UNIDADE
3 – AULA 5
Medidas de Prevenção e Controle de
Infecção
PRÁTICA
Devido à grande exposição dos
profissionais da área da saúde ao risco biológico, é importante falarmos dos
tipos de proteção necessários para esses profissionais e os equipamentos de
proteção individual.
Dito isso, vamos utilizar uma
situação-problema para abordar esta temática:
Em um hospital, os profissionais de
saúde enfrentam um desafio significativo relacionado à disponibilidade e uso
adequado dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para lidar com
pacientes suspeitos de doenças respiratórias transmitidas por gotículas e
aerossóis. No inverno há um aumento no número de pacientes com sintomas
respiratórios, incluindo febre, tosse e dificuldade respiratória.
Os profissionais de saúde estão
preocupados com a escassez de EPIs adequados, como máscaras N95, óculos de
proteção e aventais descartáveis. Além disso, há confusão sobre o uso correto
dos EPIs, especialmente ao lidar com pacientes que apresentam sintomas atípicos
ou não relatam diretamente exposição ao vírus.
A situação é agravada pela falta de
informações claras sobre as diretrizes atualizadas de EPIs para diferentes
cenários clínicos e pelo aumento da ansiedade entre os profissionais de saúde
devido ao risco de exposição.
Diante desses desafios, a equipe de
gestão de saúde precisa desenvolver estratégias claras para distribuição,
treinamento adequado sobre o uso dos EPIs e comunicação eficaz para garantir a
segurança dos profissionais de saúde, dos pacientes e da comunidade em geral.
Diante deste cenário:
Como a equipe de gestão pode abordar
essa situação e implementar práticas eficazes para o uso dos EPIs em diversos
contextos?
Qual é a importância de identificar e
reconhecer os diversos riscos ocupacionais?
Quais são os benefícios de se ter um
Procedimento Operacional Padrão no contexto hospitalar?
Qual a importância das limitações e
restrições nos processos de esterilização?
Contaminação refere-se à presença de
microrganismos em superfícies sem invasão tecidual ou relação parasitária,
podendo ocorrer tanto em objetos inanimados quanto em humanos, por meio da
microbiota transitória das mãos. Colonização é o crescimento de microrganismos
na superfície epitelial do hospedeiro, sem expressão clínica ou imunológica,
graças à microbiota humana normal. Infecção é o dano resultante da invasão e
multiplicação microbiana no hospedeiro, envolvendo interação imunológica. A
presença de sinais e sintomas caracteriza a doença ou síndrome clínica
infecciosa.
Nos ambientes de saúde, a transmissão de
microrganismos pode ser prevenida e controlada por meio de precauções padrão
(PP) e/ou precauções específicas (PE).
Pacientes com doenças altamente
contagiosas, com potencial de transmissão de agentes infecciosos (riscos
biológicos), devem ser colocados sob medidas de precaução e isolamento. Eles
devem ser acomodados em quartos individuais ou enfermarias/leitos, seguindo
rigorosamente as normas de biossegurança. O isolamento desses pacientes deve
obedecer a medidas específicas que atuem como barreiras à disseminação do
agente causador entre as pessoas, de acordo com as categorias de transmissão
(aerossóis, gotículas, contato). Além disso, precauções padrão e empíricas
também devem ser implementadas.
Vamos as especificidades de cada
precaução:
Precauções de contato
As precauções de contato devem ser
implementadas quando há suspeita ou confirmação de infecção por bactérias
multirresistentes ou microrganismos epidemiologicamente relevantes, como
rotavírus, infecção de ferida operatória com secreção não contida por curativo,
escabiose, pediculose e outros passíveis de transmissão por contato direto.
Durante as precauções de contato, todas
as recomendações das precauções devem ser seguidas conforme indicado na Figura
1. Isso inclui:
·
Quarto
privativo: sempre que possível, o paciente deve ser alocado em um quarto
privativo. Se não for possível, pode ser colocado em um quarto com outro
paciente que tenha a mesma infecção (coorte);
·
Higienização
das mãos: é essencial realizar a higiene das mãos com um produto antisséptico
(álcool ou antisséptico degermante, como clorexidina a 2% ou povidona-iodo a
10%) antes e após procedimentos ou contatos com pacientes. Todas as equipes
devem enfatizar a importância dessa ação;
·
Luvas:
devem ser utilizadas luvas limpas e descartáveis. Elas devem ser colocadas após
a higiene das mãos ao entrar no quarto do paciente e trocadas após o contato
com material biológico ou a realização de um novo procedimento. As luvas devem
ser retiradas antes de sair do quarto;
·
Avental:
deve ser um avental limpo e preferencialmente descartável. Ele deve ser usado
ao entrar no quarto do paciente durante o atendimento e removido e descartado
adequadamente após o uso;
·
Artigos
e equipamentos: estetoscópios, esfigmomanômetros e termômetros devem ser de uso
individual sempre que possível. Se não for possível, esses itens devem ser
limpos e desinfetados entre pacientes usando álcool a 70% ou outro desinfetante
recomendado;
·
Ambiente:
a limpeza concorrente deve ser realizada rotineiramente. Deve-se prestar
atenção especial às áreas com as quais o paciente entrou em contato,
desinfetando-as com álcool a 70% ou um produto compatível sempre que
necessário;
·
Transporte
do paciente: o transporte deve ser limitado sempre que possível. Se necessário,
o profissional que transporta o paciente deve usar precauções padrão e
desinfetar as superfícies após o uso do paciente. A equipe que receberá o
paciente deve ser informada sobre a condição de precaução (HINRICHSEN.;
VARKULJA, 2018).
Figura 1 | Elementos que compõem a precaução de contato. Fonte: ANVISA
Precauções por aerossóis
As precauções por aerossóis são
indicadas quando há suspeita ou confirmação de infecção respiratória por
microrganismos transmitidos por partículas em suspensão no ar, como
herpes-vírus-zóster, vírus do sarampo e Mycobacterium tuberculosis.
Durante essas precauções, todas as recomendações das precauções devem ser
seguidas (Figura 2). Isso inclui:
·
Quarto
privativo: idealmente, o paciente deve ser colocado em um quarto privativo com
pressão negativa. Se isso não for possível, o paciente deve ser colocado em um
quarto privativo com boa ventilação e as portas devem ser mantidas fechadas. Em
caso de surto ou exposição envolvendo um grande número de pacientes, considerar
a coorte dos pacientes com a mesma infecção em áreas isoladas;
·
Proteção
respiratória: máscaras respiratórias individuais, como as PFF2 ou N95, devem
ser usadas em determinadas situações. Isso inclui pacientes com tuberculose
bacilífera, presença de lesões cutâneas de tuberculose ou realização de
procedimentos que gerem aerossóis de microrganismos viáveis;
·
Transporte
do paciente: Limitado sempre que possível. Se necessário, o paciente deve usar
uma máscara cirúrgica para conter as partículas quando são geradas. A equipe
que receberá o paciente deve ser informada sobre a condição de precaução dele
(HINRICHSEN.; VARKULJA, 2018).
Figura 2 | Elementos que compõem a
precaução para aerossóis.
Precauções
por gotículas
As precauções por gotículas são
indicadas para pacientes com infecções transmitidas por gotículas, como
parotidite, coqueluche, difteria, rubéola, meningite meningocócica e síndromes
respiratórias. Durante essas precauções, todas as recomendações das precauções
devem ser seguidas (Figura 3). Isso inclui:
·
Internação
do paciente: o paciente deve ser alocado em um quarto privativo. Se isso não
for possível, o paciente deve ser colocado em um quarto, enfermaria ou leito
com outro paciente que tenha a mesma infecção (coorte), respeitando uma
distância entre os leitos;
·
Uso
de máscara: máscara cirúrgica;
·
Transporte
do paciente: deve ser limitado sempre que possível. Se necessário, o paciente
deve usar uma máscara cirúrgica. A equipe que receberá o paciente deve ser
informada sobre a condição de precaução dele.
Essas precauções específicas são
fundamentais para garantir a segurança dos pacientes, profissionais de saúde e
visitantes, evitando a propagação de infecções no ambiente hospitalar. É
essencial que todas as equipes estejam bem-informadas e sigam rigorosamente
essas orientações para garantir a segurança de todos os envolvidos (HINRICHSEN;
VARKULJA, 2013).
Figura 3 | Elementos que compõem a precaução para gotículas. Fonte: ANVISA
A seguir, apresentamos os principais
temas que se destacaram na Unidade 3 deste livro. No resumo a seguir, as
informações foram organizadas de maneira lógica e estruturada, seguindo o
esquema fornecido como orientação. Sinta-se à vontade para adicionar sua
criatividade!
BRASIL.
Agência de Vigilância Sanitária. Precauções Padrão para Controle de
Infeções, 2007. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/cartazes/2-precaucoes_servico_saude_alta.pdf. Acesso
em: 17 jan. 2024.
HINRICHSEN,
S. L. Biossegurança e controle de infecções: risco sanitário
hospitalar. 3 ed., ampl. e atual. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
HINRICHSEN,
S. L.; VARKULJA, G. Esterilização e desinfecção de instrumental cirúrgico e
outros produtos para a saúde. In: HINRICHSEN, S. L. Biossegurança
e controle de infecções: Risco sanitário hospitalar. 2 ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2018.
SÃO
PAULO. Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo. Manual de
orientação para instalação e funcionamento de institutos de beleza sem
responsabilidade médica. São Paulo, 2012.
SILVA,
D. N et al. Centro de material e esterilização (CME) e
gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde. In: PASSOS,
R. et al. Tratado de enfermagem para concursos e
residências. João Pessoa: Paraíba; Brasileiro & Passos; Rômulo Passos,
2021.
STAPENHORST,
A. et al. Biossegurança. Porto Alegre: SAGAH, 2018.
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