terça-feira, 25 de março de 2025

ACIDENTES DE TRABALHO COM MATERIAL BIOLÓGICO

 


UNIDADE 3 – AULA 5

Medidas de Prevenção e Controle de

 Infecção

PRÁTICA

Devido à grande exposição dos profissionais da área da saúde ao risco biológico, é importante falarmos dos tipos de proteção necessários para esses profissionais e os equipamentos de proteção individual.

Dito isso, vamos utilizar uma situação-problema para abordar esta temática:

Em um hospital, os profissionais de saúde enfrentam um desafio significativo relacionado à disponibilidade e uso adequado dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para lidar com pacientes suspeitos de doenças respiratórias transmitidas por gotículas e aerossóis. No inverno há um aumento no número de pacientes com sintomas respiratórios, incluindo febre, tosse e dificuldade respiratória.

Os profissionais de saúde estão preocupados com a escassez de EPIs adequados, como máscaras N95, óculos de proteção e aventais descartáveis. Além disso, há confusão sobre o uso correto dos EPIs, especialmente ao lidar com pacientes que apresentam sintomas atípicos ou não relatam diretamente exposição ao vírus.

A situação é agravada pela falta de informações claras sobre as diretrizes atualizadas de EPIs para diferentes cenários clínicos e pelo aumento da ansiedade entre os profissionais de saúde devido ao risco de exposição.

Diante desses desafios, a equipe de gestão de saúde precisa desenvolver estratégias claras para distribuição, treinamento adequado sobre o uso dos EPIs e comunicação eficaz para garantir a segurança dos profissionais de saúde, dos pacientes e da comunidade em geral.

Diante deste cenário:

Como a equipe de gestão pode abordar essa situação e implementar práticas eficazes para o uso dos EPIs em diversos contextos?

Qual é a importância de identificar e reconhecer os diversos riscos ocupacionais?

Quais são os benefícios de se ter um Procedimento Operacional Padrão no contexto hospitalar?

Qual a importância das limitações e restrições nos processos de esterilização?

Contaminação refere-se à presença de microrganismos em superfícies sem invasão tecidual ou relação parasitária, podendo ocorrer tanto em objetos inanimados quanto em humanos, por meio da microbiota transitória das mãos. Colonização é o crescimento de microrganismos na superfície epitelial do hospedeiro, sem expressão clínica ou imunológica, graças à microbiota humana normal. Infecção é o dano resultante da invasão e multiplicação microbiana no hospedeiro, envolvendo interação imunológica. A presença de sinais e sintomas caracteriza a doença ou síndrome clínica infecciosa.

Nos ambientes de saúde, a transmissão de microrganismos pode ser prevenida e controlada por meio de precauções padrão (PP) e/ou precauções específicas (PE).

Pacientes com doenças altamente contagiosas, com potencial de transmissão de agentes infecciosos (riscos biológicos), devem ser colocados sob medidas de precaução e isolamento. Eles devem ser acomodados em quartos individuais ou enfermarias/leitos, seguindo rigorosamente as normas de biossegurança. O isolamento desses pacientes deve obedecer a medidas específicas que atuem como barreiras à disseminação do agente causador entre as pessoas, de acordo com as categorias de transmissão (aerossóis, gotículas, contato). Além disso, precauções padrão e empíricas também devem ser implementadas.

Vamos as especificidades de cada precaução:

Precauções de contato

As precauções de contato devem ser implementadas quando há suspeita ou confirmação de infecção por bactérias multirresistentes ou microrganismos epidemiologicamente relevantes, como rotavírus, infecção de ferida operatória com secreção não contida por curativo, escabiose, pediculose e outros passíveis de transmissão por contato direto.

Durante as precauções de contato, todas as recomendações das precauções devem ser seguidas conforme indicado na Figura 1. Isso inclui:

·         Quarto privativo: sempre que possível, o paciente deve ser alocado em um quarto privativo. Se não for possível, pode ser colocado em um quarto com outro paciente que tenha a mesma infecção (coorte);

·         Higienização das mãos: é essencial realizar a higiene das mãos com um produto antisséptico (álcool ou antisséptico degermante, como clorexidina a 2% ou povidona-iodo a 10%) antes e após procedimentos ou contatos com pacientes. Todas as equipes devem enfatizar a importância dessa ação;

·         Luvas: devem ser utilizadas luvas limpas e descartáveis. Elas devem ser colocadas após a higiene das mãos ao entrar no quarto do paciente e trocadas após o contato com material biológico ou a realização de um novo procedimento. As luvas devem ser retiradas antes de sair do quarto;

·         Avental: deve ser um avental limpo e preferencialmente descartável. Ele deve ser usado ao entrar no quarto do paciente durante o atendimento e removido e descartado adequadamente após o uso;

·         Artigos e equipamentos: estetoscópios, esfigmomanômetros e termômetros devem ser de uso individual sempre que possível. Se não for possível, esses itens devem ser limpos e desinfetados entre pacientes usando álcool a 70% ou outro desinfetante recomendado;

·         Ambiente: a limpeza concorrente deve ser realizada rotineiramente. Deve-se prestar atenção especial às áreas com as quais o paciente entrou em contato, desinfetando-as com álcool a 70% ou um produto compatível sempre que necessário;

·         Transporte do paciente: o transporte deve ser limitado sempre que possível. Se necessário, o profissional que transporta o paciente deve usar precauções padrão e desinfetar as superfícies após o uso do paciente. A equipe que receberá o paciente deve ser informada sobre a condição de precaução (HINRICHSEN.; VARKULJA, 2018).


Figura 1 | Elementos que compõem a precaução de contato. Fonte: ANVISA

Precauções por aerossóis

As precauções por aerossóis são indicadas quando há suspeita ou confirmação de infecção respiratória por microrganismos transmitidos por partículas em suspensão no ar, como herpes-vírus-zóster, vírus do sarampo e Mycobacterium tuberculosis. Durante essas precauções, todas as recomendações das precauções devem ser seguidas (Figura 2). Isso inclui:

·         Quarto privativo: idealmente, o paciente deve ser colocado em um quarto privativo com pressão negativa. Se isso não for possível, o paciente deve ser colocado em um quarto privativo com boa ventilação e as portas devem ser mantidas fechadas. Em caso de surto ou exposição envolvendo um grande número de pacientes, considerar a coorte dos pacientes com a mesma infecção em áreas isoladas;

·         Proteção respiratória: máscaras respiratórias individuais, como as PFF2 ou N95, devem ser usadas em determinadas situações. Isso inclui pacientes com tuberculose bacilífera, presença de lesões cutâneas de tuberculose ou realização de procedimentos que gerem aerossóis de microrganismos viáveis;

·         Transporte do paciente: Limitado sempre que possível. Se necessário, o paciente deve usar uma máscara cirúrgica para conter as partículas quando são geradas. A equipe que receberá o paciente deve ser informada sobre a condição de precaução dele (HINRICHSEN.; VARKULJA, 2018).


Figura 2 |  Elementos que compõem a precaução para aerossóis. 

Precauções por gotículas

As precauções por gotículas são indicadas para pacientes com infecções transmitidas por gotículas, como parotidite, coqueluche, difteria, rubéola, meningite meningocócica e síndromes respiratórias. Durante essas precauções, todas as recomendações das precauções devem ser seguidas (Figura 3). Isso inclui:

·       Internação do paciente: o paciente deve ser alocado em um quarto privativo. Se isso não for possível, o paciente deve ser colocado em um quarto, enfermaria ou leito com outro paciente que tenha a mesma infecção (coorte), respeitando uma distância entre os leitos;

·       Uso de máscara: máscara cirúrgica;

·       Transporte do paciente: deve ser limitado sempre que possível. Se necessário, o paciente deve usar uma máscara cirúrgica. A equipe que receberá o paciente deve ser informada sobre a condição de precaução dele.

Essas precauções específicas são fundamentais para garantir a segurança dos pacientes, profissionais de saúde e visitantes, evitando a propagação de infecções no ambiente hospitalar. É essencial que todas as equipes estejam bem-informadas e sigam rigorosamente essas orientações para garantir a segurança de todos os envolvidos (HINRICHSEN; VARKULJA, 2013).

                     Figura 3 | Elementos que compõem a precaução para gotículas. Fonte: ANVISA

A seguir, apresentamos os principais temas que se destacaram na Unidade 3 deste livro. No resumo a seguir, as informações foram organizadas de maneira lógica e estruturada, seguindo o esquema fornecido como orientação. Sinta-se à vontade para adicionar sua criatividade!


BRASIL. Agência de Vigilância Sanitária. Precauções Padrão para Controle de Infeções, 2007. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/cartazes/2-precaucoes_servico_saude_alta.pdf. Acesso em: 17 jan. 2024.

HINRICHSEN, S. L. Biossegurança e controle de infecções: risco sanitário hospitalar. 3 ed., ampl. e atual. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

HINRICHSEN, S. L.; VARKULJA, G. Esterilização e desinfecção de instrumental cirúrgico e outros produtos para a saúde. In: HINRICHSEN, S. L. Biossegurança e controle de infecções: Risco sanitário hospitalar. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

SÃO PAULO. Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo. Manual de orientação para instalação e funcionamento de institutos de beleza sem responsabilidade médica. São Paulo, 2012.

SILVA, D. N et al. Centro de material e esterilização (CME) e gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde. In: PASSOS, R. et alTratado de enfermagem para concursos e residências. João Pessoa: Paraíba; Brasileiro & Passos; Rômulo Passos, 2021.

STAPENHORST, A. et alBiossegurança. Porto Alegre: SAGAH, 2018.

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