendimento ou unidade de negócios, em estágio inicial ou não, com o propósito de definir e delinear sua estratégia de atuação para o futuro. Trata-se ainda de um guia para a gestão estratégica de um negócio ou unidade empresarial.
Segundo os autores Hashimoto e Borges (2020), o plano de negócios desempenha um papel multifacetado nas operações empresariais, atuando em três dimensões-chave: primeiro, ele serve como um guia para desenvolver e refinar estratégias de negócios, permitindo que os empreendedores avaliem a viabilidade sob todos os aspectos mercadológicos, financeiros e operacionais; em segundo lugar, atua como uma ferramenta retrospectiva para avaliar o desempenho da empresa ao longo do tempo, especialmente na gestão financeira e orçamentária; já a terceira função é atrair investimentos, pois ele é utilizado para se obter apoio financeiro necessário para o crescimento e desenvolvimento do empreendimento.
Elaboração de um plano de negócios
A elaboração de um plano de negócios é um passo crucial em diferentes momentos do desenvolvimento de uma empresa, podendo ser realizada na sua fase inicial ou em outros momentos. De acordo com Neto (2021), o plano de negócios não é um documento estático; ele deve ser atualizado à medida que a empresa evolui e o ambiente de negócios muda. Manter um plano de negócios atualizado e relevante é uma prática importante para a gestão eficaz de uma empresa.
A estrutura básica de um plano de negócios é composta de várias seções, cada uma desempenhando um papel fundamental no planejamento e na gestão da empresa. Dornelas (2023), apresenta a seguinte estrutura e ordem do plano de negócios:
1. O conceito do negócio.
2. Mercado e competidores.
3. Equipe de gestão.
4. Produtos e serviços.
5. Estrutura e operações.
6. Marketing e vendas.
7. Estratégia de crescimento.
8. Finanças.
9. Sumário executivo.
Dornelas (2023) salienta que a análise de oportunidade não é uma seção do plano em si, mas é a fase inicial crucial que determina se a criação de um plano de negócios é viável. Portanto, começa-se examinando uma ideia de negócio, para avaliar seu potencial como uma oportunidade, e somente após essa análise é que se decide avançar para a elaboração do plano de negócios para esse empreendimento.
Para desenvolver o plano de negócio, segundo Dornelas (2023), deve-se começar com “o conceito do negócio”, pois ele apresenta a espinha dorsal do empreendimento, definindo claramente o que a empresa é ou será ao responder às perguntas fundamentais, como o que a empresa vende e para quem. Se a empresa já está em operação, esta é a oportunidade de destacar realizações passadas, como faturamento, crescimento, diferenciais competitivos e outros marcos importantes. Esse é o ponto de partida para o desenvolvimento de um plano sólido e envolvente, que atrairá investidores, parceiros e clientes.
Dornelas (2023) aponta que a segunda etapa do plano de negócios, "mercado e competidores" é realizada em duas fases distintas. A primeira fase envolve a análise setorial; nesse contexto, é importante definir em qual ramo de negócios a empresa pretende atuar, e isso inclui entender como esse setor é organizado, quem são os principais players, o tamanho do mercado e quem domina essa indústria, pois a identificação dos competidores-chave é crucial para se compreender o ambiente competitivo.
Em seguida, a análise se concentra em definir o mercado-alvo ou nicho de mercado específico em que a empresa se concentrará inicialmente dentro desse setor. Essa análise deve ser mais detalhada, envolvendo a identificação das necessidades dos clientes potenciais que ainda não são adequadamente atendidas, e ao apresentar a análise do nicho de mercado, a empresa deve destacar onde estão as lacunas no atendimento ao cliente e como pretende preenchê-las. Isso ajuda a posicionar a empresa estrategicamente no mercado.
Na terceira etapa do plano de negócios, "equipe de gestão", segundo Dornelas (2023), são apresentados os principais executivos e gestores do seu negócio, destacando suas habilidades, experiência, comprometimento e como estão alinhados com o empreendimento. Reconhecendo que as pessoas são um ativo crucial, essa seção deve demonstrar a capacidade da equipe de liderar para impulsionar o crescimento da empresa.
De acordo com Dornelas (2023), no tópico "produtos e serviços" do plano de negócios, deve-se jogar luz sobre o que realmente faz o negócio girar e descrever o que exatamente a empresa oferece, de uma forma direta e fácil de entender. Além disso, é o momento de fazer brilhar as características especiais do que se está vendendo, que benefícios os produtos ou serviços trazem para os clientes e o que os torna únicos e inesquecíveis. É, também, a chance de explicar qual é a finalidade deles, para que servem e qual é o apelo que buscam atender, no entanto, é preciso se atentar ao ciclo de vida dos produtos da empresa: eles estão decolando, estagnados ou maduros? Isso ajuda a entender a dinâmica do portfólio de produto.
Na seção de "estrutura e operações" do plano de negócios, para Dornelas (2033), são explorados a infraestrutura e os processos internos da empresa, preenchendo lacunas que podem ter persistido nas seções anteriores. Nela, há informações detalhadas sobre a organização da empresa, seus principais procedimentos, parcerias estratégicas, recursos fundamentais e como tudo se integra para assegurar uma operação eficiente. Além disso, deve-se destacar aspectos operacionais específicos, como logística, cadeia de suprimentos, localização física e a utilização de tecnologia especializada que garante a fluidez das operações.
Para Dornelas (2023), o tópico "marketing e vendas" no plano de negócios é um dos pilares para o crescimento da empresa. É aqui que se desenvolve a estratégia que definirá como os produtos ou serviços serão posicionados no mercado, como serão precificados, onde e como serão disponibilizados e como serão promovidos. Uma abordagem comum e eficaz nessa etapa é a utilização dos 4 P’s: posicionamento, preço, praça e promoção, que permitem uma estrutura clara e abrangente para a estratégia de marketing.
De acordo com Dornelas (2023), a seção "estratégia de crescimento" é o mapa que delineia como a empresa planeja alcançar seus objetivos e se desenvolver continuamente, preparando-se para superar desafios futuros. Para traçar essa estratégia, a empresa deve estar pronta para monitorar tanto as mudanças no ambiente macroambiental, como as demográficas, econômicas, tecnológicas, políticas, legais, sociais e culturais, quanto as influências no ambiente microambiental, como o perfil dos consumidores, concorrência, canais de distribuição e fornecedores.
Para Lacruz (2021), na etapa “finanças”, são desenvolvidas projeções e análises financeiras detalhadas que ajudam a empresa a entender, planejar e comunicar sua saúde financeira e sua viabilidade. Alguns dos principais elementos que são desenvolvidos no plano financeiro incluem:
- Projeções financeiras: envolvem a criação de demonstrações financeiras projetadas, como o balanço patrimonial, a demonstração de resultados e o fluxo de caixa. Essas projeções estimam as receitas, despesas e lucros esperados ao longo de um período específico.
- Plano de investimento inicial: descreve os custos iniciais necessários para lançar o negócio, incluindo investimentos em ativos, despesas de inicialização e capital de giro.
- Análise de viabilidade: avalia a capacidade do negócio de gerar lucro e cobrir suas despesas operacionais, e isso inclui cálculos de ponto de equilíbrio (PE), margens de lucro e retorno sobre investimento (ROI).
- Estratégia de precificação: define como os produtos ou serviços serão precificados, levando em consideração fatores como custos, concorrência e valor percebido pelos clientes.
- Fontes de financiamento: identifica as fontes de financiamento necessárias para o negócio, como empréstimos, investidores ou capital próprio, e como esses recursos serão alocados.
- Gerenciamento de fluxo de caixa: analisa como o dinheiro entra e sai do negócio ao longo do tempo, garantindo que haja capital de giro suficiente para operações contínuas.
- Análise de riscos financeiros: identifica possíveis riscos financeiros e desenvolve estratégias para mitigá-los.
- Cenários alternativos: pode incluir análises de cenários alternativos para ajudar a empresa a se preparar para diferentes situações, como cenários otimistas, pessimistas ou realistas.
O plano financeiro é fundamental para fornecer uma visão clara das finanças da empresa, ajudando os empreendedores a tomar decisões informadas, atrair investidores, obter financiamento e planejar o crescimento sustentável do negócio.
O sumário executivo, de acordo com Dornelas (2023), atua como uma vitrine que atrai a atenção de potenciais parceiros e investidores. Sua preparação exige cuidado e foco na apresentação do conceito de negócio, destacando seu potencial de retorno e os benefícios para quem se envolver com a empresa. Embora seja a última seção a ser escrita, é a primeira que os leitores veem e deve responder a perguntas essenciais, esclarecendo o que o negócio representa, onde opera, como será estruturado, quais investimentos são necessários, como os recursos serão obtidos e o prazo de retorno aos investidores. O sumário executivo desempenha um papel fundamental na comunicação eficaz do plano de negócios, gerando interesse e confiança naqueles interessados na empresa, servindo como a porta de entrada para um mundo de oportunidades.
Estudante, ao explorar os componentes do plano de negócios, você teve a oportunidade de mergulhar profundamente na essência de um empreendimento, bem como conhecer a importância de cada seção, desde a análise do mercado e a estratégia de crescimento até a parte financeira e o sumário executivo. Aliás, faz-se importante compreender que o plano de negócios não é apenas um documento estático, mas uma ferramenta dinâmica que auxilia na definição, no planejamento e na execução de um empreendimento de sucesso; ele desempenha um papel vital na comunicação de sua visão de negócios, atraindo investidores, parceiros e fornecendo direção para sua jornada empreendedora. Por meio do plano de negócios, você traduz ideias em ações tangíveis, identifica oportunidades e ameaças e constrói uma base sólida para o crescimento e a sustentabilidade de sua empresa. Portanto, não subestime a importância desse documento e utilize-o como uma bússola para navegar pelo complexo cenário dos negócios, transformando suas aspirações em realidade.
Vamos Exercitar?
Como sabemos, a solução para o desafio enfrentado pelo empreendedor João é, sem dúvida, a criação de um plano de negócio sólido, que serve como um guia estratégico abrangente, fornecendo a estrutura necessária para entender, planejar e executar sua ideia de negócio de produtos de beleza sustentáveis. Por meio desse plano, João pode conduzir uma análise de mercado aprofundada, identificar oportunidades e ameaças, definir claramente sua proposta de valor única e estabelecer metas alcançáveis.
Além disso, o plano de negócio permitirá a João detalhar os recursos necessários, como fornecedores de materiais sustentáveis, métodos de fabricação e estratégias de marketing. As projeções financeiras incluídas no plano de negócio são cruciais para se avaliar a viabilidade do empreendimento, considerando custos, preços de venda, margens de lucro e gerenciamento do fluxo de caixa.
Por meio da contínua monitorização e ajuste do plano de negócio, João pode responder às mudanças no mercado e às lições aprendidas com a experiência prática do seu negócio. O plano de negócio, portanto, é a ferramenta que o guiará em direção ao sucesso e o auxiliará a enfrentar os desafios do mercado de produtos de beleza sustentáveis. Trata-se da base sólida que sustenta suas ambições empreendedoras e seu caminho para o êxito.
Além disso, o plano de negócio permitirá a João detalhar os recursos necessários, como fornecedores de materiais sustentáveis, métodos de fabricação e estratégias de marketing. As projeções financeiras incluídas no plano de negócio são cruciais para se avaliar a viabilidade do empreendimento, considerando custos, preços de venda, margens de lucro e gerenciamento do fluxo de caixa.
Por meio da contínua monitorização e ajuste do plano de negócio, João pode responder às mudanças no mercado e às lições aprendidas com a experiência prática do seu negócio. O plano de negócio, portanto, é a ferramenta que o guiará em direção ao sucesso e o auxiliará a enfrentar os desafios do mercado de produtos de beleza sustentáveis. Trata-se da base sólida que sustenta suas ambições empreendedoras e seu caminho para o êxito.
S
AULA 2
PERSPECTIVAS LEAN NO EMPREENDEDORISMO
O empreendedorismo "lean" (enxuto) foca em construir, medir e aprender continuamente, buscando otimizar o desenvolvimento de produtos e serviços, reduzir desperdícios e aumentar a eficiência, tudo isso com foco no cliente. Essa abordagem, baseada na metodologia Lean Startup, permite aos empreendedores validar suas ideias rapidamente, ajustando o produto/serviço com base no feedback do cliente, antes de investir em grandes produções.
- O Lean Startup prioriza a criação de valor para o cliente, buscando entender suas necessidades e desejos desde o início do processo de desenvolvimento.
- Essa é a essência do método, onde protótipos são criados, testados com clientes, e os resultados são analisados para gerar aprendizado e aperfeiçoamento do produto/serviço.
- A metodologia busca eliminar etapas, processos ou funcionalidades que não agregam valor ao cliente, otimizando o uso de recursos e tempo.
- O Lean Startup promove um ciclo de inovação contínuo, com iterações rápidas e ajustes constantes, permitindo que a empresa se adapte rapidamente às mudanças do mercado.
- Através de experimentos e testes com clientes, o empreendedor pode validar suas hipóteses e identificar o que realmente funciona antes de investir em larga escala.
- Ao evitar investimentos em produtos ou funcionalidades que não agregam valor ao cliente, o empreendedor economiza recursos financeiros.
- A metodologia permite que o produto ou serviço seja desenvolvido com base no feedback do cliente, resultando em algo mais alinhado com suas necessidades.
- Ao eliminar desperdícios e otimizar processos, a empresa consegue produzir mais com menos recursos.
- A capacidade de se adaptar rapidamente às mudanças do mercado é fundamental para o sucesso em um ambiente competitivo.
- O envolvimento do cliente no processo de desenvolvimento desde o início cria um vínculo de confiança e fidelidade.
Lean startup
Eric Ries, um dos nomes mais influentes no mundo do empreendedorismo e da inovação, apresentou-nos a revolucionária filosofia da Lean startup, mas como surgiu a Lean startup? Para Alessi (2022), precisamos, primeiro, lembrar os 12 princípios do Manifesto Ágil, que enfatizam a necessidade de trabalhar em ciclos curtos, manter um olhar constante sobre os detalhes e cultivar equipes motivadas, integradas e auto-organizadas. Essa abordagem ágil é fortemente influenciada pela filosofia do pensamento enxuto, originada a partir do Lean manufacturing ou manufatura enxuta.
De acordo com Alessi (2022), o Lean manufacturing teve sua origem após a Segunda Guerra Mundial e foi desenvolvido a partir do Sistema Toyota de Produção, tendo como elementos principais: começar projetos de forma simples, minimizar desperdícios, avaliar constantemente os resultados e buscar melhorias continuamente. Inspirado por esses princípios, Eric Ries, um empreendedor do Vale do Silício, introduziu o conceito de Lean startup em 2011, que é uma aplicação direta dos princípios enxutos ao processo de inovação.
A Lean startup, como proposta por Ries (2012), representa a busca por eficiência e adaptação na criação de empresas e produtos. Ela se concentra em desenvolver versões iniciais simplificadas (MVPs) de produtos, medir as reações dos clientes e aprender com essas respostas, a fim de aprimorar e adaptar rapidamente o curso do empreendimento e evitar o desperdício de recursos valiosos em ideias que possam não ser bem recebidas pelo mercado, bem como incentiva a inovação constante e a busca por soluções orientadas pelo cliente.
Em essência, a Lean startup é a resposta à volatilidade do mundo dos negócios, promovendo uma abordagem ágil e eficaz para o processo de inovação. Alves (2020, p. 46) entende Lean startup como:
Um método de simplificação das ações (e da elaboração dos produtos) que busca uma maior eficácia. Nesse método, os empreendedores devem ouvir seus clientes fazendo uma ação de customer development, que significa testar as suas hipóteses conversando com os potências usuários para chegar ao seu MVP (Produto Mínimo Viável).
Perceba que o Lean startup parte do princípio de que se deve simplificar todas as etapas do desenvolvimento de um negócio ou produto, eliminando tarefas e recursos desnecessários que não agregam valor real. A simplificação é adotada para tornar o processo mais ágil e eficaz, no entanto, para isso, é essencial ouvir atentamente os clientes, por meio de ações de customer development, que envolvem a validação de hipóteses por meio de interações diretas com os potenciais usuários, permitindo que os empreendedores ajustem seus produtos de acordo com o feedback real e, finalmente, cheguem ao MVP (Produto Mínimo Viável), que é a versão inicial e essencial do produto capaz de atender às necessidades dos clientes.
MVP (Produto Mínimo Viável)
O MVP é o acrônimo de Minimum Viable Product, que, em português, significa Produto Mínimo Viável. Segundo Ries (2012), é a versão mais básica de um produto ou serviço que ainda consegue atender às necessidades essenciais dos clientes e oferecer valor. Em vez de desenvolver um produto completo com todos os recursos imagináveis, o MVP se concentra em fornecer apenas o conjunto mínimo de recursos necessários para resolver um problema específico ou atender a uma necessidade crucial do cliente.
Portanto, conhecer as características-chave do MVP é fundamental para se compreender como essa abordagem pode ser eficaz no desenvolvimento de produtos e serviços. As características segundo Ries (2012), são:
- Simplicidade: o MVP é notavelmente simples; ele consiste apenas nos recursos essenciais necessários para resolver um problema específico ou atender a uma necessidade crítica do cliente. A simplicidade é priorizada para garantir um desenvolvimento rápido e direcionado.
- Validação de hipóteses: o MVP é projetado para testar hipóteses críticas; em vez de supor o que os clientes desejam, os empreendedores usam o MVP para validar ou refutar suas suposições sobre o mercado, os problemas a serem resolvidos e as soluções propostas, reduzindo o risco de desenvolverem produtos que não tenham demanda no mercado.
- Feedback dos clientes: uma das características mais importantes do MVP é a coleta de feedback dos clientes. Uma vez que o MVP está no mercado, os empreendedores interagem com os usuários finais para obter insights sobre o que funciona, o que não funciona e quais melhorias são necessárias. Esse feedback é fundamental para se aprimorar o produto.
- Iteração contínua: com base no feedback dos clientes, o MVP passa por iterações contínuas, e isso significa que o produto é aprimorado e refinado ao longo do tempo, à medida que novas versões são lançadas com base no aprendizado e nas necessidades reais do mercado. A iteração contínua é uma parte essencial da abordagem MVP.
- Desenvolvimento rápido: a ênfase no desenvolvimento rápido é outra característica do MVP. A simplicidade e a priorização dos recursos essenciais permitem que as equipes de desenvolvimento criem e lancem o MVP em um curto espaço de tempo, e isso é crucial para se obter feedback rapidamente e fazer iterações.
- Foco no cliente: o MVP coloca o cliente no centro do processo de desenvolvimento. A abordagem é orientada pelo cliente, visando atender às reais necessidades dos usuários, sendo essa uma mudança de paradigma em relação ao desenvolvimento tradicional, que, muitas vezes, concentra-se nas suposições internas da empresa.
- Redução de desperdício: ao criarem um MVP, as empresas evitam o desperdício de recursos em recursos e funcionalidades que não sejam necessários ou desejados pelos clientes, tornando o desenvolvimento mais eficiente e econômico.
- Teste no ambiente real: o MVP é testado no ambiente real do mercado, e isso permite que as empresas obtenham dados reais e feedback autêntico, em vez de confiar em simulações ou pesquisas teóricas.
- Minimização de riscos: ao lançarem um MVP no mercado, as empresas reduzem o risco de fracasso. Se o MVP não for bem-sucedido, o impacto financeiro e de tempo será limitado, permitindo que as empresas pivotem, adaptem-se e aprendam com os erros.
As características-chave do MVP representam uma abordagem focada na simplicidade, validação, feedback, agilidade e orientação pelo cliente. Essas características são fundamentais para garantir que o desenvolvimento de produtos seja direcionado pelo mercado, eficaz e capaz de criar soluções que realmente atendam às necessidades dos clientes. O MVP é uma ferramenta valiosa para a inovação e o empreendedorismo, pois permite que as empresas evitem desperdícios e se adaptem rapidamente às demandas do mercado em constante evolução.
Agora que conhecemos a importância do MVP, vamos conhecer exemplos notáveis de empresas que utilizaram o MVP em suas jornadas de desenvolvimento de produtos, destacando casos nacionais e internacionais.
- Dropbox (EUA): o Dropbox, um dos líderes globais em armazenamento em nuvem, lançou um MVP que consistia em um vídeo explicativo que demonstrava como o serviço funcionaria antes de construir a infraestrutura completa. Isso permitiu que a empresa medisse o interesse do mercado e a demanda antes de investir recursos substanciais.
- Twitter (EUA): o Twitter começou como um MVP incrivelmente simples, permitindo aos usuários postar mensagens curtas de texto (tweets). Sua abordagem centrada na simplicidade conquistou o público, e, com base no feedback dos usuários, foram adicionados recursos como retweets, seguidores e hashtags.
- Nubank (Brasil): o Nubank, uma das principais fintechs da América Latina, lançou seu MVP com um cartão de crédito sem anuidade e um aplicativo bancário simples. Com base no feedback dos primeiros clientes, eles aprimoraram seu produto e o expandiram para oferecer serviços bancários completos.
- iFood (Brasil): o iFood, um dos maiores serviços de entrega de alimentos do Brasil, começou com um MVP que oferecia a entrega de comida de restaurantes locais em uma plataforma simples. Com base na demanda inicial, eles expandiram para oferecer uma variedade de opções de restaurantes e serviços.
Esses exemplos demonstram como as empresas utilizaram o conceito do MVP para validar suas ideias e construir produtos de sucesso. A abordagem ágil, orientada para o cliente e focada na simplicidade tem sido fundamental para a inovação e o crescimento dessas empresas. Elas ilustram a universalidade e eficácia do MVP como uma estratégia essencial para empreendedores e empresas que buscam atender às necessidades do mercado de forma eficaz.
A metodologia Lean startup revolucionou a forma como as empresas abordam o desenvolvimento de produtos e a gestão de negócios. No centro dessa abordagem inovadora está o ciclo construir-medir-aprender, que abrange a jornada desde a concepção da ideia até a análise de dados para impulsionar a inovação e o crescimento. Esse ciclo dinâmico, de acordo com Ries (2012), permite que as empresas sejam ágeis, focadas no cliente e orientadas por dados, maximizando suas chances de sucesso.
A primeira etapa do ciclo, segundo o autor supracitado, é o "construir". Aqui, as equipes de empreendedores transformam uma ideia em um Produto Mínimo Viável (MVP), que é uma versão simplificada do produto que contém apenas os recursos essenciais para atender a uma necessidade específica do cliente. O foco é a simplicidade e a agilidade, e o objetivo do construir é transformar a visão em algo tangível que possa ser testado no mercado real.
Após a criação do MVP, Ries (2012), orienta desenvolver a etapa "medir". Nessa fase, o produto é lançado no mercado, e os empreendedores coletam dados cruciais. Eles medem como os clientes interagem com o produto, coletam feedback e examinam métricas relevantes. A medição fornece informações objetivas sobre o desempenho do produto, identificando o que está funcionando e o que não está. Essa análise de dados é fundamental para se tomar decisões informadas.
Segundo Ries (2012), a terceira etapa se refere ao "aprender", quando os empreendedores transformam dados em insights. Eles buscam entender o que os dados revelam, validando ou refutando suas hipóteses iniciais. O aprendizado é a chave para o ciclo Lean startup, pois permite que as equipes pivotem (façam mudanças significativas) ou perseverem (façam pequenos ajustes) com base no feedback real dos clientes.
O ciclo construir-medir-aprender é uma abordagem dinâmica que transforma uma ideia em dados para impulsionar a inovação. Essa metodologia não se limita a produtos, mas se estende a toda a gestão de negócios. Ela coloca a ênfase na agilidade, na adaptação e na busca constante pela melhoria, garantindo que as empresas permaneçam relevantes em um mundo em constante evolução. O ciclo envolve a concepção da ideia, a criação do produto e a análise de dados para se tomar decisões informadas e impulsionar o sucesso empresarial.
Vimos que em um mundo empresarial dinâmico e incerto, o Lean startup, MVP e o ciclo construir-medir-aprender são ferramentas vitais para inovação e sucesso. Priorizando simplicidade, foco no cliente e decisões baseadas em dados, essas abordagens capacitam empresas a evitar desperdícios, mitigar riscos e adaptar-se a mercados em constante mudança. Utilizando MVPs para aprender e o ciclo Lean startup como guia, as empresas estão mais preparadas para enfrentar desafios e aproveitar oportunidades, oferecendo produtos que atendam genuinamente às necessidades dos clientes e impulsionam o crescimento.
Vamos Exercitar?
O empreendedor Luiz Fernando está no caminho certo ao buscar compreender a metodologia Lean startup e suas nuances, que é uma metodologia transformadora para o desenvolvimento de produtos e negócios e cuja importância está em sua abordagem ágil que minimiza riscos e maximiza aprendizado.
O MVP (Produto Mínimo Viável) é essencial; é a versão simplificada de um produto que permite testar hipóteses e obter feedback antes de se investir pesadamente.
O ciclo Lean startup envolve a criação do MVP, medição, aprendizado e iteração, e isso ajuda empresas a inovar de maneira ágil, adaptando-se com base no feedback real.
Os princípios do Lean startup incluem validação de hipóteses, aprendizado validado, métricas de aprendizado, contabilidade de aprendizado e flexibilidade para pivotar, e eles podem ser aplicados no cotidiano profissional, contribuindo para a tomada de decisões baseadas em dados.
O ciclo de construir, medir e aprender influencia diretamente a tomada de decisões, permitindo ação ágil e decisões informadas. Com esses conceitos, o empreendedor Luiz Fernando estará pronto para inovar com sucesso e enfrentar os desafios empresariais com confiança.
Saiba mais...
Amplie os seus conhecimentos assistindo ao filme AIR: A História Por Trás do Logo; nele, é possível identificar como desenvolver o produto mínimo viável é essencial para conquistar o cliente.
Sugerimos, também, a leitura do capítulo 4 do livro Startups: nos mares dos dragões, de Miceli e Salvador, em que nos são apresentados casos e lições de empreendimentos clássicos de sucesso construídos a partir do zero.
O artigo Lean Startup e MVP: entendendo e aplicando os conceitos é uma excelente fonte de informações sobre como aplicar os princípios da Lean startup e o conceito de MVP (Minimum Viable Product) no desenvolvimento de novos negócios; ele fornece insights valiosos para quem deseja entender melhor esses conceitos e aplicá-los no mundo empreendedor.
AULA 3
STARTUPS
Startup: características e estágios
A palavra "startup" tem origem na língua inglesa e é derivada do verbo to start up, que significa iniciar ou começar. O termo começou a ser amplamente usado nos Estados Unidos durante a década de 1970, especialmente no contexto das empresas de tecnologia e informática. Com o tempo, startup passou a se referir a empresas jovens, geralmente, de base tecnológica, que estão em seus estágios iniciais de desenvolvimento e têm potencial para crescimento rápido. A popularização do termo aconteceu durante a bolha das empresas de internet na década de 1990 e, desde então, tornou-se comum no mundo dos negócios e empreendedorismo global.
A Lei Complementar n° 182/2021, popularmente chamada de Marco Legal das Startups, introduziu significativas alterações e regulamentações inovadoras para esse segmento empresarial. Seu propósito principal é promover e aprimorar o empreendedorismo inovador no Brasil, impulsionando, ao mesmo tempo, a modernização do cenário de negócios. No seu capítulo II, artigo 4º, as startups são definidas como “As organizações empresariais ou societárias, nascentes ou em operação recente, cuja atuação caracteriza-se pela inovação aplicada a modelo de negócios ou a produtos ou serviços ofertados” (Brasil, 2021, [s. p.]).
Ries (2012, p. 14-15) comenta sobre o objetivo da startup:
Startups existem não apenas para fabricar coisas, ganhar dinheiro ou mesmo atender clientes. Elas existem para aprender a desenvolver um negócio sustentável. Essa aprendizagem pode ser validada cientificamente por meio de experimentos frequentes que permitem aos empreendedores testar cada elemento de sua visão.
Para Vilenky (2021), na essência das startups encontra-se uma abordagem inovadora na maneira como concebem soluções para desafios reais, caracterizando-se pela constante criação e aprimoramento de suas soluções, ao mesmo tempo em que mantêm uma postura inovadora por definição. Portanto, para que uma empresa possa se enquadrar na categoria de startup, é fundamental que ela demonstre algumas características essenciais que a habilitem a adotar esse modelo:
- Ser inovadora: a inovação em uma startup se refere à capacidade de pensar de forma criativa e original para resolver problemas existentes ou atender às necessidades dos clientes de maneira única. Envolve o desenvolvimento de produtos, serviços ou modelos de negócios que se destacam no mercado devido à sua originalidade. Exemplo: a SpaceX, uma empresa de exploração espacial fundada por Elon Musk, é um excelente exemplo de inovação, revolucionando a indústria espacial ao desenvolver foguetes reutilizáveis e tornando as viagens espaciais mais acessíveis e sustentáveis.
- Ser escalável: escalabilidade em uma startup se refere à capacidade de crescer de maneira eficaz e rápida, aumentando a receita sem um aumento proporcional nos custos. Isso permite que a empresa expanda suas operações e alcance um público mais amplo. Exemplo: o Slack, um aplicativo de comunicação empresarial, é um exemplo de escalabilidade, pois começou como uma ferramenta para equipes e, à medida que ganhou popularidade, expandiu-se para atender a grandes empresas, mantendo custos operacionais relativamente baixos.
- Ser dinâmica: dinamismo em uma startup significa ser ágil na tomada de decisões, adaptar-se rapidamente às mudanças no mercado e responder eficazmente a desafios imprevistos, bem como envolve a flexibilidade e a disposição para ajustar o curso quando necessário. Exemplo: o Zoom Vídeo Communications é um exemplo de startup dinâmica. Durante a pandemia de COVID-19, eles adaptaram rapidamente sua plataforma de videoconferência para atender às necessidades de trabalho remoto e educação a distância, respondendo às mudanças na demanda do mercado.
- Ser automatizada: a automação envolve a capacidade de uma startup entregar produtos ou serviços de maneira eficiente, padronizada e consistente em larga escala, muitas vezes, por meio de processos automatizados, reduzindo custos e melhorando a eficiência operacional. Exemplo: a Amazon é um exemplo notável de automação em uma startup. Eles usam robôs em seus centros de distribuição para automatizar o processo de embalagem e envio de pedidos, permitindo-lhes atender a um grande número de clientes de forma eficaz e consistente.
Segundo Alves (2020), os estágios da evolução de uma startup são fundamentais para se compreender como uma ideia inicial se transforma em um negócio de sucesso. Vamos explorar em detalhes cada um desses estágios: hipótese, validação, negócio e escala.
- O estágio da hipótese é o ponto de partida de uma startup. Nesse estágio, os empreendedores têm uma ideia inicial, que é uma suposição ou uma hipótese de como resolver um problema ou atender a uma necessidade do mercado. Nesse ponto, muitas perguntas permanecem sem resposta, e o principal objetivo é validar se a ideia tem potencial.
- No estágio validação, a startup se concentra em validar suas hipóteses iniciais, e isso envolve testar o conceito no mercado real para determinar se ele é viável e se os clientes estão dispostos a usá-lo.
- No estágio negócio, a startup está pronta para transformar-se em um negócio plenamente funcional. As hipóteses foram validadas e a startup tem um modelo de negócios sólido e uma base de clientes que continua crescendo.
- A fase de escala é quando a startup busca um crescimento acelerado e a expansão para mercados nacionais e internacionais. O objetivo é se tornar uma empresa de grande porte com presença global.
O desafio de escalar o negócio
Para Alves (2020), escalar um negócio em uma startup é uma ambição que muitos empreendedores almejam, no entanto, esse caminho é permeado por desafios significativos que demandam abordagens estratégicas e resiliência. A gestão de recursos humanos se torna uma questão central à medida que a startup cresce, e a necessidade de aumentar a equipe é inevitável, mas encontrar, atrair e manter talentos qualificados é uma tarefa desafiadora. Além disso, manter uma cultura organizacional coesa e alinhada com a visão da empresa torna-se mais complexo com o crescimento, e isso pode ser ainda mais complicado quando a equipe é distribuída geograficamente.
Outro ponto a ser considerado, segundo Alves (2020), é a escassez de recursos financeiros, que é um obstáculo recorrente para startups em crescimento. À medida que buscam expandir suas operações, precisam de investimentos significativos para cobrir despesas como marketing, infraestrutura e contratação. A falta de capital pode atrasar o crescimento e prejudicar a capacidade de se competir eficazmente no mercado.
De acordo com Alves (2020), a tecnologia desempenha um papel crítico no crescimento, e a escalabilidade tecnológica se torna um fator-chave. Problemas nessa área, como infraestrutura de TI incapaz de acompanhar o aumento na demanda podem resultar em quedas no serviço, tempos de inatividade e insatisfação dos clientes, portanto, manter sistemas eficientes e escaláveis é essencial.
Segundo Alves (2020), manter a qualidade dos produtos ou serviços oferecidos é fundamental, mas isso se torna mais complexo à medida que a empresa cresce. O controle de qualidade é um desafio constante, e manter padrões elevados é essencial para atender às expectativas dos clientes.
“Vale da morte”
O "vale da morte" (em inglês, valley of death) é um termo frequentemente utilizado no contexto das startups e do empreendedorismo para se referir a um estágio crítico e desafiador no desenvolvimento de uma nova empresa.
Segundo Gulbrandsen (2009), o "vale da morte" ocorre, geralmente, após a fase inicial de financiamento de uma startup. Nesse ponto, a empresa já utilizou os recursos iniciais, como investimentos de fundadores, investidores anjo ou capital semente, para desenvolver seu produto ou serviço e lançá-lo no mercado, no entanto, ela ainda não é capaz de gerar receita suficiente para cobrir seus custos operacionais. Trata-se de uma fase crítica, em que a startup se vê em uma posição de "queima de caixa", gastando mais dinheiro do que ganhando, e os principais desafios do "Vale da Morte" são:
- Obtenção de financiamento adicional: para continuar operando e crescer, a startup, muitas vezes, precisa atrair novos investidores ou obter financiamento adicional, e isso pode ser uma tarefa desafiadora, pois os investidores procuram evidências de que a empresa é viável.
- Validação do modelo de negócios: a startup precisa demonstrar que seu modelo de negócios é viável e que existe demanda suficiente pelo que ela oferece, e isso envolve encontrar um mercado-alvo, ganhar tração e provar que o produto ou serviço atende a uma necessidade real.
- Pressão por resultados: a pressão é alta para alcançar resultados mensuráveis e tangíveis, e o fracasso em mostrar progresso pode levar a dificuldades na aquisição de mais financiamento ou ao desinteresse de investidores.
- Superar a incerteza do mercado: o mercado pode ser altamente competitivo e volátil, logo, as startups devem ser ágeis e capazes de se adaptar a mudanças nas condições do mercado.
O "vale da morte" é uma etapa crítica e desafiadora no desenvolvimento de startups, mas também uma oportunidade de aprendizado e crescimento. Consciente dos desafios que esse período apresenta, uma startup pode criar estratégias mais sólidas, atrair investidores e, eventualmente, alcançar o sucesso a longo prazo. Trata-se de um estágio inevitável e valioso na jornada empreendedora, em que a resiliência e a determinação desempenham um papel fundamental.
Até aqui, estudamos que as startups representam a essência da inovação e da ousadia empreendedora, buscando revolucionar mercados, impulsionar mudanças e oferecer soluções inovadoras. Já o "vale da morte" representa um momento crítico nessa jornada, em que os recursos iniciais se esgotam e a incerteza do mercado é elevada, no entanto, é nesse ponto de inflexão que a resiliência e a capacidade de adaptação se tornam os trunfos mais valiosos. Aqueles que superam o "vale da morte", frequentemente, emergem mais fortes, demonstrando a viabilidade de seus modelos de negócio e deixando um legado de sucesso duradouro.
O desafio de escalar o negócio
Para Alves (2020), escalar um negócio em uma startup é uma ambição que muitos empreendedores almejam, no entanto, esse caminho é permeado por desafios significativos que demandam abordagens estratégicas e resiliência. A gestão de recursos humanos se torna uma questão central à medida que a startup cresce, e a necessidade de aumentar a equipe é inevitável, mas encontrar, atrair e manter talentos qualificados é uma tarefa desafiadora. Além disso, manter uma cultura organizacional coesa e alinhada com a visão da empresa torna-se mais complexo com o crescimento, e isso pode ser ainda mais complicado quando a equipe é distribuída geograficamente.
Outro ponto a ser considerado, segundo Alves (2020), é a escassez de recursos financeiros, que é um obstáculo recorrente para startups em crescimento. À medida que buscam expandir suas operações, precisam de investimentos significativos para cobrir despesas como marketing, infraestrutura e contratação. A falta de capital pode atrasar o crescimento e prejudicar a capacidade de se competir eficazmente no mercado.
De acordo com Alves (2020), a tecnologia desempenha um papel crítico no crescimento, e a escalabilidade tecnológica se torna um fator-chave. Problemas nessa área, como infraestrutura de TI incapaz de acompanhar o aumento na demanda podem resultar em quedas no serviço, tempos de inatividade e insatisfação dos clientes, portanto, manter sistemas eficientes e escaláveis é essencial.
Segundo Alves (2020), manter a qualidade dos produtos ou serviços oferecidos é fundamental, mas isso se torna mais complexo à medida que a empresa cresce. O controle de qualidade é um desafio constante, e manter padrões elevados é essencial para atender às expectativas dos clientes.
“Vale da morte”
O "vale da morte" (em inglês, valley of death) é um termo frequentemente utilizado no contexto das startups e do empreendedorismo para se referir a um estágio crítico e desafiador no desenvolvimento de uma nova empresa.
Segundo Gulbrandsen (2009), o "vale da morte" ocorre, geralmente, após a fase inicial de financiamento de uma startup. Nesse ponto, a empresa já utilizou os recursos iniciais, como investimentos de fundadores, investidores anjo ou capital semente, para desenvolver seu produto ou serviço e lançá-lo no mercado, no entanto, ela ainda não é capaz de gerar receita suficiente para cobrir seus custos operacionais. Trata-se de uma fase crítica, em que a startup se vê em uma posição de "queima de caixa", gastando mais dinheiro do que ganhando, e os principais desafios do "Vale da Morte" são:
- Obtenção de financiamento adicional: para continuar operando e crescer, a startup, muitas vezes, precisa atrair novos investidores ou obter financiamento adicional, e isso pode ser uma tarefa desafiadora, pois os investidores procuram evidências de que a empresa é viável.
- Validação do modelo de negócios: a startup precisa demonstrar que seu modelo de negócios é viável e que existe demanda suficiente pelo que ela oferece, e isso envolve encontrar um mercado-alvo, ganhar tração e provar que o produto ou serviço atende a uma necessidade real.
- Pressão por resultados: a pressão é alta para alcançar resultados mensuráveis e tangíveis, e o fracasso em mostrar progresso pode levar a dificuldades na aquisição de mais financiamento ou ao desinteresse de investidores.
- Superar a incerteza do mercado: o mercado pode ser altamente competitivo e volátil, logo, as startups devem ser ágeis e capazes de se adaptar a mudanças nas condições do mercado.
O "vale da morte" é uma etapa crítica e desafiadora no desenvolvimento de startups, mas também uma oportunidade de aprendizado e crescimento. Consciente dos desafios que esse período apresenta, uma startup pode criar estratégias mais sólidas, atrair investidores e, eventualmente, alcançar o sucesso a longo prazo. Trata-se de um estágio inevitável e valioso na jornada empreendedora, em que a resiliência e a determinação desempenham um papel fundamental.
Até aqui, estudamos que as startups representam a essência da inovação e da ousadia empreendedora, buscando revolucionar mercados, impulsionar mudanças e oferecer soluções inovadoras. Já o "vale da morte" representa um momento crítico nessa jornada, em que os recursos iniciais se esgotam e a incerteza do mercado é elevada, no entanto, é nesse ponto de inflexão que a resiliência e a capacidade de adaptação se tornam os trunfos mais valiosos. Aqueles que superam o "vale da morte", frequentemente, emergem mais fortes, demonstrando a viabilidade de seus modelos de negócio e deixando um legado de sucesso duradouro.
Vamos Exercitar?
Maria subiu ao palco com entusiasmo e se dirigiu à plateia ansiosa: "Vamos falar sobre startups, que são empresas inovadoras, frequentemente de pequeno porte, que buscam soluções criativas para problemas, muitas vezes, utilizando tecnologia. O que as diferencia das empresas tradicionais é sua busca contínua por crescimento e adaptabilidade ao mercado."
A plateia, por sua vez, ansiava por mais, e Maria continuou: "Agora, falemos sobre o ‘vale da morte’, que diz respeito a um período crítico, em que startups enfrentam desafios financeiros ao tentar crescer. É como uma planta pequena que precisa se expandir para sobreviver, e muitas lutam para encontrar investidores, clientes ou estratégias sólidas."
A audiência estava atenta, ciente da importância do tema, logo, Maria prosseguiu sorrindo: "Há soluções para superar o ‘vale da morte’. Buscar investidores, como fundos de capital de risco, é uma estratégia comum; além disso, o controle financeiro e a compreensão do mercado são essenciais, bem como a adaptabilidade e a resiliência, pois muitas startups enfrentam desafios antes do sucesso."
Maria, por fim, encerrou com uma mensagem inspiradora: "o empreendedorismo é desafiador, mas recompensador. Compreender startups, o 'vale da morte' e estratégias de escalabilidade pode levar ao sucesso. Mantenham a curiosidade, aprendam com os erros e nunca desistam”.
Saiba mais...
A fim de que possa ampliar os seus conhecimentos de startups, sugerimos que assista ao filme A Rede Social (2010), dirigido por David Fincher, que narra a história da criação do Facebook por Mark Zuckerberg e seus colegas da Universidade de Harvard.
Leia, também, o artigo do SEBRAE intitulado A taxa de sobrevivência das empresas no Brasil; nele você verá elementos que concorreram para o encerramento das empresas.
Ouça o podcast Start Podcast, apresentado por Fabrício Carraro e Marcus Wilkerson, que discute tópicos relacionados a startups, inovação e empreendedorismo, trazendo insights de convidados e especialistas da área.
AULA 4
METODOLOGIAS DE GESTÃO
Business Model Canvas
O Business Model Canvas, frequentemente referido como "Canvas," foi criado por Alexander Osterwalder e Yves Pigneur e apresentado pela primeira vez no livro Business Model Generation, lançado em 2010. O Canvas é uma ferramenta que oferece uma estrutura visual para descrever, projetar, desafiar e inovar modelos de negócios.
A criação do Canvas ocorreu como resultado de esforços de pesquisa e colaboração entre Osterwalder, Pigneur e outros colaboradores. Eles estavam empenhados em simplificar a representação de modelos de negócios de uma forma que fosse acessível, intuitiva e eficaz; tradicionalmente, as descrições de modelos de negócios eram feitas em documentos longos e complexos, o que tornava difícil a compreensão das estratégias de negócios.
De acordo com Osterwalder (2011), o Canvas foi projetado para preencher essa lacuna, proporcionando uma abordagem mais visual e concisa para representar um modelo de negócios com base em nove elementos principais, que são organizados em um quadro visual:
Segundo Osterwalder (2011), a proposta de valor descreve o que torna o seu produto ou serviço único e valioso para os clientes, bem como responde à pergunta: "Por que os clientes escolheriam o que está oferecendo?". A proposta de valor define os benefícios, características e vantagens competitivas do produto ou serviço.
Já o segmento de clientes, segundo Osterwalder (2011), refere-se aos grupos de pessoas ou empresas que se pretende atender com a proposta de valor; para tanto, é fundamental entender quem são os clientes-alvo, suas necessidades e características, para adaptar a estratégia de negócios a eles. O relacionamento com os clientes, por sua vez, de acordo com Osterwalder (2011), descreve o tipo de relacionamento que se estabelece com os clientes para conquistá-los e mantê-los, podendo variar entre relacionamentos pessoais, assistência técnica, automação, comunidade online e outros.
Os canais, para Osterwalder (2011), representam os meios pelos quais a empresa alcançará seus clientes e entregará sua proposta de valor, e isso inclui canais de vendas, marketing, distribuição e comunicação, e é preciso escolher os canais mais eficazes para alcançar o público-alvo.
Osterwalder (2011) entende que as atividades-chave são os principais processos e atividades que a empresa precisa realizar para criar e entregar valor aos clientes, como produção, marketing, pesquisa e desenvolvimento, logística, entre outros. Os parceiros-chave, de acordo com Osterwalder (2011), são organizações ou empresas externas que colaboram para a criação e entrega de valor, e isso pode incluir fornecedores, aliados estratégicos, distribuidores ou qualquer outra entidade que desempenhe um papel crítico em seu modelo de negócios.
Os recursos-chave, para o autor supracitado, são os recursos essenciais que a empresa precisa para operar eficazmente, e isso inclui recursos físicos, intelectuais, humanos e financeiros. Os Recursos-chave são essenciais para a entrega da proposta de valor e a execução das atividades-chave. Por sua vez, a estrutura de custos detalha todos os custos envolvidos na operação do modelo de negócios, e isso inclui custos fixos e variáveis, como salários, aluguel, matéria-prima, marketing etc. Compreender os custos é fundamental para se determinar a viabilidade financeira do negócio.
As fontes de receitas, segundo Osterwalder (2011), descrevem como sua empresa gera renda, podendo incluir vendas de produtos, assinaturas, publicidade, licenciamento, entre outros; aliás, a identificação e a diversificação das fontes de receita são fundamentais para a sustentabilidade do negócio.
Gestão de projetos e metodologias ágeis
Para Maximiniano e Veronese (2022), o projeto é um esforço planejado e temporário, com um conjunto específico de objetivos a serem alcançados dentro de um prazo determinado e com recursos limitados. Cada projeto é uma jornada única que visa criar um produto, serviço ou resultado claramente definido, diferenciando-se das operações contínuas de uma organização.
De acordo com Maximiniano e Veronese (2022), a natureza temporária de um projeto implica um começo e um fim, em contraste com as atividades de rotina, e o objetivo do projeto é entregar algo novo, único ou aprimorado, atendendo às necessidades ou resolvendo problemas identificados.
Segundo Kerzner (2020), os recursos como tempo, orçamento, mão de obra e materiais são alocados e gerenciados com cuidado em um projeto, que é composto de várias etapas inter-relacionadas, cada uma com suas próprias tarefas e responsabilidades. O planejamento, a execução, o monitoramento e o controle de um projeto são atividades cruciais que garantem que o objetivo seja alcançado de maneira eficiente e eficaz; além disso, os projetos envolvem algum grau de incerteza e risco, que deve ser avaliado e gerenciado ao longo do ciclo de vida do projeto.
Maximiniano e Veronese (2022) entendem que a gestão de projetos é uma abordagem estruturada que visa planejar, executar e controlar projetos de forma eficaz. Suas etapas principais incluem a iniciação do projeto, o planejamento detalhado, a execução das tarefas, o monitoramento do progresso e o encerramento ordenado. Gerir bem o projeto é crucial para atingir metas, cumprir prazos e entregar resultados de alta qualidade, beneficiando-se de metodologias e ferramentas específicas para padronizar processos e otimizar a colaboração da equipe.
Camargo e Ribas (2019) afirmam que a gestão ágil de projetos se baseia em uma variedade de ferramentas e práticas para facilitar o desenvolvimento de projetos de forma flexível e iterativa; para eles, o Scrum é um dos métodos ágeis mais populares para a gestão de projetos e o desenvolvimento de produtos. Maximiniano e Veronese (2022) abordam que o Scrum é um framework composto de papéis, artefatos e eventos.
- Papéis no Scrum:
- Scrum master: é o responsável por garantir que a equipe de desenvolvimento siga os princípios do Scrum; eles eliminam obstáculos, facilitam reuniões e ajudam a equipe a melhorar continuamente.
- Product owner: é o representante do cliente ou do usuário final e responsável por definir as prioridades do backlog do produto e garantir que a equipe esteja construindo o que é mais valioso para o cliente.
- Equipe de desenvolvimento: é composta de profissionais que realizam o trabalho real de criar o produto. Eles são multifuncionais e autogerenciados.
- Artefatos do Scrum:
- Backlog do produto (Product Backlog): é uma lista priorizada de funcionalidades, melhorias e requisitos do projeto. O Product Owner é responsável por manter o backlog do produto atualizado e priorizado.
- Backlog da sprint (Sprint Backlog): é uma seleção de itens do backlog do produto que a equipe de desenvolvimento planeja concluir durante uma iteração específica, chamada de sprint.
- Incremento: é o produto parcialmente completo no final de cada Sprint. O objetivo é ter um incremento potencialmente entregável que agregue valor ao cliente.
- Eventos do Scrum:
- Sprint: é um tempo fixo, geralmente 2 a 4 semanas, durante o qual a equipe de desenvolvimento trabalha para entregar um incremento do produto.
- Sprint planning: no início de cada sprint, a equipe de desenvolvimento realiza uma reunião de planejamento para selecionar e se comprometer com os itens do backlog da sprint.
- Daily: é uma reunião diária curta na qual a equipe compartilha o que fez, o que fará e quais obstáculos estão enfrentando.
- Sprint review: no final de cada sprint, a equipe de desenvolvimento demonstra o incremento do produto aos stakeholders e obtém feedback.
- Sprint retrospective: após a revisão da sprint, a equipe realiza uma retrospectiva para identificar melhorias no processo e no trabalho da equipe.
- Princípios do Scrum:
- Transparência: toda informação relevante deve ser visível para todos os envolvidos.
- Inspeção: a equipe deve inspecionar regularmente o progresso e os resultados, para identificar problemas.
- Adaptação: com base nas inspeções, a equipe deve se adaptar, fazendo ajustes e melhorias para otimizar o processo.
- Ciclo de vida do Scrum:
- Um projeto Scrum é dividido em iterações, chamadas de sprints.
- Em cada sprint, a equipe desenvolve um incremento do produto.
- O processo se repete até que o produto esteja completo ou o projeto seja encerrado.
O Scrum é especialmente adequado para projetos cujos requisitos sejam voláteis ou não totalmente conhecidos no início, bem como a entrega de valor incremental seja desejada. Ele promove a colaboração, a flexibilidade e a capacidade de resposta a mudanças, tornando-se uma metodologia valiosa para uma ampla gama de setores e tipos de projetos
Até este momento, vimos que o Business Model Canvas é uma ferramenta eficaz para definir estratégias de negócios de forma visual e concisa. A gestão de projetos é essencial para se planejar, executar e controlar empreendimentos com sucesso. O Scrum, um método ágil popular, destaca a importância da flexibilidade e da colaboração, permitindo entregas incrementais. Juntos, esses conceitos fortalecem a capacidade das organizações de inovar, adaptar-se e entregar valor, tornando-se elementos cruciais em ambientes de negócios dinâmicos.
Vamos Exercitar?
A resposta para as dúvidas da Julian está na aplicação cuidadosa do Canvas, na integração inteligente da gestão de projetos com as metodologias ágeis. Para garantir que os projetos sejam bem planejados e executados de forma eficaz, a Julia pode usar o Canvas, que é como um quadro de detalhes para um projeto, em que ela lista tudo o que é importante, a fim de planejar de forma abrangente, considerando todos os aspectos fundamentais, como objetivos, custos e riscos.
Para lidar com mudanças no ambiente de negócios de forma ágil, Julia pode adotar métodos ágeis, e para garantir que a equipe tome decisões rápidas e bem fundamentadas, a equipe de Julia pode ser ágil por meio da colaboração e responsabilidade compartilhada. Todos na equipe contribuem com suas ideias, tornando as decisões mais informadas, e para encontrar um equilíbrio entre estrutura e flexibilidade, Julia pode usar o Canvas para criar uma estrutura sólida no início, depois, a equipe pode usar métodos ágeis para permanecer flexível e fazer ajustes, conforme necessário, durante o projeto..
Saiba mais.....
Recomendamos que assista ao filme Apolo 13, de 1995, que aborda a gestão de projetos e a liderança de equipe de uma maneira emocionante e inspiradora. O filme é baseado em eventos reais e conta a história da missão Apollo 13, da NASA, que enfrentou graves problemas técnicos no espaço.
Além disso, o Sebrae Canvas é uma ferramenta de planejamento de negócios oferecida pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), e essa ferramenta é uma adaptação do famoso Business Model Canvas, de Alexander Osterwalder e Yves Pigneur, voltado especificamente para empreendedores e pequenas empresas.
Por fim, para aprofundar o conhecimento de metodologias ágeis, leia o artigo Metodologias ágeis podem ajudar seu negócio a enfrentar desafios, desenvolvido pelo Sebrae.
AULA 5
ENCERRAMENTO DA UNIDADE
Considere que você é um consultor de negócios e foi contratado pela StartupVision, uma empresa recém-criada por um grupo de jovens empreendedores apaixonados por tecnologia que tem uma ideia inovadora para um aplicativo de realidade aumentada que revolucionará o turismo urbano. Esses jovens estão entusiasmados e têm grandes expectativas, mas estão enfrentando desafios na transformação de sua visão em realidade, por isso, listaram os questionamentos que esperam que você responda:
- Como a StartupVision pode criar um plano de negócios sólido que articule sua visão e objetivos inovadores?
- Como a abordagem Lean startup e o MVP podem ser aplicados para validar a viabilidade de seu conceito?
- Como superar o "vale da morte" e garantir a sobrevivência e o crescimento da StartupVision?
- De que maneira o Canvas de modelo de negócios pode ajudar a visualizar e estruturar o empreendimento?
- Como as metodologias ágeis podem ser usadas para gerenciar o desenvolvimento do aplicativo de realidade aumentada?
Você sabe o que pode ajudá-lo a solucionar esse desafio? Os conceitos e estratégias aprendidos na unidade! A aplicação deles resultará em uma abordagem mais fundamentada e eficiente para o desenvolvimento da startup.
Após analisar o cenário da StartupVision e as questões apresentadas, você pode oferecer as seguintes recomendações:
- Plano de negócios sólido: inicialmente, a StartupVision deve desenvolver um plano de negócios que inclua uma clara visão da empresa, seus objetivos a longo e curto prazo, estratégias de mercado e detalhes financeiros. Isso garantirá que todos os envolvidos tenham uma compreensão compartilhada da direção da empresa.
- Abordagem Lean e MVP: para validar a viabilidade de seu aplicativo, a StartupVision deve adotar a abordagem Lean startup. Pode-se criar um MVP (Produto Mínimo Viável) do aplicativo com as funcionalidades essenciais e, em seguida, testá-lo com um grupo seleto de usuários para coletar feedback e fazer ajustes com base nesse feedback, possibilitando que a empresa economize tempo e recursos.
- Superação do "vale da morte": a StartupVision deve estar preparada para enfrentar obstáculos financeiros iniciais, para isso, pode procurar investidores, buscar parcerias estratégicas e considerar fontes alternativas de financiamento. Além disso, manter um olhar atento sobre as métricas-chave de desempenho contribui para decisões informadas e a sobrevivência da empresa.
- Utilização do Canvas de modelo de negócios: a StartupVision pode empregar o Canvas de modelo de negócios para mapear os componentes-chave de seu negócio, incluindo proposta de valor, segmento de clientes, canais de distribuição e fontes de receita. Isso fornecerá uma visão clara da estrutura da empresa e de como os elementos se relacionam.
- Metodologias ágeis na gestão do desenvolvimento: para gerenciar o desenvolvimento do aplicativo de realidade aumentada, a StartupVision pode adotar metodologias ágeis, como Scrum ou Kanban. Isso permitirá que a equipe trabalhe de forma mais flexível e colaborativa, respondendo rapidamente às mudanças de requisitos e às necessidades do mercado.
Com essas ações, a StartupVision estará mais bem preparada para transformar sua visão inovadora em realidade e enfrentar os desafios iniciais com eficácia.
A história da gestão de projetos é uma jornada fascinante que abrange décadas de desenvolvimento e evolução. Ao longo desse percurso, a gestão de projetos passou de uma prática rudimentar e desorganizada para se tornar uma disciplina altamente sofisticada e essencial em uma ampla gama de setores e indústrias.
Na linha do tempo a seguir, exploraremos os principais marcos e transformações que moldaram a gestão de projetos, desde suas raízes iniciais até a era contemporânea, em que a tecnologia e as metodologias ágeis desempenham um papel fundamental na otimização de processos e na entrega de projetos bem-sucedidos. Vamos viajar pela história da gestão de projetos e observar como ela se tornou um pilar central na busca da eficiência e do sucesso nos empreendimentos em todo o mundo.
Essa linha do tempo destacou as principais fases e desenvolvimentos na evolução da gestão de projetos ao longo das décadas.
UNIDADE 3
INOVAÇÃO E OS PROCESSOS
DE INOVAÇÃO
Aula 1
Inovação e Seus Principais Tipos de Aplicação
Os 10 tipos de inovação
Inovação fechada versus inovação aberta
A inovação é um motor fundamental para o progresso e a competitividade em qualquer setor, e duas abordagens principais para impulsioná-la são a inovação fechada e a inovação aberta. Segundo Santos (2023), a inovação fechada, também conhecida como inovação interna, é uma abordagem em que uma organização desenvolve internamente novas ideias, produtos, processos ou tecnologias sem recorrer a colaborações ou parcerias externas, além disso, essa abordagem se baseia na crença de que a empresa detém o conhecimento, a expertise e os recursos necessários para inovar dentro de suas próprias fronteiras, mantendo um controle estrito sobre o processo de inovação. De acordo com Sanmartim (2012), a inovação fechada possui várias características distintas que a diferenciam de outras abordagens, como:
- Controle: a característica fundamental da inovação fechada é o controle total por parte da organização, e isso significa que a empresa mantém a propriedade intelectual de todas as inovações desenvolvidas, o que lhe confere a capacidade de gerenciar estrategicamente o uso e a divulgação dessas inovações.
- Sigilo: a inovação fechada, muitas vezes, envolve um alto nível de sigilo, uma vez que as empresas estão focadas em proteger suas ideias e tecnologias proprietárias, e isso pode incluir a utilização de acordos de confidencialidade e medidas de segurança para evitar vazamentos de informações.
- Recursos internos: as organizações que adotam a inovação fechada confiam, principalmente, em seus próprios recursos e expertise para impulsionar a inovação. Elas investem em pesquisa e desenvolvimento internos, laboratórios de inovação e equipes especializadas para conduzir o processo de criação.
- Autonomia: a inovação fechada permite que as empresas tenham controle total do ritmo e da direção da inovação, sem depender de terceiros, e isso proporciona flexibilidade para se adaptar às necessidades e estratégias específicas da organização.
A inovação fechada desempenha um papel importante em diversos contextos, especialmente em indústrias em que a propriedade intelectual e o segredo são cruciais. Além disso, tanto Santos (2023) como Sanmartim (2012) salientam que a inovação fechada oferece algumas vantagens significativas:
- Proteção de ativos intelectuais: a inovação fechada permite que as empresas protejam efetivamente seus ativos intelectuais e tecnologias proprietárias, minimizando o risco de vazamentos ou apropriação indevida.
- Foco na visão da empresa: a autonomia proporcionada pela inovação fechada permite que as organizações sigam sua própria visão e estratégia, sem compromissos externos que possam desviá-las de seus objetivos.
- Velocidade e eficiência: como não há necessidade de coordenação externa, a inovação fechada pode ser mais eficiente e rápida, permitindo o desenvolvimento ágil de novas soluções.
- Controle de custos: a organização tem controle dos custos de pesquisa e desenvolvimento, já que não precisa compartilhar recursos com parceiros externos.
Segundo Tajra e Ribeiro (2020), a inovação fechada também tem limitações; ela pode limitar a exposição a novas perspectivas e ideias externas, o que pode prejudicar a criatividade e a diversidade de abordagens, além disso, em um mundo cada vez mais globalizado e interconectado, a inovação fechada pode se tornar menos relevante em alguns setores, à medida que as empresas buscam colaborações e parcerias para enfrentar desafios complexos.
A fim de que possa compreender melhor a inovação fechada, utilizaremos o exemplo da Apple, a gigante da tecnologia californiana conhecida por desenvolver internamente tanto seu hardware quanto seu software, mantendo um controle rígido sobre seu ecossistema. Isso tudo permitiu à Apple criar produtos icônicos, como o iPhone e o MacBook, que se destacam pela qualidade e integração.
Em 2003, o acadêmico e pesquisador norte-americano Henry Chesbrough publicou o livro Open Innovation: The New Imperative for Creating and Profiting from Technology, e ele foi fundamental na definição e popularização do conceito de inovação aberta, pois a inovação aberta desafiou a abordagem tradicional de inovação, na qual as empresas dependiam principalmente de seus próprios recursos e conhecimentos internos para desenvolver novos produtos, serviços e tecnologias.
Segundo Chesbrough et al. (2023), a ideia fundamental por trás da inovação aberta é que as organizações não devem se limitar à pesquisa e desenvolvimento internos, mas, sim, buscar ideias, insights e recursos fora de suas fronteiras. Esse novo paradigma de inovação reconhece que as melhores ideias podem surgir de fontes externas, como universidades, startups, fornecedores, clientes e até mesmo concorrentes. A colaboração e a abertura a contribuições externas são vistas como catalisadores essenciais para impulsionar a inovação de maneira mais rápida, eficaz e eficiente.
Para Tajra e Ribeiro (2020), a globalização, o avanço tecnológico e a crescente conectividade desempenharam um papel significativo no surgimento da inovação aberta. O acesso fácil à informação, a comunicação instantânea e as redes de colaboração global permitiram que as organizações se engajassem em redes de inovação mais amplas e diversificadas, e essa mudança de paradigma também é uma resposta à crescente complexidade do ambiente de negócios, à rápida obsolescência de tecnologias e à necessidade de atender às demandas dos clientes de forma mais ágil.
Segundo Santos (2017), as características distintivas da inovação aberta incluem a colaboração externa ativa, o fluxo contínuo de ideias e informações, a flexibilidade para se adaptar a mudanças no ambiente de negócios e a gestão estratégica de portfólio de inovação. Essa abordagem não apenas permite que as empresas acessem conhecimentos e recursos externos, mas também reduz riscos ao se compartilhar custos e responsabilidades com parceiros. Ela acelera a inovação, cria valor e estimula a criatividade e a diversidade de perspectivas.
O Google é uma das empresas mais proeminentes a adotar e promover a inovação aberta como parte central de sua estratégia de negócios; ele desenvolveu o sistema operacional Android como uma plataforma de código aberto para dispositivos móveis, e o Android é disponibilizado gratuitamente para fabricantes de smartphones e tablets, permitindo que eles personalizem e utilizem o sistema operacional em seus dispositivos, criando um ecossistema de dispositivos Android diversificado e amplamente adotado, com milhares de aplicativos desenvolvidos por terceiros na Google Play Store.
De acordo com Chesbrough et al. (2017), a inovação aberta representa uma ruptura com o modelo tradicional de pesquisa e desenvolvimento (P&D) que prevalecia nas organizações. Esse novo paradigma destaca a permeabilidade das fronteiras organizacionais para o fluxo de conhecimento. Diferentes tipos de inovação aberta emergem como estratégias cruciais para empresas que buscam competitividade e sustentabilidade em mercados dinâmicos. Vamos conhecê-los, conforme as explicações de Chesbrough et al. (2017):
- Inovação inbound (entrada): envolve a absorção de ideias e tecnologias externas para melhorar os processos internos. Este modelo reflete a compreensão de que nem todo conhecimento útil reside dentro da organização. Portanto, a colaboração com universidades, institutos de pesquisa, startups e até concorrentes pode ser um caminho para acelerar a inovação e reduzir os custos de P&D.
- Inovação outbound (saída): foca na externalização de inovações internas não utilizadas. Isso pode incluir a venda ou licenciamento de patentes, a criação de spin-offs ou a formação de joint ventures. Este tipo de inovação aberta reconhece que nem toda inovação gerada internamente se alinha com os objetivos estratégicos da empresa, mas pode gerar valor em outras aplicações ou mercados.
- Inovação aberta colaborativa: destaca o codesenvolvimento de novas tecnologias ou produtos entre diferentes organizações. Esta abordagem não apenas compartilha riscos e custos, mas também combina competências distintas, resultando em inovações que seriam difíceis de alcançar isoladamente.
- Inovação em rede: é uma extensão da colaborativa, utiliza redes e ecossistemas de inovação, incluindo fornecedores, clientes e até concorrentes, para criar e compartilhar conhecimento. Essa abordagem reconhece que a inovação é frequentemente um processo distribuído e que o conhecimento necessário pode estar disperso em diferentes atores.
- Inovação aberta interna: aplica os princípios da inovação aberta dentro das fronteiras organizacionais, incentivando a colaboração e o compartilhamento de ideias entre diferentes departamentos e unidades de negócios.
Os tipos de inovação aberta representam uma abordagem holística e multifacetada para a criação de valor. Ao adotá-los, as empresas não apenas aceleram seu próprio processo de inovação mas também contribuem para um ecossistema mais amplo de conhecimento e desenvolvimento tecnológico.
10 tipos de inovação: modelo de Larry Keeley
O desafio de se manter competitivo em um mundo de negócios em constante evolução leva as empresas a buscar continuamente maneiras de inovar. Nesse cenário, o modelo dos "10 tipos de inovação," desenvolvido por Larry Keeley e sua equipe na Doblin, uma empresa de consultoria de design e inovação, surgiu como uma estrutura poderosa para entender a inovação de maneira abrangente.
Segundo Keeley (2015), a estrutura destaca as diversas dimensões nas quais a inovação pode ocorrer, oferecendo às organizações uma visão clara de como melhorar seus produtos, serviços e operações. Ao explorarem esses 10 tipos de inovação (figura a seguir), as empresas podem desenvolver uma estratégia mais completa e eficaz para se destacarem no setor de que fazem parte e atender às crescentes demandas dos clientes e do mercado.
As 10 categorias de inovação propostas por Keeley (2015) são as seguintes:
- Inovação em modelo de lucro: refere-se a mudanças na forma como uma empresa gera receita e obtém lucro, podendo envolver a introdução de novas fontes de receita, modelos de precificação, estratégias de monetização, entre outros.
- Inovação em rede: trata da criação ou otimização de parcerias, alianças e colaborações com outras empresas ou organizações. A inovação pode ocorrer nas relações entre empresas e na forma como elas se conectam para criar valor.
- Inovação em estrutura: envolve mudanças na organização e nas práticas de gestão, e isso pode incluir alterações na estrutura organizacional, na cultura corporativa e na forma como a empresa é gerenciada.
- Inovação em processo: refere-se às melhorias em métodos de produção, operações e logística. Essas inovações têm o potencial de aumentar a eficiência, reduzir custos e otimizar o fluxo de trabalho.
- Inovação em produto: trata da criação ou aprimoramento de produtos ou serviços, e isso pode envolver a introdução de novos recursos, design, funcionalidades ou a oferta de soluções inovadoras para atender às necessidades dos clientes.
- Inovação em desempenho: envolve melhorias no desempenho dos produtos ou serviços, como aumentar a velocidade, a capacidade, a qualidade, a confiabilidade ou qualquer outro aspecto que possa tornar o produto ou serviço superior.
- Inovação em serviço: refere-se à criação de uma plataforma que permite a integração de diferentes produtos e serviços. Plataformas podem atuar como ecossistemas que acomodam várias soluções em um único ambiente.
- Inovação em canal: trata da forma como os produtos ou serviços são entregues aos clientes, e isso pode incluir novos canais de distribuição, estratégias de marketing e formas de se alcançar o público-alvo.
- Inovação em marca: envolve a construção e o gerenciamento da identidade da marca. A inovação em marca visa à criação de uma marca forte, reconhecível e que ressoe com os consumidores.
- Inovação em cliente: refere-se à personalização da experiência do cliente. A inovação nessa dimensão visa entender as necessidades dos clientes e adaptar os produtos, serviços e processos para atender a essas necessidades de maneira mais eficaz.
Essas 10 categorias de inovação fornecem uma estrutura abrangente para que as empresas analisem e planejem suas iniciativas de inovação. Ao considerar cada uma dessas dimensões, as organizações podem identificar oportunidades de melhoria e desenvolver estratégias de inovação mais completas e eficazes.
Até aqui, vimos que a inovação fechada e aberta representam abordagens distintas para a busca de inovação, com a primeira focando a geração interna de ideias e a segunda a colaboração externa. As 10 categorias de inovação de Larry Keeley fornecem um guia abrangente para explorar diversas dimensões de inovação; juntas, essas abordagens e categorias capacitam as empresas a prosperar em um ambiente empresarial dinâmico, impulsionando a criatividade, melhorando produtos e serviços e, assim, garantindo a competitividade a longo prazo. A inovação é fundamental para o crescimento e sucesso das organizações, independentemente da abordagem adotada.
Vamos Exercitar?
Pedro, um jovem empreendedor, estava enfrentando um desafio em sua startup de tecnologia. Ele estava desenvolvendo um aplicativo de saúde, mas lutava para se destacar em um mercado competitivo. Pedro sabia que a inovação seria a chave para o sucesso, e, com base em seus estudos sobre inovação fechada, aberta e os 10 tipos de inovação de Larry Keeley, ele percebeu que havia uma necessidade premente de encontrar soluções criativas.
Para resolver esse problema, primeiro, Pedro e a sua equipe exploraram a inovação de produto, considerando como adicionar recursos únicos ao aplicativo para torná-lo mais atraente aos usuários; em seguida, eles analisaram a inovação de processo, buscando maneiras de tornar o desenvolvimento mais eficiente e rápido. Pedro também incentivou a equipe a pensar em como poderiam inovar a experiência do cliente, tornando o aplicativo mais amigável e engajador, bem como viu a oportunidade de se envolver em inovação aberta. Ele procurou parcerias com clínicas de saúde locais e universidades para obter insights e conhecimentos especializados em saúde digital, e isso não apenas enriqueceu o conhecimento da equipe, mas também fortaleceu as relações com outros players do setor.
Com a aplicação dos princípios de inovação de Larry Keeley, a startup de Pedro conseguiu lançar um aplicativo de saúde verdadeiramente inovador, eles ofereceram uma experiência de usuário única, implementaram eficiências de processo que reduziram os custos de desenvolvimento e estabeleceram parcerias estratégicas que impulsionaram o crescimento do negócio.
Pedro percebeu que, ao entender e aplicar os conceitos de inovação de forma criativa, é possível superar desafios e destacar-se em um mercado competitivo. Sua jornada de inovação está apenas começando, e ele está animado a continuar explorando as possibilidades ilimitadas que a inovação oferece em sua carreira empreendedora.
Saiba mais...
A fim de que possa ampliar os seus conhecimentos, recomendamos que assista à série Vale do Silício, que é uma série de comédia que conta a história de um grupo de empreendedores que tentam criar uma startup bem-sucedida no Vale do Silício. A serie explora temas relacionados à inovação, ao empreendedorismo e ao equilíbrio entre as inovações aberta e fechada no mundo da tecnologia.
Leia o artigo Veja 4 tipos de inovação que você pode implementar na sua empresa, desenvolvido pelo SEBRAE, para compreender os tipos de inovação que podem mudar a organização.
Além disso, leia o capítulo 8 do livro Inovação pelas Pessoas, do autor Marcos Vasconcellos. Nele, você conhecerá a importância dos sistemas de ideias.
Aula 2
GESTÃO DA INOVAÇÃO:
BENEFÍCIOS E IMPACTOS NA ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL
Inovação como processo
A inovação desempenha um papel central nas organizações modernas, sendo reconhecida como um catalisador da competitividade e do sucesso empresarial. Entender a inovação como um processo é fundamental para explorar seu papel e impacto no ambiente corporativo; ela não diz respeito apenas à criação de produtos revolucionários ou à introdução de tecnologias de ponta, mas também sobre a adaptação constante e à melhoria de processos, serviços e modelos de negócios.
Segundo Tidd e Bessant (2015), a inovação é um processo dinâmico que envolve a geração de novas ideias, sua seleção e desenvolvimento, bem como sua implementação eficaz no contexto organizacional. Ela não é um evento isolado, mas sim um esforço contínuo que permeia todas as camadas de uma organização. A inovação pode ocorrer em diferentes níveis, desde melhorias incrementais nos processos internos até a introdução de produtos ou serviços radicalmente novos que transformam mercados inteiros.
De acordo com Tidd e Bessant (2015), a inovação é um elemento fundamental para a sobrevivência e o crescimento das empresas, e pode ser vista como um processo intrincado que engloba várias etapas essenciais. Para compreender melhor esse processo, é crucial observar suas fases comuns a todas as organizações, e essas fases são: busca, seleção, implementação e captura de valor por meio da inovação.
A fase de busca, segundo Tidd e Bessant (2015), envolve a análise do cenário, tanto interno quanto externo, em busca de sinais relevantes que indiquem ameaças e oportunidades para a mudança. Nessa etapa, a empresa examina cuidadosamente seu ambiente, detectando tendências emergentes, necessidades não atendidas e potenciais lacunas no mercado. Trata-se de um processo de observação e coleta de informações que fornece a base para a inovação. A pergunta que guia essa fase é a seguinte: “como podemos encontrar oportunidades de inovação?”.
Após a busca, a fase de seleção entra em jogo. Para os autores, a seleção é guiada pela visão da organização sobre como se desenvolver de maneira mais eficaz. Essa etapa envolve a priorização das oportunidades mais promissoras e alinhadas com os objetivos de negócios, e as perguntas que cabem neste momento é: “o que faremos e por quê?”, que devem ser respondidas de forma clara e precisa.
Em seguida, Tidd e Bessant (2015) apontam que a implementação se torna crucial, implicando a transformação de potenciais ideias inovadoras em produtos, serviços ou processos reais e lançá-los no mercado, seja ele interno ou externo. Esse é um desafio complexo, pois requer o acesso a fontes de conhecimento relevantes, a capacidade de resolver problemas em condições de imprevisibilidade e a habilidade de levar a inovação à prática de maneira eficaz. Para os autores, a pergunta norteadora é “como faremos a ideia acontecer?”.
Por fim, a fase de captura de valor por meio da inovação é crítica. Segundo Tidd e Bessant (2015), ela envolve não apenas a implementação sustentável e a difusão da inovação, mas também a aprendizagem contínua, à medida que o ciclo de inovação progride. Por isso, nessa fase, é essencial responder à pergunta “como obteremos os benefícios?”, possibilitando que a empresa construa uma base de conhecimento sólida e melhore a forma como gerencia o processo de inovação.
O desafio que todas as empresas enfrentam é encontrar maneiras eficazes de testar e gerenciar esse processo de renovação, e isso requer uma abordagem estratégica, aquisição contínua de conhecimento, resolução de problemas e uma mentalidade voltada para a captura de valor. A inovação é, portanto, um processo contínuo e dinâmico que desempenha um papel central nos negócios, capacitando as organizações a se adaptarem e prosperarem em um ambiente em constante mudança.
Gestão da inovação
Segundo Mendes (2020), inovação não é um processo de geração espontânea, mas, sim, algo que demanda planejamento, organização e recursos; ela é o fruto de intenção deliberada e, portanto, requer uma gestão cuidadosa desse processo, no entanto, essa gestão não deve ser tão rígida a ponto de sufocar a liberdade criativa necessária aos processos de inovação.
A inovação não ocorre por acaso; para que uma empresa possa inovar de forma consistente, é necessário que haja um planejamento estratégico voltado para esse fim, e isso implica a definição de metas claras, a alocação de recursos, a identificação de oportunidades e a criação de um ambiente propício à criatividade e à experimentação.
Para Mendes (2020), as organizações que desejam inovar devem gerenciar oito dimensões essenciais que precisam ser adequadamente configuradas e administradas para otimizar o potencial inovador de uma empresa; são elas: estratégia, relacionamento, cultura, pessoas, estrutura, processo, financiamento e liderança.
- Estratégia: uma estratégia clara e alinhada com a inovação é fundamental. A empresa deve definir metas, prioridades e recursos para a inovação, integrando-a à visão de longo prazo e ao plano de negócios.
- Liderança: uma liderança comprometida com a inovação é crucial; os líderes devem definir o exemplo, comunicar a importância da inovação e estabelecer um ambiente que encoraje a criatividade e a busca de soluções inovadoras.
- Cultura: a cultura organizacional desempenha um papel central na promoção da inovação, e uma cultura que valoriza a experimentação, a tolerância ao erro e a criatividade é essencial para estimular a inovação.
- Relacionamento: a colaboração e a conexão com parceiros, clientes e fornecedores desempenham um papel crucial na inovação; alianças estratégicas e redes de inovação podem ser fontes valiosas de novas ideias e oportunidades.
- Estrutura: a estrutura organizacional deve ser flexível o suficiente para permitir que as ideias inovadoras fluam e sejam implementadas de maneira eficaz, e isso pode envolver a criação de equipes dedicadas à inovação ou a implementação de estruturas matriciais.
- Pessoas: as pessoas são os motores da inovação, sendo necessário recrutar, desenvolver e reter talentos que possuam habilidades criativas e inovadoras, bem como que estejam comprometidas com a visão inovadora da empresa.
- Processo: processos bem definidos e ágeis são fundamentais para transformar ideias em inovações tangíveis. Um processo de inovação bem gerenciado auxilia na identificação, avaliação e priorização das ideias de forma eficaz.
- Financiamento: alocar recursos financeiros para a inovação é imperativo. O financiamento adequado permite que ideias inovadoras sejam desenvolvidas e implementadas, proporcionando uma vantagem competitiva.
Gerenciar essas oito dimensões de forma integrada e estratégica é fundamental para a eficácia da inovação em uma organização. Cada uma dessas dimensões interage e se complementa, e o seu equilíbrio pode impulsionar a capacidade da empresa de se adaptar às mudanças do mercado, manter sua relevância e sustentar o crescimento a longo prazo. Portanto, é essencial que as empresas adotem uma abordagem holística e abrangente para o gerenciamento da inovação, considerando essas oito dimensões como peças essenciais do quebra-cabeça da inovação bem-sucedida.
De acordo com Scherer e Carlomagno (2016), inovação não é uma atividade eventual, mas, sim, um processo que requer gestão desde o momento em que uma ideia é concebida até sua implementação efetiva. Esse processo de inovação segue uma trajetória bem definida, a começar pela geração de novas ideias, passando pelo refinamento do conceito, a redução das incertezas e culminando na transformação dessas ideias em inovações tangíveis.
Segundo Scherer e Carlomagno (2016), as etapas são:
- Idealização: nesta fase, novas ideias são geradas, muitas vezes, a partir de observações de necessidades não atendidas, oportunidades de mercado ou criatividade. Trata-se do estágio inicial, em que as inovações começam como ideias.
- Conceituação: nesta etapa, as ideias iniciais são refinadas e desenvolvidas em conceitos mais concretos. O objetivo é definir o escopo da inovação, suas características e benefícios esperados, tornando a ideia bruta mais tangível.
- Experimentação: aqui, a ênfase está na redução de incertezas e na validação da viabilidade da ideia, e isso envolve testes, prototipagem e avaliações detalhadas para garantir que a inovação seja adequada ao mercado e aos objetivos da organização.
- Implementação: a fase final do processo de inovação é a implementação, em que a ideia se transforma em produtos, serviços, processos ou modelos de negócios reais, envolvendo planejamento, alocação de recursos e o lançamento da inovação no mercado para gerar valor.
Cada um desses estágios desempenha um papel crucial no ciclo de inovação, desde a concepção inicial da ideia até a sua transformação em algo concreto e valioso para a organização. A gestão eficaz ao longo de todas essas etapas é essencial para o sucesso da inovação.
Segundo Trott, (2012), inovação como um processo de gestão é uma abordagem estruturada que visa promover a inovação de forma consistente e eficaz; ela envolve a aplicação de princípios de gestão em todas as etapas do ciclo de inovação, desde a concepção das ideias até a implementação bem-sucedida.
Uma gestão eficaz da inovação é fundamental para o sucesso a longo prazo das organizações em um ambiente de negócios dinâmico. Na figura a seguir, é possível entender a dinâmica da inovação como um processo de gestão.
Na Figura 2, é possível perceber que a gestão da inovação em uma organização é um processo complexo que requer planejamento e coordenação cuidadosa. Não se trata de um processo aleatório, mas, sim, de um esforço intencional que envolve a interação de diversas funções internas e externas.
Diante disso, é fundamental reconhecer que as interações entre diferentes departamentos dentro da organização são tão cruciais quanto as parcerias com universidades, outras empresas, fornecedores, distribuidores, clientes e concorrentes; além disso, a troca de informações e o conhecimento agregado pela organização desempenham um papel fundamental na promoção da inovação.
Nesta aula, você entendeu que o processo de inovação e a gestão da inovação são elementos interligados que desempenham um papel vital no sucesso e na evolução contínua das organizações, bem como que a inovação não é uma ocorrência isolada, mas um processo estruturado que demanda planejamento, estratégia e recursos, sendo um ciclo que abrange desde a concepção de ideias até sua transformação em inovações concretas.
Além disso, uma gestão eficaz é essencial para alcançar resultados positivos; por meio da aplicação de princípios de gestão, da promoção de uma cultura de inovação e da alocação de recursos adequados, as organizações podem não apenas se adaptar às mudanças no mercado, mas também liderar e moldar essas mudanças. Portanto, investir na gestão da inovação é um passo fundamental para impulsionar o crescimento, a competitividade e a capacidade de se manter relevante em um mundo empresarial em constante evolução.
Vamos Exercitar?
Luisa, a empreendedora culinarista, enfrenta o desafio de manter sua pequena confeitaria relevante em um mercado competitivo, logo, para superar esse obstáculo, ela pode adotar uma série de estratégias inovadoras. Primeiro, ela deve realizar uma análise de mercado e público-alvo para entender as tendências e preferências dos consumidores; em seguida, Luisa pode desenvolver novos produtos e receitas que atendam a essas demandas, focando a diferenciação e a criatividade. Além disso, a implementação de estratégias de marketing inovadoras, como o uso de mídias sociais e parcerias locais, pode aumentar a visibilidade de sua confeitaria, assim como melhorias nos processos internos e a busca constante por capacitação e aprendizado também são essenciais para sustentar a inovação.
Luisa deve, também, estabelecer um sistema de feedback e avaliação contínua, permitindo ajustes e melhorias baseados nas necessidades do cliente. Ao seguir essas estratégias, ela se sentirá preparada para enfrentar os desafios da concorrência e adaptar-se às mudanças nas preferências dos consumidores. A inovação será a chave para sua transformação, permitindo que sua confeitaria prospere em um mercado em constante evolução.
Saiba mais...
Assista ao filme O Jogo da Imitação, que aborda a importância da perseverança, do pensamento criativo e da resolução de problemas na inovação, bem como destaca como a inovação pode ser fundamental em momentos cruciais da história.
Recomendamos esse filme a você, estudante, interessado em aprender mais sobre como a inovação pode moldar o mundo e fazer a diferença.
Recomendamos, também, a leitura do artigo Modelos de gestão de inovação: Critérios e características utilizados em revisões de literatura. A leitura desse artigo será muito valiosa; você poderá aprofundar seu conhecimento de modelos de gestão de inovação e entender os critérios e características relevantes nesse contexto. Por meio da análise do conteúdo do artigo, você poderá adquirir insights valiosos que poderão ser aplicados em estudos, pesquisas ou práticas relacionadas à gestão da inovação.
Por fim, indicamos a leitura do capítulo 11 – Gerenciando a inovação de dentro para fora: o caso dos empreendimentos complexos, do livro Novas fronteiras em inovação aberta, dos autores Henry Chesbrough, Wim Vanhaverbeke e Joel West.
AULA 3
DA INVENÇÃO À INOVAÇÃO:
CRIANDO PRODUTOS E SERVIÇOS
O design thinking é uma abordagem de resolução de problemas e inovação que se tornou um elemento fundamental em diversos campos, impulsionando a criatividade e a capacidade de encontrar soluções significativas para desafios complexos. Sua importância é inquestionável, uma vez que permite que as organizações abordem problemas de maneira mais holística e centrada no ser humano. Brown (2020, p. 9) conceitua o design thinking como:
O design thinking se baseia em nossa capacidade de ser intuitivos, reconhecer padrões, desenvolver ideias que tenham um significado emocional além do funcional, expressar-nos em mídias além de palavras ou símbolos. Ninguém quer gerir uma empresa com base apenas em sentimento, intuição e inspiração, mas fundamentar-se demais no racional e no analítico também pode ser perigoso. A abordagem integrada que reside no centro do processo de design sugere um “terceiro caminho”.
O design thinking se baseia na combinação equilibrada de elementos intuitivos e racionais para resolver problemas e criar soluções inovadoras, portanto, a inovação não deve ser estritamente guiada por números e análises, nem puramente pela intuição e emoção, mas, sim, por uma integração harmoniosa desses dois aspectos.
Segundo Müller-Roterberg (2021), o design thinking não se limita apenas ao design de produtos físicos, mas abrange todas as áreas da vida e dos negócios, podendo ser aplicado para melhorar o atendimento ao cliente, propor novas maneiras de agir, mudar a cultura corporativa e resolver problemas complexos em várias camadas. Para o autor, o design thinking é um processo com várias etapas que podem ser executadas várias vezes; ele demanda trabalho em grupo, na forma de workshops, bem como trabalho individual, e a diversidade e a colaboração são incentivadas para se explorar diferentes perspectivas e potenciais da equipe.
De acordo com Müller-Roterberg (2021), o brainstorming criativo é apenas uma fase do processo, e o objetivo mais amplo é compreender completamente o problema e os usuários, e isso envolve a análise da situação inicial, a criação de suposições passíveis de investigação e a alternância entre fases criativas e fases de resumo e priorização. De acordo com o autor supracitado, é preciso utilizar diferentes métodos em cada fase do processo de design thinking, e isso inclui métodos como personas, jornada do usuário, técnicas de criatividade, prototipagem e métodos de pesquisa experimental. A aplicação correta dos métodos é crucial para o sucesso do projeto.
Müller-Roterberg (2021) salienta que, para o design thinking ser bem-sucedido, é fundamental considerar os 5P’s, sendo eles: práticas, pessoas, princípios, processos e postos, e cada um desses elementos contribui para a execução eficaz do design thinking.
- Práticas: este primeiro "P" se refere à aplicação de métodos comprovados de várias disciplinas. No design thinking, é essencial utilizar uma ampla gama de técnicas e ferramentas, que podem variar desde métodos de design e pesquisa de mercado até etnografia, psicologia, ciências da engenharia e gestão estratégica. As práticas ajudam a orientar o processo de inovação, fornecendo estruturas para a investigação, ideação e prototipagem.
- Pessoas: o segundo "P" destaca a importância de se formar uma equipe diversificada e multidisciplinar, e uma equipe eficaz de design thinking é composta de membros com diferentes competências e perspectivas.
- Princípios: este "P" se refere aos princípios que orientam a mentalidade e a abordagem da equipe no processo de design thinking, e os princípios podem incluir valores como empatia, colaboração, foco no usuário, experimentação e resolução de problemas.
- Processos: o quarto "P" se refere à flexibilidade e à agilidade necessárias para lidar com diferentes etapas do processo de trabalho. O design thinking é um processo iterativo que envolve várias fases, desde a compreensão do problema até a prototipagem e o teste, e ter um processo bem definido, mas flexível, é importante para a adaptação às necessidades específicas de cada projeto.
- Postos: o último "P" destaca a importância de se criar espaços de trabalho que incentivem a criatividade e a colaboração. Postos de trabalho bem projetados e ambientes físicos adequados podem influenciar positivamente a dinâmica da equipe. Eles devem ser projetados para facilitar a geração de ideias, a discussão e a prototipagem.
Os "5 Ps do design thinking" são elementos interconectados que desempenham um papel fundamental na implementação bem-sucedida dessa abordagem; eles abrangem desde a aplicação de métodos práticos até a criação de equipes diversificadas, a definição de princípios orientadores, a gestão eficaz de processos e a criação de ambientes de trabalho propícios à criatividade.
Segundo Müller-Roterberg (2021), os princípios do design thinking atuam como diretrizes para orientar o rumo do sucesso, permitindo que os problemas sejam abordados de forma criativa e eficaz, sempre com o foco nas necessidades das pessoas. Vamos explorar cada um desses princípios e como eles contribuem para o sucesso do design thinking.
- Comece alinhando-se com as pessoas e suas necessidades, identificando problemas ou desejos expressados pelos usuários. Envolver líderes de opinião que antecipem necessidades futuras ajuda a garantir soluções centradas no ser humano.
- Desenvolva empatia para compreender profundamente os usuários, indo além das necessidades e explorando emoções, pensamentos, intenções e ações.
- Torne as ideias tangíveis por meio da criação de protótipos que permitam que os usuários experimentem a ideia e forneçam feedback prático.
- Encare o erro como uma parte natural do processo e crie uma cultura organizacional que valorize o aprendizado com os erros.
- Diversifique a equipe, incorporando diferentes idades, gêneros, formações educacionais, culturas e perspectivas para enriquecer a resolução de problemas.
- Proporcione espaços de trabalho que promovam a criatividade e colaboração, com flexibilidade para acomodar diferentes fases do design thinking.
- Mantenha flexibilidade no processo, permitindo que ele evolua à medida que o problema é explorado, soluções são desenvolvidas, testadas e refinadas com base no feedback. Isso o ajudará a lidar com a complexidade inerente à busca da inovação.
Os princípios do design thinking são os alicerces sobre os quais as soluções criativas e centradas no ser humano são construídas, bem como se voltam a um futuro em que a inovação não seja apenas uma meta, mas uma realidade que transforme vidas e molde um mundo melhor.
Duplo diamante
O processo do design thinking é frequentemente representado por um modelo conhecido como "duplo diamante," que é uma abordagem visual para destacar as etapas fundamentais do design thinking. Essas etapas são cruciais para abordar problemas complexos, desenvolver soluções inovadoras e garantir que o processo seja centrado no ser humano. De acordo com Brown (2020), o duplo diamante consiste em quatro fases distintas, que podem ser resumidas da seguinte maneira:
- Entender (Discover): a primeira fase envolve a exploração e compreensão aprofundada do problema ou desafio em questão. Nessa etapa, a equipe de design se concentra em pesquisar, coletar dados, ouvir os usuários e observar o contexto. O objetivo é adquirir empatia e insights sobre as necessidades e motivações dos usuários.
- Definir (Define): com base na compreensão adquirida na fase de "Entender," a equipe se concentra em definir o problema de maneira clara e específica, e isso envolve a síntese das informações coletadas para se identificar os principais desafios e oportunidades a serem abordados. A definição precisa do problema é essencial para direcionar o processo de criação de soluções.
- Criar (Develop): na terceira fase, a equipe começa a gerar uma ampla variedade de ideias e soluções criativas para o problema definido. As técnicas de brainstorming e prototipagem são frequentemente usadas para explorar diferentes abordagens e visualizar as soluções em potencial. Essa fase é caracterizada por uma atmosfera de criatividade e experimentação.
- Entregar (Deliver): a fase final do duplo diamante envolve a implementação das soluções escolhidas, e isso inclui a criação de protótipos finais, desenvolvimento de produtos, implementação de estratégias ou qualquer ação necessária para concretizar as ideias. Aliás, é crucial envolver os usuários nessa fase, obter feedback contínuo e refinar as soluções com base nas necessidades reais.
Segundo Brown (2020), o duplo diamante não é um processo linear, mas, sim, um ciclo iterativo, e isso significa que, à medida que as equipes avançam nas fases, elas podem precisar revisitar etapas anteriores para ajustar a compreensão do problema ou refinar as soluções. Essa flexibilidade é fundamental para a abordagem do design thinking, pois permite a adaptação a novas informações e insights ao longo do caminho.
Métricas de inovação
A inovação é, indiscutivelmente, um fator essencial para o crescimento e o sucesso de organizações em um cenário de negócios em constante evolução, no entanto, gerenciar a atividade de inovação exige mais do que apenas esforços criativos e investimentos financeiros substanciais, é crucial que as empresas possam medir e avaliar tanto os resultados quanto o processo de inovação.
Segundo Scherer e Maximiliano (2016), para medir a inovação de maneira eficaz, é necessário contar com os indicadores corretos, que reflitam o desempenho da organização em relação a seus objetivos de inovação. A medição de inovação não pode ser limitada apenas à perspectiva financeira, assim como não é suficiente controlar o desempenho global de uma empresa exclusivamente por meio de métricas financeiras. Portanto, as métricas de inovação devem ser abordadas sob várias perspectivas.
Scherer e Maximiliano (2016) salientam que, na última década, o conceito de "Balanced Scorecard" introduzido pelos professores Robert Kaplan e David Norton vem revolucionando a forma como as empresas controlam o desempenho, incluindo não apenas métricas financeiras, mas também outras três perspectivas: clientes, processos e aprendizado. Essa abordagem considera a existência de uma "lógica de causa e efeito" no desempenho empresarial, estabelecendo um novo padrão para a gestão.
Partindo dessa perspectiva, Scherer e Maximiliano (2016) relatam que a empresa Innoscience propõe um "Innovation Scorecard" (ISC) estruturado em quatro perspectivas que refletem a lógica de causa e efeito na geração de resultados da inovação: contexto, processo, tipos e resultados. O contexto considera as dimensões estratégicas, culturais, estruturais, de pessoas, processos, financiamento, liderança e relacionamentos, que compõem o ambiente propício à inovação; a perspectiva de processo avalia a eficiência da geração, seleção, avaliação e implementação de ideias inovadoras, proporcionando métricas específicas para cada etapa da cadeia de valor; os "tipos" expressam o perfil de inovação demandado pela empresa, destacando quais tipos de inovações são prioritários; e a perspectiva “resultados” reflete as expectativas de resultados que a empresa espera alcançar por meio de suas atividades de inovação, e isso envolve a definição de metas e objetivos claros para a inovação e a medição do desempenho em relação a essas metas.
Quadro 1 | Indicadores de gestão da inovação. Fonte: elaborado pela autora.
Medir a inovação é um desafio que as empresas precisam enfrentar de maneira estratégica e bem fundamentada. O Innovation Scorecard (ISC) é uma abordagem que ajuda as organizações a identificar métricas relevantes e a criar um sistema de medição que reflita fielmente os objetivos de inovação. Ao adotarem uma abordagem equilibrada e alinhada com sua estratégia, as empresas podem colher os frutos da inovação de maneira mais eficaz, adaptando-se a um ambiente de negócios em constante evolução.
Nesta aula, vimos que o design thinking emerge como uma poderosa abordagem para promover a inovação centrada no ser humano, incorporando princípios fundamentais que permitem identificar, compreender e solucionar desafios complexos de forma criativa e eficaz. Por outro lado, o Innovation Scorecard (ISC) oferece às organizações uma estrutura sólida para medir e avaliar tanto os resultados quanto o processo de inovação, proporcionando uma visão equilibrada e estratégica do desempenho inovador.
Vamos Exercitar?
Paula é uma empreendedora que deseja lançar um novo produto no mercado, uma plataforma de delivery de alimentos saudáveis. Ela está empolgada com a ideia e acredita que há uma demanda crescente por opções de refeições saudáveis e convenientes, no entanto, tem enfrentado alguns desafios:
- Concorrência acirrada: o mercado de delivery de alimentos é altamente competitivo, com várias empresas já estabelecidas oferecendo serviços semelhantes.
- Expectativas do consumidor: Paula precisa garantir que o produto atenda às expectativas dos consumidores em termos de sabor, qualidade, preço e conveniência.
- Desenvolvimento sustentável: ela deseja que o negócio seja ambientalmente responsável e sustentável, o que pode ser um desafio no setor de alimentos.
- Modelo de negócios viável: Paula precisa criar um modelo de negócios que seja lucrativo e sustentável a longo prazo.
Paula reconhece que enfrentar esses desafios requer uma abordagem estruturada e centrada no usuário, e ela opta por aplicar o design thinking para abordar o problema de maneira holística.
- Fase de descoberta (1º diamante): Paula começa investigando as necessidades dos consumidores; realiza pesquisas de mercado, entrevistas e observações para compreender as preferências e desejos dos clientes em relação a alimentos saudáveis, delivery e sustentabilidade.
- Fase de definição (1º diamante): com base nas descobertas, Paula define claramente o problema e as metas do projeto; ela estabelece critérios para avaliar o sucesso do produto, como a satisfação do cliente e a pegada ecológica.
- Fase de desenvolvimento (2º diamante): Paula começa a gerar ideias criativas para abordar o problema; ela colabora com uma equipe multidisciplinar e utiliza técnicas de brainstorming. Juntos, eles geram soluções inovadoras, considerando ingredientes, embalagens, logística e estratégia de marketing.
- Fase de entrega (2º diamante): Paula implementa um plano de ação com base nas melhores ideias; cria protótipos, testa o produto com um grupo seleto de clientes e itera com base no feedback recebido.
Por meio do design thinking, Paula pode abordar de forma eficaz os desafios que enfrenta, garantindo que seu produto de delivery de alimentos saudáveis atenda às expectativas dos clientes, seja ecologicamente responsável e tenha um modelo de negócios sólido. Essa abordagem centrada no usuário e iterativa ajudou Paula a criar uma solução inovadora que se destaca no mercado competitivo.
Saiba mais...
Sugerimos que assista ao filme Estrelas Além do Tempo, que foi lançado em 2016, dirigido por Theodore Melfi e baseado no livro homônimo de Margot Lee Shetterly. O filme narra a história real e inspiradora de três mulheres afro-americanas excepcionais que trabalharam na NASA durante a corrida espacial da década de 1960. O filme aborda questões como resolução de problemas, criatividade e a capacidade de pensar de maneira não convencional para alcançar objetivos desafiadores.
Além disso, leia o artigo O que é o “design thinking” que pode ajudar a potencializar a criatividade para conhecer mais o assunto.
Para ampliar os seus conhecimentos sobre design thinking, leia o capítulo 1.4 Design Thinking: da visão à ideia, do livro Gestão de startups: desafios e oportunidades, de Ana Cristina Martins Alessi.
AULA 4
GESTÃO DO CONHECIMENTO
Ciclo de vida das organizações
O ciclo de vida das organizações é um conceito intrigante que nos permite enxergar empresas e instituições como entidades vivas, sujeitas a mudanças e evolução ao longo do tempo. Assim como um ser humano passa por estágios distintos de nascimento, crescimento, maturidade e, por fim, envelhecimento, as organizações também seguem padrões recorrentes que podem ser observados em cada fase de sua existência.
Segundo Sabbag (2018), o ciclo de vida das organizações é uma representação que descreve a trajetória de uma organização desde a sua fundação até possíveis desfechos, como o encerramento das operações, e é composto de várias fases, cada uma com características distintas e desafios específicos. De acordo Sabbag (2018), para compreender o ciclo de vida das organizações, é importante observar as diferentes etapas:
- Nascimento: é o momento em que ela é fundada e legalmente constituída. Nessa fase, a organização enfrenta desafios intensos e aprende a comprar, produzir, controlar as finanças e entregar resultados. Tudo é novo, e a tentativa e o erro são comuns, assim como a estrutura orgânica. A organização depende fortemente dos seus fundadores.
- Infância: trata-se de uma fase de exploração, em que a organização começa a consolidar suas habilidades e testá-las constantemente. Cada iniciativa é realizada com entusiasmo, mas, muitas vezes, a organização assume compromissos que não pode cumprir à medida que cresce rapidamente. Durante essa fase, a organização procura definir sua própria identidade e modo de operar.
- Juventude: é caracterizada pelo estudo sistemático, planejamento e aquisição de equipamentos para melhorar a produtividade dos processos. Práticas se tornam normas, e compromissos são estabelecidos. Trata-se de uma fase conflituosa, com desafios de especialização e tensões entre os setores da organização. Decisões são frequentemente intuitivas e emocionais.
- Fase adulta: representa a plenitude da organização, em que tudo o que foi planejado está em operação eficaz, e ela tem uma visão clara de longo prazo. Trata-se de uma fase de estabilidade e desenvolvimento consistente
- Maturidade: é caracterizada pela estabilidade, com a identidade da organização bem estabelecida. Neste estágio, a organização prioriza a prevenção e a cautela, e as operações são bem organizadas e seguras.
- Crepúsculo: o crepúsculo é uma fase de transição, em que a organização enfrenta desafios de mudança e incerteza. Trata-se de um momento paradoxal, em que a visão de longo prazo pode ser menos clara.
- Declínio: o declínio pode ser resultado de fatores internos ou externos, como concorrência intensa ou mudanças no mercado, sendo, frequentemente, difícil de aceitar e compreender, mas a organização começa a enfrentar problemas sérios e necessita de tomadas de decisão difíceis.
- Aposentadoria: é caracterizada pela burocracia e pela repressão da criatividade e inovação. A organização começa a estrangular suas próprias capacidades e competências.
- Ocaso: a organização enfrenta desorganização, cizânia e isolamento interno. A saúde da organização se deteriora e surgem sinais de paranoia e desconfiança.
- Falência ou encerramento: o ciclo de vida da organização pode chegar ao fim com a falência ou encerramento, e isso pode ocorrer de forma gradual, com um período de declínio prolongado, ou de maneira súbita. Algumas organizações são liquidadas, outras quebram, enquanto a maioria é absorvida por outras entidades, perdendo sua identidade e história.
Compreender e reconhecer em qual fase o ciclo de vida da organização se encontra é essencial para tomar decisões informadas, adaptar estratégias e enfrentar os desafios específicos de cada estágio. Isso ajuda as organizações a se adaptarem, inovarem e a prosperar em um ambiente de negócios em constante evolução.
Gestão do conhecimento
A gestão do conhecimento no nível organizacional desempenha um papel fundamental no mundo empresarial contemporâneo, e a importância desse processo vai muito além de uma mera tendência e está intrinsecamente ligada ao sucesso e à inovação das organizações. De acordo com Santos (2023), a gestão do conhecimento é a capacidade de se criar uma vantagem competitiva sustentável para as organizações; em um ambiente de negócios altamente dinâmico, as empresas que conseguem adquirir, armazenar e aplicar conhecimento de maneira eficaz se destacam; elas são mais ágeis na tomada de decisões e capazes de se adaptar rapidamente às mudanças no mercado e de inovar de forma consistente.
De acordo com Santos (2023), a gestão do conhecimento é um processo estratégico essencial para as organizações que desejam permanecer competitivas e inovadoras em um ambiente empresarial em constante evolução; ela envolve um ciclo contínuo de atividades e o uso de diversas ferramentas para se adquirir, criar, armazenar, disseminar e aplicar o conhecimento de maneira eficaz. Nesse contexto, o ciclo e as ferramentas da gestão do conhecimento desempenham um papel crucial, logo, vamos analisar cada etapa desse ciclo e as ferramentas associadas.
A primeira etapa do ciclo de gestão do conhecimento é a "geração de conhecimento". Nessa fase, as organizações utilizam uma série de ferramentas para coletar informações relevantes. O "datamining" ou mineração de dados é uma ferramenta que busca informações disponíveis em mídias eletrônicas, auxiliando na identificação de tendências e padrões; o benchmarking, por sua vez, é outra ferramenta importante e consiste em estudar as melhores práticas de gestão em um setor da indústria realizadas por empresas de alto desempenho; já o monitoramento ambiental envolve a observação sistemática e a coleta de dados do ambiente competitivo. Além disso, o uso de sistemas de "inteligência de negócios" ajuda a buscar, coletar e analisar dados para se tomar decisões mais informadas.
Na segunda etapa, de acordo com Santos (2023), realizar o "armazenamento" do conhecimento é fundamental. Aqui, as organizações criam bancos de dados para armazenar informações coletadas tanto interna quanto externamente. O "Data Warehouse" é uma ferramenta amplamente utilizada para comportar essas informações; a computação em nuvem e os sistemas de "gestão eletrônica de documentos" também são ferramentas importantes nessa fase, garantindo que o conhecimento esteja disponível e acessível quando necessário.
A terceira etapa, segundo Santos (2023), é a disseminação de conhecimento, que envolve tornar o conhecimento formalizado disponível para grupos de interesse, tanto dentro quanto fora da organização. Ferramentas como intranets, manuais de operação, sistemas de apoio à decisão (SAD), sistemas especialistas (SE), alianças e parcerias estratégicas, bem como a transferência tecnológica, desempenham um papel vital nesse processo.
A quarta etapa, para o autor supracitado, é a aplicação do conhecimento, em que o conhecimento é colocado em prática e integrado aos processos organizacionais, incluindo a tomada de decisões, a resolução de problemas e a inovação em produtos, serviços e processos. Nessa etapa, o conhecimento se transforma em ações tangíveis que impulsionam o sucesso e a evolução da organização.
Faz-se importante notar que a gestão do conhecimento não é um processo linear, mas, sim, um ciclo contínuo. As informações e o conhecimento são constantemente atualizados e refinados à medida que a organização aprende e se adapta. A eficácia da gestão do conhecimento depende não apenas das ferramentas, mas também da cultura organizacional que promove a aquisição, o compartilhamento e a aplicação do conhecimento.
Conhecimento tácito e conhecimento explícito
De acordo com Vieira (2016), o conhecimento pode ser classificado em duas categorias principais: conhecimento tácito e conhecimento explícito. O conhecimento tácito é o conhecimento que está enraizado na experiência prática, intuição, habilidades pessoais e insights individuais; é o tipo de conhecimento que as pessoas adquirem ao longo de suas vidas, muitas vezes, de maneira não estruturada. Já o conhecimento tácito é difícil de formalizar e transmitir a outras pessoas, porque está profundamente enraizado na mente de um indivíduo e é, muitas vezes, difícil de articular. Exemplos de conhecimento tácito incluem a habilidade de andar de bicicleta, a intuição de um médico ao diagnosticar um paciente ou o conhecimento prático de um chef na preparação de uma receita.
O conhecimento explícito, para Vieira (2016), é o conhecimento que pode ser formalizado e comunicado de maneira clara e estruturada; ele pode ser expresso por meio de palavras, números, gráficos, manuais, documentos e outras formas de comunicação escrita ou verbal. O conhecimento explícito é mais facilmente compartilhado e transferido entre pessoas e organizações, tornando-se fundamental para a documentação de processos, procedimentos, políticas e informações. Exemplos de conhecimento explícito incluem manuais de instruções, relatórios de pesquisa, documentos de políticas e procedimentos de uma organização.
De acordo com Santos (2023), o conceito do "espiral do conhecimento" é uma teoria proposta por Ikujiro Nonaka e Hirotaka Takeuchi em seu livro The Knowledge-Creating Company (1995). Essa teoria descreve como o conhecimento é criado e compartilhado dentro de organizações, enfatizando a importância da interação social e da transformação do conhecimento tácito em explícito. O modelo do "espiral do conhecimento" é frequentemente representado como uma espiral ascendente, em que o conhecimento é constantemente aprimorado e aprofundado. A teoria é dividida em quatro modos ou fases:
- Socialização: nesta primeira fase, o conhecimento tácito é compartilhado entre os indivíduos por meio da interação social, e isso ocorre, principalmente, por meio de observação, imitação, diálogo e experiências compartilhadas. Os indivíduos aprendem uns com os outros, absorvendo conhecimento tácito por meio da prática e da vivência.
- Externalização: na segunda fase, o conhecimento tácito é transformado em conhecimento explícito, e isso é feito pela articulação e expressão do conhecimento em palavras, diagramas, metáforas ou outras formas comunicáveis. A externalização envolve a criação de conceitos e modelos que podem ser compartilhados e compreendidos por outras pessoas.
- Combinação: na terceira fase, o conhecimento é organizado e estruturado, muitas vezes, em documentos formais, sistemas de informações ou manuais. A combinação permite que o conhecimento seja integrado em processos organizacionais, reunindo informações de diversas fontes e tornando-as acessíveis a todos.
- Internalização: a última fase é a internalização, na qual o conhecimento explícito é transformado novamente em conhecimento tácito, mas, agora, dentro das mentes dos indivíduos, e isso ocorre quando as pessoas aplicam o conhecimento explicitamente documentado em suas atividades diárias, internalizando-o por meio da prática e da experiência. O conhecimento torna-se parte de seu repertório pessoal.
Segundo Santos (2023), o "espiral do conhecimento" destaca a ideia de que o conhecimento é um processo dinâmico que envolve a interação contínua entre o conhecimento tácito e explícito. À medida que as pessoas compartilham, articulam, organizam e aplicam o conhecimento, ele evolui e se aprofunda. Esse modelo é especialmente relevante em contextos de gestão do conhecimento, em que as organizações buscam criar e compartilhar conhecimento para promover a inovação e a aprendizagem contínua, enfatizando a importância da colaboração, da comunicação e da transformação do conhecimento para impulsionar o crescimento e a melhoria organizacional.
Nesta aula, compreendemos que a gestão do conhecimento, aliada ao conceito do "espiral do conhecimento," representa uma abordagem poderosa para o desenvolvimento e crescimento contínuo de organizações. O espiral do conhecimento ressalta a dinâmica de como o conhecimento é criado, compartilhado e internalizado, enfatizando a importância da interação social e da transformação do conhecimento tácito em explícito. Essa abordagem permite que as organizações promovam a inovação, o aprendizado e adaptação ao ambiente em constante mudança.
Ao compreender e implementar efetivamente o ciclo do conhecimento, as organizações podem aprimorar sua capacidade de resolver problemas, tomar decisões informadas e, em última instância, alcançar um desempenho sustentável e competitivo. A gestão do conhecimento, com base no espiral do conhecimento, torna-se uma estratégia valiosa para as organizações que buscam prosperar em um mundo cada vez mais dinâmico e orientado pelo conhecimento.
Vamos Exercitar?
Olivia, a empreendedora, enfrenta o desafio de gerenciar o conhecimento em sua startup e promover a criação de um ambiente propício à inovação. Para enfrentar esses desafios, Olivia pode considerar as seguintes soluções:
- Compartilhamento de conhecimento: implementar ferramentas de compartilhamento de conhecimento, como intranets, redes sociais corporativas ou plataformas de colaboração, pode facilitar a disseminação de ideias e informações relevantes dentro da equipe, promovendo a criação de uma base de conhecimento acessível a todos.
- Gestão do conhecimento tácito: reconhecendo que a experiência prática de sua equipe contém valioso conhecimento tácito, Olivia pode criar fóruns ou grupos de discussão regulares a fim de que os membros da equipe compartilhem suas experiências e insights. Isso pode ajudar a externalizar o conhecimento tácito, transformando-o em explícito.
- Reconhecimento e recompensas: implementar um sistema de reconhecimento e recompensas que incentive a geração de novas ideias e a resolução de problemas. Reconhecer e premiar contribuições criativas pode motivar a equipe a buscar inovações.
- Feedback e avaliação contínua: estabelecer um processo contínuo de feedback e avaliação, permitindo que os membros da equipe expressem ideias e preocupações. Isso cria um ambiente em que a aprendizagem e a melhoria são encorajadas.
- Tecnologia e ferramentas de gestão do conhecimento: utilizar sistemas de gestão do conhecimento e tecnologias como Data Warehouses, Sistemas de Gestão Eletrônica de Documentos e soluções de colaboração online para armazenar, organizar e compartilhar informações de forma eficaz.
Essas soluções podem ajudar Olivia a superar os desafios da gestão do conhecimento e promover a criação de um ambiente inovador em sua startup. A combinação de uma cultura de aprendizado com o compartilhamento eficaz de conhecimento e práticas que valorizem a inovação pode impulsionar o sucesso de sua empresa no mercado competitivo.
Saiba mais,,,
Recomendo que assista ao filme O Homem que Mudou o Jogo, que é uma ótima escolha para ampliar os conhecimentos, especialmente se estiver interessado em aprender como a análise de dados e a tomada de decisões baseadas em evidências podem ser aplicadas em diferentes contextos, não apenas no esporte. Esse filme oferece lições valiosas sobre inovação e gestão, destacando a importância de questionar métodos convencionais e adotar abordagens mais analíticas.
Sugerimos, também, a leitura do artigo Ecossistemas de inovação, desenvolvido pelo SEBRAE, para conhecer mais as formas de buscar apoio para inovação.
No livro Organização, Conhecimento e Educação, do Paulo Yazigi Sabbag, existe o capítulo com o título M-Learning – Mobile Learning, que aborda as formas de aprendizagem e o desenvolvimento do conhecimento.
É HORA DE PRATICAR!
Como consultor, seu atual desafio é reestruturar o restaurante "Sabor Criativo", que vem encontrando dificuldades para se adequar às novas tendências do setor gastronômico. Reconhecido anteriormente como um marco na culinária de alta qualidade, o "Sabor Criativo" agora se depara com obstáculos decorrentes de sua prática convencional de inovação fechada, a qual não está mais alinhada com as necessidades de um público jovem e variado.
Seu desafio é guiar o "Sabor Criativo" na transição para um modelo de inovação aberta, incentivando a colaboração com chefs externos, artistas locais e talvez até startups de tecnologia alimentar. Esta mudança visa criar pratos inovadores e experiências gastronômicas que mantenham a essência do restaurante, mas que também atraiam um público mais amplo.
Além disso, você deve aplicar os conceitos de design thinking para entender as necessidades dos clientes atuais e potenciais e utilizar a ferramenta do duplo diamante para explorar e definir claramente o problema antes de desenvolver e entregar soluções. As métricas de inovação serão essenciais para avaliar o sucesso das novas iniciativas, enquanto a gestão do conhecimento será crucial para capturar e compartilhar as aprendizagens durante o processo.
Diante desse cenário, responda:
- Como você pode utilizar os princípios de design thinking e do duplo diamante para desenvolver uma experiência gastronômica que seja inovadora e ao mesmo tempo fiel à identidade do "Sabor Criativo"?
- Quais estratégias de inovação aberta podem ser mais eficazes para o "Sabor Criativo" e como elas podem ser implementadas para superar a resistência interna à mudança?
O seu papel como consultor será vital para orientar o "Sabor Criativo" através deste período de transformação, garantindo que ele não apenas sobreviva, mas prospere em um mercado gastronômico em constante evolução.
Quais aprendizados você pode tirar dessa experiência com o “Sabor Criativo”? Retome os estudos desta unidade para ajudar esse restaurante!
Abordando o desafio do restaurante "Sabor Criativo", é essencial aplicar os princípios de design thinking e do duplo diamante, juntamente com estratégias eficazes de inovação aberta.
A primeira etapa envolve o uso da empatia para compreender as necessidades e desejos dos clientes. Essa compreensão pode ser alcançada por meio de pesquisas, entrevistas e observações no próprio restaurante, permitindo identificar o que os clientes valorizam no "Sabor Criativo" e suas expectativas para novas experiências gastronômicas.
Após coletar e analisar as informações, a fase de definição se inicia. Aqui, identificam-se os principais desafios e oportunidades, como a busca por pratos inovadores ou a necessidade de um ambiente que mescla tradição e modernidade. Seguindo para a ideação, a equipe do restaurante, juntamente com colaboradores externos, como chefs e designers, são incentivados a gerar uma ampla gama de ideias para novos pratos, experiências de serviço e reformulações ambientais.
A prototipagem e os testes são cruciais. Desenvolvem-se protótipos das ideias mais promissoras, que são testadas com um grupo selecionado de clientes para coletar feedback. Ajustes são feitos com base nesse feedback, garantindo que as inovações estejam alinhadas com a identidade do restaurante. A fase final é a entrega, em que as mudanças bem-sucedidas são implementadas.
Paralelamente, a adoção de estratégias de inovação aberta é vital. Estabelecer parcerias com chefs renomados, escolas de gastronomia ou startups de tecnologia alimentar pode trazer novas perspectivas ao "Sabor Criativo". Organizar eventos temáticos e workshops cria uma plataforma interativa com os clientes, permitindo testar novas ideias e receber feedback instantâneo.
Um aspecto crítico é superar a resistência interna à mudança. Uma comunicação clara da visão e dos benefícios da inovação aberta é fundamental, assim como o envolvimento ativo da equipe no processo de inovação. Treinamentos sobre inovação aberta e design thinking podem facilitar a adoção dessas novas abordagens pela equipe. Além disso, é importante celebrar os sucessos iniciais para demonstrar o valor da inovação aberta e motivar a equipe.
A combinação de design thinking e do duplo diamante com estratégias de inovação aberta pode não apenas revitalizar o "Sabor Criativo", mas também garantir que ele se adapte de maneira sustentável às demandas de um mercado dinâmico, mantendo sua identidade única.
A gestão do conhecimento se concentra na captura, no armazenamento, no compartilhamento e na aplicação eficaz do conhecimento, que é um ativo valioso para qualquer organização, e a gestão do conhecimento busca maximizar seu valor, garantindo que ele seja acessível e utilizado de maneira estratégica.
Esta linha do tempo destaca eventos e marcos importantes na evolução da gestão do conhecimento ao longo do tempo.
Essa linha do tempo ilustra a evolução contínua da gestão do conhecimento e seu impacto nas organizações ao longo das décadas; ela destaca o desenvolvimento de práticas e conceitos que promovem a criação, captura e compartilhamento de conhecimento, impulsionando a inovação e a competitividade no mundo dos negócios.
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